Melissa Amaral

Doutora e Mestre pelo PPGEGC/UFSC. Pós-doutoranda. Pesquisadora no grupo de pesquisa CoMovI em Sustentabilidade Organizacional, ESG, Empreendedorismo e Empoderamento da Mulher.


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Liderança

Ei, você, líder! FAÇA A DIFERENÇA!

Entenda por que não é bom para o negócio ser um líder disfuncional

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Ei, você, líder! FAÇA A DIFERENÇA! | Imagem Ilustrativa | Foto: Canva
Ei, você, líder! FAÇA A DIFERENÇA! | Imagem Ilustrativa | Foto: Canva

Sempre gostei de aprender sobre liderança, é um assunto que me intriga e me faz pensar. Pois sempre achei controverso, mas depois de estudar um pouco entendi, os estilos de liderança não são fixos, são contextuais, e os estilos se complementam o tempo todo.

Quando falamos de liderança, falamos de pessoas, e para as pessoas, porque as empresas não têm resultados sozinhas, não inovam sozinhas, a IA não resolve problemas e nem constrói a reputação da empresa. Quem faz isso são as pessoas!

Por isso, a liderança é menos um cargo e mais um fenômeno, é um processo de influencia que move as pessoas para objetivos comuns, com ética, clareza e cuidado. Quando bem exercida, melhora o clima, acelera decisões e dá sentido ao trabalho. Quando mal exercida, corrói confiança, aumenta a rotatividade e adoece equipes.

Por que o líder importa e muito

Líderes moldam a cultura no dia a dia, e funcionam no COMO: como dão feedback aos colaboradores, como reagem ao erro, como reconhecem o esforço e como conectam tarefas a um propósito. Um líder consistente cria pertencimento e reduz ruído; um líder ausente ou autoritário aumenta o caos do sistema. Em linguagem simples: um bom líder muda o clima sem trocar a equipe, mudando a conversa, os acordos e o foco.

Quais tipos de liderança você ou o líder na sua empresa adota?

Não existe estilo certo de liderança (saudável) para todas as situações, e é muito difícil alguém exercer a liderança do mesmo jeito a vida toda. Contexto, maturidade do time e estratégia fazem com que os estilos se combinem e se complementem. Conheça os mais comuns, e onde funcionam melhor:

  • Transformacional: Inspira e motiva a todos, promove o crescimento conjunto. Ex.: diretora que cria uma trimestral, dá autonomia e celebra aprendizados, não só metas. Útil em mudanças e crescimento.
  • Transacional: Foco na troca: meta, medição e recompensa. Ex.: operação de logística com bônus. Funciona bem em processos repetitivos e de alta disciplina.
  • Autocrática: Decide rápido e centraliza. Ex.: gerente de planta que, diante de um acidente, determina protocolos imediatos. Adequada em crise, inadequada como padrão.
  • Laissez-faire (liberal): Alta autonomia para um time sênior. Ex.: squad de P&D define rota do experimento e só presta contas de marcos. Brilha com especialistas; patina com equipes imaturas emocionalmente.
  • Democrática (participativa): Ouve, debate e decide com o grupo. Ex.: priorização de backlog com a equipe inteira, alinhando impacto e esforço. Eleva engajamento e compromisso.
  • Técnica (operacional): Lidera pelo domínio do ofício. Ex.: editora-chefe que ensina apuração, pauta e ética jornalística no detalhe. Excelente para elevar padrão.
  • Servidor: Coloca as necessidades da equipe em primeiro plano, removendo obstáculos. Ex.: líder que protege o time de demandas ruins e garante recursos. Ganha lealdade e confiança.
  • Carismática: Move pela visão e comunicação. Ex.: CEO que traduz estratégia em histórias que conectam. Pode engajar muito, desde que venha acompanhada de execução.

Liderança é um mixer de vários estilos, não um rótulo.

O problema é quando a pessoa não sabe liderar e adota um estilo de liderança disfuncional, e isso é mais comum do que você imagina!

A versão disfuncional da liderança aparece quando o foco sai de pessoas + resultados e escorrega para controle, ego ou omissão. E piora quando o líder acha que está certo em agir assim.

Veja se você se identifica:

Microgestão e desconfiança: o líder que revisa tudo, centraliza decisões e não delega. Resultado: lentidão, medo de errar, criatividade sufocada.

Favoritismo e injustiça: reconhece sempre os mesmos, ignora contribuições do restante. Resultado: clima de competição tóxica e evasão de talentos.

Comunicação truncada: metas mudam sem aviso, feedbacks são raros ou ásperos. Resultado: ruído, retrabalho e cinismo.

Omissão (laissez-faire mal aplicado): “se virem aí”. Resultado: prioridades difusas, quedas de qualidade e desgaste silencioso.

Autoritarismo permanente: humilha em público, busca culpados, pune o erro que deveria ensinar. Resultado: medo, presenteísmo e perda de reputação.

Reconheceu alguma situação???

LEMBRE-SE: Se as pessoas se calam nas reuniões e reclamam nos corredores, algo na liderança precisa de ajuste.

Como elevar o nível da liderança na sua empresa:

  1. Mostre o propósito: conecte o o que ao por quê. Pessoas entregam mais quando entendem o impacto.
  2. Acordos de trabalho bons para todos: defina como jogamos: rituais, prazos, critérios de qualidade e canais de decisão. Não mude de opinião conforme o vento.
  3. Feedback que desenvolve: elogio específico em público; ajuste de rota em particular, com combinados verificáveis. NUNCA critique em publico ou para outros.
  4. Autonomia com responsabilidade: delegue decisões com limites claros (o que decidir, orçamento, prazo) e ritos de acompanhamento.
  5. Rotina de aprendizado: resolvam o que deu errado sem caça às bruxas, troca de práticas entre pares, tenha metas de aprendizado.
  6. Cuidado com o clima: meça regularmente (faça questionários ou surveys ou mesmo conversas individuais com frequencia) e trate sinais precoces de desgaste.
  7. Exemplo pessoal: coerência entre discurso e prática. Nada destrói mais a autoridade que faça o que eu digo, não o que eu faço.

No fim do dia, liderança é servir o time para que entregue melhor e é direcionar a energia para o que importa. A pessoa que exerce a liderança impacta nos indicadores (produtividade, qualidade, inovação) mas, sobretudo, tem impacto nas vidas das pessoas, um líder deve se preocupar com a maneira como as pessoas voltam para casa, a autoestima com que trabalham e o orgulho de pertencer.

Em um mundo volátil e complexo como o que vivemos, o líder que escuta, aprende e ajusta o estilo ao contexto faz a diferença e ajuda a construir organizações mais saudáveis, éticas e sustentáveis. E isso é bom para o negócio e para todos nós.

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