Melissa Amaral

Mestre e doutoranda pelo PPGEGC/UFSC. Pesquisadora no grupo CoMovI em Empreendedorismo, ESG, Diversidade nas Organizações e Empoderamento da Mulher.


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Dia Internacional da Mulher: as conquistas na busca pela igualdade e as tentativas de retrocesso

Não vai haver retrocesso! Vão ter que nos aceitar sendo iguais a vocês

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Foto: Pexels | Banco de Imagens
Foto: Pexels | Banco de Imagens

8 de março. Dia Internacional da Mulher. Se pensarmos em tudo o que as mulheres já conquistaram com vistas a alcançar a igualdade com os homens, de direito e de fato, podemos dizer que já percorremos um bom caminho. Estamos avançando, pouco a pouco, a passos lentos. Ainda assim, a igualdade de todos e todas ainda não é uma realidade.

Vemos todos os dias casos de pessoas que não foram promovidas só porque são mulheres, que ganham menos mesmo com a mesma qualificação, que enfrentam a dura e dupla jornada sem a menor “ajuda” de seus companheiros, e que sofrem dia após dia com o silenciamento, com a interrupção de suas falas e com diversos tipos de violência, apenas por serem mulheres.

E mesmo com o esforço de muita gente para que isso não aconteça mais, em pleno 2023, presenciamos o crescimento de um movimento misógino que propaga o ódio contra mulheres, liderado por homens e, pasmem, por algumas mulheres. Essas pessoas afirmam que mulheres fortes, que exercem a liderança nas empresas ou nos relacionamentos, dividem as tarefas da casa, as contas, a educação dos filhos, estão tornando os homens “mais femininos” e, portanto, fracos.

Red Pilss e MGTOW

Movimentos de influenciadores digitais que pregam linhas de pensamento como red pills (onde os “escolhidos” veem aquilo que ninguém mais enxerga), MGTOW (men going in their on way), homens sigma, etc., estão ganhando popularidade. Os conceitos têm várias nuances e são mais profundos, mas resumindo, esses “coachs” oferecem aos homens, guias para a masculinidade, sucesso profissional e pessoal, e para mulheres, como conquistar e segurar “seu homem”, sendo dócil e submissa para edificar o lar.

A ideia central é de que a mulher deve seguir seu companheiro, aceitar alguns comportamentos inaceitáveis nos dias atuais, e fazer com que ele se “sinta” mais homem fazendo coisas de homem (como prover sozinho a casa, consertar o telhado ou levar o lixo para fora) e não tarefas que eles atribuem às mulheres (cuidar dos filhos, lavar a louça ou limpar a casa).  Para essas pessoas, a divisão de tarefas, mulheres ganhando igual ou mais que os homens e não aceitando mais ser submissas, estariam enfraquecendo a “energia” masculina deixando esses homens fracos e frustrados. Também pregam que as ações afirmativas com a intenção de que as mulheres consigam ter as mesmas condições e oportunidades que os homens são uma forma de misoginia ao contrário, a misandria. O absurdo é tanto que alguns são contra a lei Maria da Penha, que trata das violências contra as mulheres.

E aí, esses influencers ou coachs, estão enchendo os bolsos de dinheiro vendendo cursos, livros, palestras prometendo uma vida de prosperidade e sucesso na área profissional ou pessoal as custas dos machistas que se julgam os “iluminados pela verdade”. Para eles os homens não estão conseguindo ganhar mais dinheiro ou ter um relacionamento estável e duradouro porque a mulher moderna inverteu o seu papel e hoje age como os homens.

Como acontece desde a expulsão do paraíso, a culpa mais uma vez é da mulher. A grande vilã culpada por todas as mazelas do mundo.

E eu não sei o que é pior, homens machistas que não aceitam que as mulheres estão conquistando o seu espaço e não querem mais ser submissas e tolerar esses comportamentos, ou mulheres, que concordam com eles e inclusive propagam o discurso nas redes sociais. Será que não enxergam que estão sendo manipuladas?

Não consigo entender como elas podem preferir ser dominadas pelos seus senhores (maridos, pais ou filhos) como era antes das lutas feministas. Naquela época, o dinheiro não pertencia a elas (mesmo o que era de direito delas), não podiam sair de casa sem autorização, não podiam votar nem ser eleitas, e ainda podiam ser castigadas violentamente, etc.

Gente, estamos em 2023, e vivemos em um mundo onde homens e mulheres trabalham fora para sustentar a casa, os filhos precisam da atenção do pai e da mãe na educação, as famílias já não tem mais a mesma formação de antigamente, as mulheres buscam ter a liberdade de ser o que quiserem.

Movimentos como esses são um retrocesso e alimentam o ódio contra metade da população mundial.  Basta de preconceito, discriminação e violência. E, para aqueles e aquelas que acham que tomar a pílula vermelha os faz melhores eu tenho um recadinho:  Não vai haver retrocesso! Vão ter que nos aceitar sendo iguais a vocês. Nem muito mais, nem muito menos, mas iguais.

Feliz Dia Internacional da Mulher!

Sugestão: De autoria de Melissa Amaral, o e-book “Por Elas: Você pode, nós podemos” aborda os tipos de violência, quais as formas de empoderamento e como elas podem ser eficazes no combate a violência, e as leis nacionais e estaduais que tratam da violência contra a mulher. Leia clicando neste link.

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