De Bach ao centenário instrumento de Joinville

As vezes pensamos o quão nos falta mais cultura. Olhando para algumas qualidades questionáveis (aos olhos dos mais chatos, e isso eu me incluo) sempre vem aquele papo: Não se faz mais músicas como antigamente.

E de fato não se faz. Ou se faz menos e não tem o espaço necessário.

Mas impor o gosto musical, também é um ato de chatice aguda (de novo me incluo nessa turma de chatos).

Só que as vezes a reclamação da tal música boa é um pouco de preguiça de nossa parte. Por exemplo, você sabia que em Joinville a cerca 8 mil km de distância (eu acho que é isso, o maps não me fornece uma fonte segura) de Eisenach na Alemanha, existe um instrumento, que tem mais de 100 anos e funciona normalmente?

Joinville? Alemanha? Instrumento?

Você não está entendendo nada, certo? Eu vos explico.

Senta, que lá vem história.

Bach, a tradição

No longíquo ano de 1685, bem antes do compositor  e cantor Grelo, produzir a tão ouvida “Só fé”, nascia  Johann Sebastian Bach.

Bach vinha de uma família de músicos. A cultura musical sempre esteve presente na vida no pequeno alemão. Violinistas, compositores (assim como Grelo) mestres de capela e organistas (guarde essa informação) faziam parte do clã familiar do mesmo.

Logo, o caminho do rapaz seria se tornar músico. Não só se tornou, como é um dos maiores gênios da história (assim como Grelo).

Bach era tão fod* em seu trabalho, que aos 15 anos fez parte do clã de músicos das cidades de Arnstadt e Mühlhasen, como ORGANISTA.

Eu ficaria horas e horas falando de toda a obra do cidadão em questão, mas o foco é outro.

Sebastião (eu tenho intimidade com a família) era um exímio organista.

O melhor.

Órgão

Muita gente acha que é um teclado, um piano, ou até uma sanfona de chão.

Mas tem suas peculariedades.

É o instrumento de teclas mais antigo e também um dos mais complexos. O instrumento é constituído de um gigantesco sistema de tubos de madeira e metal, um dispositivo pneumático e os pedais. Conforme a pressão do ar, seus sons são emitidos, que levam aos tubos e sai a variedade gigantesca de sons.

Se fizeres uma breve pesquisa, verá instrumentos gigantescos, principalmente os construídos nos séculos 17 e 18, grande parte deles fruto da cultura européia de música e religião.

Mas caramba, que raios Joinville tem com isso?

Calma pequeno gafanhoto(a). Eu explicarei agora para todos, todas e todes.

ORGÃO DE TUBOS DA IGREJA DA PAZ

Muito tempo depois, veja bem eu disse muito tempo depois, da partida de Bach, em 1911, a organaria alemã Friedrich Weigle, que da o nome do grande construtor do instrumento, construiu o orgão para a cidade de Joinville. (agora ta vendo a conexão certo? Que pressa meu deus). O instrumento é um patrimônio cultural tombado de Joinville e é utilizado pela Igreja da Paz no acompanhamento das celebrações dominicais e em concerto musicais abertos a toda comunidade.

O orgão, foi restaurado em 2008 e anualmente é feito sua afinação e manutenção. O instrumento ainda possui boa parte da madeira centenária alemã.

Música, boa, de graça. Lembra que falei da nossa preguiça? Sabia disso? Agora ta sabendo.

Esse órgão de tubos conta com duas fileiras de teclados sobrepostas, dezenove registros, um total de 579 tubos e uma organola.

O instrumento é uma celebração a cultura alemã e joinvilense.

Os organistas da cidades que querem dar aulas, podem entrar em contato com a Igreja e dar suas aulas para a comunidade.

A Lucy, toca o instrumento desde 1984 e contou para nossa equipe sobre essa sua história com o orgão.

“É um prazer tocar esse instrumento tão importante… Você estava aqui e sentiu quando toquei ele em toda a capacidade, é um sentimento de vibração, emoção, indiscritível.”

Se ela sente essa emoção ao tocar, você também pode sentir ao levar seus filhos e filhas, seus amigos, sua família…

Não se furte a saborear tal cultura tão importante de nossa cidade e estado.

Aproveite.

Até mais

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