Nunca foi tão fácil escolher: o Brasil de Lula ou o de Bolsonaro
Do ponto de vista econômico, Lula e Bolsonaro oferecem aos eleitores agendas econômicas completamente distintas
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No próximo domingo, os eleitores brasileiros terão a missão de decidir o destino econômico, político e social do país. Arrisco dizer que os resultados da próxima eleição não moldarão o país pelos próximos quatro anos, mas pelas próximas décadas. Afinal de contas, os únicos candidatos com capacidade de vencer as eleições, Lula e Bolsonaro, tem projetos políticos antagônicos. Do ponto de vista econômico, Lula e Bolsonaro prometem plataformas econômicas completamente distintas. Assim sendo, torna-se muito mais fácil a escolha de um candidato. As diferenças entre eles são autoevidentes.
De um lado, Bolsonaro promete a continuidade de uma agenda econômica reformista, de viés liberal. Seu Ministro da Economia, Paulo Guedes, continuará no cargo e dará prosseguimentos as propostas que não conseguiu executar durante os quatro anos de governo. Guedes promete continuar com a redução de impostos sobre o consumo e promover a reindustrialização do país através da extinção do IPI. Paulo Guedes também planeja prosseguir com uma reforma tributária que simplifique a cobrança de impostos e desonere as empresas. No entanto, deve haver a instituição do imposto sobre lucros e dividendos superiores a R$ 500 mil mensais.
Ademais, em um eventual segundo mandato, o Governo Bolsonaro deve prosseguir com o processo de privatização de empresas estatais como os Correios e, quiçá, a Petrobrás. Ativos imobiliários também devem ser vendidos e o processo de digitalização do governo deve se intensificar para reduzir o tamanho do funcionalismo público no país. O Ministro da Economia também promete avançar com a abertura econômica do Brasil, através da redução de alíquotas de importação, realização de novos acordos comerciais e a conclusão do acordo de adesão do Brasil à OCDE. Ou seja, Guedes e Bolsonaro oferecem ao eleitor um país com menos impostos, menos burocracia, menor intervenção estatal e maior liberdade econômica.
Nos últimos meses, o Brasil vem atestando que a atual política econômica do país vem colhendo frutos positivos. Esse ano a economia brasileira vem alcançando conquistas inéditas. Em 2022, o país tem uma inflação acumulada menor do que os EUA e a Alemanha e um crescimento maior do que o da China. O Real é uma das poucas moedas que se valorizou em relação ao dólar. Pela primeira vez na história o Banco Central interrompe a sequência de altas de juros antes do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos). Além disso, o Brasil terá pela primeira vez em 9 anos um superávit primário, enquanto grande parte dos países vêm seus déficits nas contas públicas aumentarem.
Política econômica de Lula
Do outro lado, Lula promete a volta da política econômica implementadas em sua gestão e da ex-presidente Dilma Rousseff. O projeto econômico petista entende que o Estado deve ser o protagonista na gestão econômica do país. Em seu plano de governo, Lula promete “revogar o teto de gastos e rever o atual regime fiscal do Brasil”. Ou seja, Lula quer revogar as leis que impediram o país de mergulhar em uma depressão econômica que sua parceira Dilma Rousseff estava colocando o país. Lula também promete voltar a interferir em diversos setores da economia.
O petista deseja controlar a política de preços da Petrobras – a mesma empresa que foi alvo de inúmeros escândalos de corrupção e má gestão nos governos Lula e Dilma. A Petrobras não será a única empresa estatal alvo dos petistas. Em seu plano de governo está previsto “recompor o papel indutor e coordenador do Estado e das empresas estatais.”
Também estão previstos o retorno da política dos “campeões nacionais”, com a oferta de subsídios para grandes empresas, e a reversão da corrente política de privatizações, com o aumento do investimento público e o fim do processo de privatizações. Lula também promete reverter o processo de privatização da Eletrobras. Para completar, os petistas desejam aumentar impostos. Em última instância, Lula promete mais impostos, maior interferência do Estado na economia e aumento dos gastos públicos.
A gestão econômica petista, entre 2002 e 2016, não conseguiu deixar um legado de crescimento sustentável. Pelo contrário, o PT deixou uma conta gigantesca para as gerações futuras. Dilma deixou o país – vale lembrar, sem pandemia – com uma inflação de quase 11% ao ano, 14 milhões de desempregados, trajetória insustentável da dívida pública e a pior recessão da história do país, equivalentes a duas pandemias.
Muitos eleitores têm uma memória positiva acerca dos anos iniciais da gestão petista. Foi um período de crescimento econômico relativamente elevado. No entanto, o crescimento não foi fruto da política econômica do PT. Tivemos um período de elevado crescimento econômico internacional e elevado preço das commodities que beneficiou bastante o Brasil. Mesmo assim, o país teve um desempenho econômico insatisfatório. O Brasil cresceu menos do que a média mundial nesse período e ao invés de aproveitar a conjuntura internacional favorável a adoção de reformas econômicas, o PT avançou com uma política de aumento demasiado do gasto público.
Nunca foi tão fácil escolher. Caberá aos eleitores brasileiros definir qual o modelo econômico que eles acreditam para o país. Bolsonaro e Guedes oferecem aos eleitores a continuidade da política econômica atual, que visa entregar ao setor privado as rédeas da economia brasileira. Em síntese, Bolsonaro propõem uma agenda econômica de menos impostos, controle do gasto público, abertura econômica, desburocratizações e privatizações. Já Lula almeja alçar o Estado como promotor do desenvolvimento. Não teremos mais tetos de gastos e entregaremos aos ministros de Lula as decisões econômicas mais importantes. O setor privado não será o protagonista. Felizmente, essa eleição nos permite comparar quais modelos econômicos tiveram mais êxito em suas respectivas administrações. No fim, o povo brasileiro terá a missão de escolher qual modelo econômico de país eles almejam pelas próximas décadas.
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