João Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago e mestre em finanças pela University of Miami.


João Victor da Silva Compartilhar
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Crise portuária de Santa Catarina: um alerta para a competitividade do estado

Fragilidade de infraestrutura de Santa Catarina ameaça o potencial de crescimento do estado

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Imagem: Divulgação
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Santa Catarina possui um grande déficit de infraestrutura. Embora o estado tenha mantido um crescimento econômico constante e acima da média nacional nas últimas décadas, com as taxas de desemprego mais baixas do país (3,8% contra a média nacional de 7,9%) e um forte aumento populacional (21,8% entre 2010 e 2022; segundo maior do país), a infraestrutura não acompanhou esse ritmo. O maior desafio é atualmente a crise portuária que ameaça a competitividade do estado.

Santa Catarina é privilegiada por uma costa recortada, permitindo a formação de diversos portos naturais, o que fez com que o estado se tornasse o maior do país em número de terminais portuários (5 no total). No entanto, os problemas que vêm assolando esses terminais são motivo de grande preocupação.

O caso mais grave é o do Porto de Itajaí, que está com suas operações essencialmente paralisadas desde 2022. A interrupção foi consequência do término da concessão com a APM Terminals em dezembro de 2022, seguida por atrasos na relicitação do porto, deixando-o sem operador até maio deste ano. Como resultado, a economia de Itajaí, a maior do estado em 2021, sofreu grandes perdas devido à inércia das autoridades em resolver o impasse. Um porto que figurava entre os dez mais movimentados do Brasil em 2021, agora enfrenta uma drástica redução em suas atividades, prejudicando operadores logísticos, importadores e exportadores. Segundo a FIESC, as três maiores empresas de proteína do país (JBS, BRF e Aurora) amargam perdas mensais superiores a R$ 2 milhões apenas com a realocação de carga para outros portos.

No terminal Portonave, situado na margem norte do rio Itajaí-Açu e segundo mais movimentado do Brasil, os desafios também são grandes. As obras de ampliação do terminal têm causado atrasos e congestionamentos, forçando muitos navios a buscar alternativas em outros portos, inclusive fora do estado, o que gera custos adicionais e atrasos para as operações comerciais.

Os portos de Itapoá e São Francisco do Sul, localizados na Baía da Babitonga, e os de Itajaí e Navegantes, no Rio Itajaí-Açu, enfrentam sérias dificuldades quanto à adequação do calado para receber navios de grande porte. As obras de dragagem, essenciais para a operação eficiente desses portos, estão atrasadas, comprometendo ainda mais a capacidade operacional, especialmente em condições climáticas adversas.

Além dos desafios portuários, o comércio exterior catarinense enfrenta outro obstáculo: a operação-padrão do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), em vigor desde o início do ano. Esta medida tem provocado atrasos na liberação de cargas, gerando custos elevados de armazenagem, aluguel de contêineres e tarifas de frete.

Esses problemas colocam em risco a competitividade de Santa Catarina, que sempre se destacou por seu ambiente de negócios favorável e uma infraestrutura considerada boa para os padrões brasileiros, especialmente no litoral. O “Custo Brasil”, conhecido por minar a competitividade das empresas brasileiras, sempre encontrou em Santa Catarina um “desconto”, o que impulsionou a economia local nos últimos anos. No entanto, se não forem tomadas ações rápidas e decisivas por parte das entidades empresariais e das autoridades públicas, a crise portuária poderá fazer com que Santa Catarina perca essa vantagem competitiva, afastando investimentos vitais para o estado.

Para o estado continuar a crescer e a prosperar, é imperativo que se invista de forma significativa e urgente na melhoria de sua infraestrutura logística. As empresas precisam de agilidade e eficiência logística para melhorar seus resultados. Caso Santa Catariana não ofereça essas vantagens, novos empreendimentos e muitas empresas que já operam no estado escolherão outras regiões do país para operar. Chegou o momento de Santa Catarina, que tanto contribui em impostos e pouco recebe em retorno de Brasília, reivindicar o investimento que merece para sustentar seu desenvolvimento.

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