Bolsonaro segue sendo o líder da direita brasileira
Em evento em Miami, ex-presidente reforça sua agenda conservadora, defendeu legado de seu governo e trouxe mensagens de esperança aos seus apoiadores.
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Na última sexta-feira (3), tive a oportunidade de cobrir o evento “Power of the People” para o Portal SCC10, no qual Bolsonaro discursou e respondeu perguntas de Charlie Kirk, do grupo conservador americano Turning Point USA. Dessa maneira, o meu artigo de hoje não será restrito à análise da conjuntura política e econômica brasileira. Também apresentarei minhas observações do primeiro evento público no qual o ex-mandatário brasileiro participou desde o segundo turno da eleição de 2022.
O discurso de Bolsonaro, em si, não trouxe muitas novidades. O ex-presidente brasileiro nada comentou sobre as recentes declarações do Senador Marcos do Val. Bolsonaro reforçou os lemas de sua campanha, como a defesa da liberdade política, a importância da economia de mercado, o renascimento do patriotismo e sua posição contrária ao aborto. Ademais, Bolsonaro defendeu as ações de seu governo, especialmente nos âmbitos, econômico, de saúde pública e governança. O ex-presidente também aproveitou o evento para fazer críticas pontuais ao governo Lula e críticas tímidas ao ativismo judicial.
Se a fala de Bolsonaro não trouxe muitas novidades, a participação dos seus apoiadores no evento reforça a percepção de que Bolsonaro continua sendo a maior força política de direita no país. Em diversos momentos, o ex-presidente foi aclamado pelo público e precisou ser escoltado pelos policiais para conseguir deixar o auditório, em meio à multidão que o rodeava.
A gratidão e admiração que muitos brasileiros sentem pelo presidente, consolida a posição de Bolsonaro como líder da oposição. A maioria dos seus aliados eleitos em 2022 não tem força política própria. No Brasil, onde a emoção é o fator determinante para compreender o voto dos eleitores, uma oposição sem Bolsonaro se enfraquece, pois muitos só conseguem enxergar meios de ação política através de lideranças carismáticas.
Bolsonaro indicou que continuará na política e trouxe uma mensagem de esperança aos seus eleitores: “o Brasil não se acaba como o atual governo”. Contudo, seu discurso e planos políticos claramente não estão definidos. Bolsonaro não demonstrou, em momento algum, como deve ser feita uma oposição ao PT.
É importante considerar que o futuro político do ex-presidente ainda é bastante incerto, uma vez que a sua carreira política não está apenas nas mãos dele. Existem diversos processos no judiciário que podem torná-lo inelegível. Ademais, o próprio Bolsonaro pode entender que o stress da vida pública seja um custo maior do que os benefícios de estar no poder.
Nos próximos capítulos, desta novela que é a política brasileira, descobriremos qual será o efeito da Flórida na carreira de Bolsonaro. Será que a Flórida tornar-se-á o local de aposentadoria do presidente? Ou será que a Flórida representará para Bolsonaro o que São Borja representou para Getúlio Vargas, um local de exílio voluntário, onde, longe da política agitada da capital, o ex-presidente construirá os caminhos para o seu retorno — ou de alguém de seu grupo político — à Presidência da República? Como diria Pedro Malan, no Brasil, até o passado é incerto. Portanto, fazer previsões sobre o futuro da política brasileira é uma missão difícil até mesmo para o Oráculo de Delfos.
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