As Lições do Brasil para os Países Desenvolvidos
A economia brasileira está sofrendo menos do que as economias dos países desenvolvidos porque o Brasil não sucumbiu ao populismo
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Quando você imaginou que o Brasil experimentaria taxas de inflação menores do que os Estados Unidos e a Alemanha, apreciação do câmbio durante o período de crescimento mais agressivo das taxas de juros nos Estados Unidos em décadas, crescimento do PIB maior do que a China e uma volatilidade menor de sua bolsa de valores em relação à bolsa americana no decorrer da corrida eleitoral mais disputada da história? Nem mesmo os analistas econômicos mais otimistas previram um cenário econômico tão favorável ao Brasil, haja vista a complexa conjuntura econômica e política global. Eu mesmo, no início deste ano, escrevi nesta coluna que o Brasil enfrentaria grandes desafios para conseguir vencer tantas adversidades. No entanto, sempre ponderei que o Brasil poderia crescer caso o governo aplicasse as políticas econômicas corretas. Felizmente, é justamente isso que o governo brasileiro tem feito.
O crescimento econômico nunca pode ser artificializado para ser sustentável. Em outras palavras, sempre que o país cresce por políticas populistas como endividamento excessivo, forte expansão de crédito e uma política monetária frouxa, a economia acaba cobrando seu preço, mais cedo ou mais tarde. Geralmente, a conta é cobrada através da inflação ou de uma recessão econômica fruto de uma desalavancagem financeira (redução do endividamento) da economia. Assim sendo, um país precisa crescer de forma sustentável. O economista Robert Solow, laureado com o prêmio Nobel de economia em 1987, explica como o crescimento econômico pode ser conquistado de forma sustentável. O modelo de crescimento econômico de Solow demonstra que uma economia cresce sustentavelmente por investimentos que fomentem o desenvolvimento tecnológico, melhorem os métodos de produção e possibilitem a acumulação de capital, seja ele financeiro, humano (habilidades e experiência da população) ou físico (equipamentos, máquinas e outras infraestruturas).
Em 2022, o sucesso brasileiro e o fracasso de grandes economias podem ser explicados pela escolha dos caminhos apontados anteriormente. O Brasil fez o seu dever de casa ao aplicar uma política econômica ortodoxa. O Banco Central do Brasil, por exemplo, acertou ao iniciar o ciclo de aumento das taxas de juros antes de qualquer grande economia. Aliás, os juros começaram a subir no Brasil um ano antes dos Estados Unidos, assim fortalecendo o câmbio e controlando a inflação.
O Governo Federal e o Congresso Nacional também tiveram seus méritos. A aprovação de novos marcos legais e reformas econômicas estruturais, além da implementação de um compreensivo plano de concessões e privatizações, fizeram com que o Brasil conquistasse a confiança de investidores na nossa economia. Este aumento de investimentos privados no país associado a maior confiança dos consumidores fez com que a economia crescesse e, consequentemente, a arrecadação tributária também cresceu. Isto possibilitou que o governo pudesse cortar impostos sem comprometer a política fiscal do país. Afinal de contas, o setor público brasileiro, assim como em 2021, deve apresentar novo superávit primário das contas públicas.
Diferentemente, os países desenvolvidos, recorreram a políticas econômicas populistas. Evidentemente, muitas políticas de aumento do gasto público e afrouxamento da política monetária, foram necessárias durante a pandemia para evitar uma depressão econômica. Contudo, logo após a reabertura econômica, os governos deveriam ter revertido suas políticas expansionistas. Porém, isto não foi feito. Muitos continuaram apostando em políticas fracassadas.
Os Estados Unidos, por exemplo, aprovaram pacotes de estímulo econômico trilionários mesmo após o país ter superado o período mais dramático da pandemia. O resultado deste tipo de medida foi o maior nível de inflação do país em quatro décadas. No Reino Unido, o breve governo de Liz Truss, fez com que o mercado financeiro inglês se assemelhasse ao de uma republiqueta subdesenvolvida. O país experimentou uma grande crise de desconfiança ao apostar em uma política econômica sem credibilidade. Sua proposta de corte de impostos, associado a um aumento do gasto público, fez a libra desabar, os juros dos títulos públicos do país dispararem e os mercados de capitais tombarem.
Apesar dos claros exemplos de fracasso deste tipo de política econômica, muitos líderes mundiais continuam defendendo o populismo. A jovem primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, publicou em sua conta no Twitter, um artigo de acadêmicos de seu país, que criticavam a política de aumento das taxas de juros para controlar a inflação, visto que este tipo de medida leva as economias a entrarem em recessão. No entanto, ela não conseguiu explicar como os países poderiam controlar as taxas de inflação, sem aumento dos juros e sem controle da política fiscal. Tal proposta é típica dos líderes que preferem ludibriar a população ao invés de elucidar a realidade: o modelo socialdemocrata europeu, de Estado grande e financiador do bem-estar social, é insustentável.
O mundo está dando voltas. O Brasil, que durante décadas foi exemplo de país populista, tendo experimentado hiperinflações, crises da dívida, e grandes recessões econômicas, agora está ensinando como os governos devem aplicar políticas críveis e exitosas. Já os países desenvolvidos parecem ter desaprendido. Os líderes mundiais estão precisando de uma coisa que Bolsonaro possui: um Posto Ipiranga com gasolina de alta octanagem!
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