Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Gustavo Maresch

Vinhos e suas rolhas: o veredito final

Mas afinal, qual é a melhor rolha para vinho ? Como escolher ? Confira o veredito final desse assunto tão polêmico.

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Rolhas. Fonte: Freepik
Rolhas. Fonte: Freepik

O estimado leitor deve ter-se surpreendido em como algo tão simples quanto uma rolha de vinho pode gerar assunto. Pois bem, hoje falaremos sobre os vedantes que não são feitos de cortiça, tentando responder à pergunta inicial, de duas conversas atrás: qual a melhor rolha para o vinho?

Além de todas as questões abordadas nos outros artigos, as rolhas sintéticas foram muito fomentadas em função de recorrentes problemas com as rolhas de cortiça: vazamentos e formação do chamado “gosto de rolha”, que é o aroma defeituoso causado por rolhas de cortiça tratadas com cloro, utilizado por determinados fungos na formação de compostos com aroma de mofo.

Rolhas de plástico maciço

O primeiro vedante de material sintético mais amplamente encontrado foi a rolha de elastômeros termoplásticos. Em outras palavras, são, de fato, rolhas de plástico maciço. Elas possuem um aspecto duro, como se fossem um brinquedo, com as extremidades arredondadas e com o mesmo acabamento em todo o material, sendo geralmente coloridas.

Embora tenham sido melhoradas, a própria característica de dureza e pouca elasticidade as fazem vedantes com menor capacidade de barrar o oxigênio. A dureza delas é tão notável que, após extraída, entram de volta à garrafa com muita dificuldade, sendo que algumas inclusive possuem uma das extremidades com menor diâmetro, evitando o inconveniente.

Aqui convém dizer, ao contrário do que se costuma afirmar, que não é a micro-oxigenação provocada pelas rolhas que faz o vinho evoluir, mas sim a redução. As reais e significativas reações de evolução físico-química dos vinhos ocorrem na ausência de oxigênio.

Rolhas sintéticas

Rolha sintética. Fonte: acervo pessoal do autor – Jucélio Medeiros

Durou pouco até aparecerem outras rolhas sintéticas com notória capacidade vedante, inclusive muito parecidas visualmente a rolhas maciças de cortiça, embora possam ser coloridas. Elas são feitas por coextrusão de espumas sintéticas, envolvidas em uma camada externa plástica. Essas rolhas permitem maior flexibilidade e poder de vedação, apresentando bons resultados, embora sejam desenhadas especialmente para vinhos de pouco potencial de guarda.

Rolhas eco-friendly

De forma parecida às anteriores, começam a aparecer mais alternativas “eco-friendly”, com polímeros de vegetais como cana-de-açúcar, e mesmo com bagaço de uva. Essas rolhas apresentam boa capacidade de vedação e estão cada vez mais presentes em vinhos de gama média a alta pelo mundo, embora pouco difundidas no Brasil.

Rolha eco-friendly. Fonte: acervo pessoal do autor – Jucélio Medeiros

Rolhas de vidro

Muitas vezes, fala-se das “rolhas de vidro”. Não é necessário pensar muito para entender que vidro com vidro dificilmente traria vedação, além das possibilidades de trincas. Na realidade, o poder de vedação delas deve-se a um anel de EVA. São rolhas práticas por não necessitarem de saca-rolhas, e costumam ser vistas como elegantes. Alguns estudos evidenciam que, a longo prazo, podem ser muito permeáveis ao oxigênio, mas não comprometem seriamente a qualidade de vinhos dentro de 5 anos. Há também rolhas de resinas plásticas no mesmo estilo.

Rolha de vidro. Fonte: acervo pessoal do autor – Jucélio Medeiros

Tampa rosca

No entanto, o mais controverso dos fechamentos é a tal “tampa rosca”. Pois bem, não se trata de uma simples tampa qualquer, embora se conhecida por “screwcap”, o mesmo que a expressão anterior. O que a diferencia, porém, não é uma simples questão de palavras, mas a tecnologia de fechamento.

Tampa rosca. Fonte: acervo pessoal do autor – Jucélio Medeiros

São tampas de alumínio com “selo” de vedação em diversos materiais sintéticos e algum revestimento adequado para contato com o vinho. O que assegura a capacidade de vedação é a densidade desse material vedante. Possuem baixo custo e, ao contrário do que se diz, são excelentes fechamentos tanto para vinhos de consumo imediato quanto para vinhos de guarda, algo comum em países como Austrália e Nova Zelândia.

Mas com tantas opções, como escolher a melhor?

A primeira questão é considerar que não apenas as rolhas maciças de cortiça são aptas para vinhos de longo envelhecimento. Há várias opções sintéticas com boa aptidão, e já está mais do que comprovado que as screwcap podem servir a grandes e longevos vinhos, muito pela excelente barreira ao oxigênio, contrariando, mais uma vez, a costumeira teoria de evolução do vinho por micro-oxigenação.

Ainda assim, outra questão é que a suma maioria dos vinhos que estão no mercado são para consumo em período curto, inferior a cinco anos. E neste caso, nem importaria muito a rolha escolhida, exceto pelo fato de que aquele seu vinho do dia-a-dia, provavelmente abaixo dos R$ 20,00, poderia sair um pouco mais caro por usar um requinte que pouco o faria melhor em termos de gosto.

E tamanho da rolha, afinal, faz diferença? Essa pergunta já foi parcialmente respondida, mas vale umas linhas mais em um próximo artigo.

Já é tempo, caro leitor, de importar-se mais com o conteúdo do que com o fechamento de uma garrafa de vinho.

Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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