Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Gustavo Maresch

Seria o vinho o novo combustível?

Os sucessivos aumentos do combustível têm tirado o sossego das famílias brasileiras. O vinho seria um bom substituto ao combustível ?

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Fonte: Pixabay
Fonte: Pixabay

Os sucessivos aumentos dos combustíveis têm tirado o sossego das famílias brasileiras, sendo prováveis responsáveis pela diminuição do consumo de algumas garrafas de vinho mensais. Estaria na hora de trocarmos o destino do vinho, de alimento a carburante?

Bom, qualquer cálculo básico daria conta de mostrar que não, que nenhum vinho, por pior e mais barato, seria um bom substituto aos combustíveis fósseis. Os motivos são vários, mas vamos a alguns pontos rápidos para explicar.

O alto custo da produção de uvas

O primeiro deles parece ser o alto custo da produção de uvas. A uva é bastante sensível a podridões causadas pela combinação de umidade e alta temperatura. Além disso, é um alvo fácil para insetos e pássaros, animais de difícil controle.

O baixo rendimento em álcool

O pouco aproveitamento da terra em face de rendimento em álcool também é um bom motivo para que os vinhos continuem a ser servidos em taças, e não em bombas de abastecimento. Enquanto a cana rende cerca de 70 toneladas por hectare, as uvas mais produtivas não passam muito de 30 toneladas.

O rendimento em álcool também é baixo: enquanto uma tonelada de cana rende cerca de 80 a 90 litros de álcool, uma tonelada de uva renderia, a duras penas, algo como 80 litros de álcool, isso contando que a uva estivesse muito madura, uma realidade pouco provável em um cenário de alta produção.

O valor agregado da elaboração de vinhos

Especificamente se fosse feito combustível a partir de vinhos já elaborados para consumo como bebida, o cálculo pioraria muito, pois envolveria custos de refrigeração, eletricidade e insumos enológicos, além de equipamentos específicos, o que até tornaria o atual preço dos combustíveis um tanto “light”.

Afinal, onde queremos chegar?

Se é totalmente irreal o uso de vinhos para fabricação de combustíveis, por que tantas linhas investidas nesta teoria absurda? Primeiro como forma de tentar trazer alguma graça e leveza ao já combalido consumidor brasileiro, o que inclui nossos leitores e este que vos escreve também. Segundo, bom… porque vinhos já viraram combustíveis!

É claro que isso não é regra nem trivial, mas o excesso de estoques causados pela baixa da demanda em alguns países europeus já causou cenas que perturbariam qualquer amante de vinhos. Além de arrancar vinhedos, vinhos com qualidade sensorial já prejudicada pelo tempo e com pouco valor como bebida acabaram sendo destilados para uso como combustíveis em algumas situações. Somente na França, em 2005, cerca de 100 milhões de litros de vinho teriam sido destinados a este fim.

A boa notícia para o consumidor brasileiro é que dificilmente isso será realidade no Brasil. A má, acredito que todo mundo já saiba, é o preço exorbitante do combustível nacional, sem esquecer de que o preço do vinho não anda dos mais amigáveis.

Se bem não cabe um brinde ao aumento do custo de vida, que ofereçamos uma taça à nossa saúde física e mental e um regozijo às agruras da vida. Beber vinho talvez não mude a vida, mas a faça mais gentil e tolerável.

Santé!

por Jucelio K. Medeiros


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