Frio, um convite ao vinho!

Não é nada novo o fato de que, para a maior parte das pessoas, períodos frios incentivam o consumo de vinhos. Embora isso possa trazer uma ideia equivocada de que vinho e calor não são bons parceiros, traz também uma indicação que nunca falha e traz conforto nas baixas temperaturas. Então, sirva-se do seu vinho preferido e vamos falar mais sobre vinho e frio!

Lareira, frio, vinho e queijo.

Se alguém for perguntado do que imagina quando o assunto é consumo de vinhos, há uma enorme chance que a resposta seja lareira, frio, vinho tinto e queijos. Muitos dos leitores talvez tenham confirmado o que acabou ler, e mesmo os que não tenham essa imagem na cabeça provavelmente gostem de bebericar umas tacinhas de vinho no frio.

Mas o que faz com que o vinho seja tão agradável no inverno?

A primeira grande questão é que, mesmo que não fizesse o menor sentido do ponto de vista científico, nossas memórias afetivas e a lembrança de conforto que experiências passadas possam trazer seriam suficientes para que fossemos condicionados a uma sensação de bem-estar.

Então, vinho ser agradável no inverno não passa de invenção?

Na verdade, não. Se bem que o sujeito que não gosta de vinhos não concordará com a sensação de bem estar, vários são os fatores que contribuem para que a experiência seja um sucesso.

Muitas pessoas gostam da sensação de calor que o vinho provoca. Como vasodilatador, o álcool aumenta a circulação sanguínea, além de acelerar o metabolismo, trazendo maior sensação térmica. Além disso, algumas pessoas alérgicas têm reações imediatas de calor, o que costuma resultar nas bochechas vermelhas, confundindo com os sintomas de consumo exagerado de álcool. Não há nada de errado nisso, pois produtos fermentados costumam apresentar alguns compostos com potencial alergênico.

Outro ponto é o fato de que vinhos tintos encorpados são um pouco indigestos no verão. Nossa disposição para alimentos mais pesados e menos cítricos é bastante diminuída no verão. A isso, se junta o fato de que o álcool e os taninos ficam mais aparentes e agressivos em temperatura mais alta. E embora existam meios de manter as temperaturas adequadas, na realidade da maior parte do consumidor doméstico, o que vai acontecer é que o vinho se aquecerá demasiadamente.

Queijos, vinhos e frio.

Um fato interessante é que o frio costuma ser um convite aos chamados “queijos e vinhos”, normalmente compartilhados entre vários convidados. Mas o ponto que chama atenção, nesse caso, é que no Brasil, normalmente utilizam-se mais queijos leves e melhor companheiros de vinhos brancos do que de vinhos tintos. São assim os queijos prato, mussarela, gouda, reino, emmental, brie, camembert, dentre outros.

Mas está errado consumi-los com vinho tinto? Não, mas provavelmente, não será obtido o melhor da experiência na interação entre os dois produtos. Vale ainda destacar que para os que não gostam de vinhos muito encorpados, essa mistura pode trazer diminuição da sensação de tanino dos vinhos. Isso acontece porque os taninos do vinho ligam-se às proteínas do queijo em vez de ligarem-se às da saliva, evitando a sensação de boca ressecada e diminuindo a sensação de aspereza e corpo do vinho. Mesmo não sendo uma harmonização tecnicamente preconizada, traz prazer, o objetivo principal.

Porém, de fato, parece ser a memória afetiva que torna o vinho tão bom no inverno. Evocando aquela cena da lareira e da tábua de queijos que conversamos no início. E realmente é inegável o quão bom é a ingestão moderada de vinho, melhorada com o consumo de queijos e com aquecimento, preferencialmente da lareira.

Gostando ou não do frio, aproveite as temperaturas mais baixas, dê-se um justo conforto e aprecie o vinho preferido, com ou sem acompanhamentos e lareira. Aprecie a vida!

Santé!

por Jucelio K. Medeiros

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