Fatos históricos do vinho no Rio Grande do Sul
Confira um breve relato dos fatos históricos do surgimento da vitivinicultura no estado do Rio Grande do Sul
• Atualizado
Na semana em que se comemora a Revolução Farroupilha, apesar de quaisquer críticas que possam existir, comemora-se, em essência, o estado de nosso vizinhos, o Rio Grande Sul. Oferecemos um brinde com vinhos gaúchos nessa semana, com uma breve história dos primórdios da vitivinicultura no estado.
No começo era a Serra Gaúcha?
Toda vez que falamos em vinho no Brasil, uma imagem é certa: a dos parreirais na Serra Gaúcha. É de lá que, provavelmente, veio o primeiro vinho gaúcho que cada um de nós teve contato. No entanto, a história do vinho no Rio Grande do Sul é bastante mais antiga, embora não tão bem sucedida.
As Missões Jesuíticas
Os dados históricos parecem apontar a região das Missões como a primeira a ter experiências de cultivo de uvas para vinho em solo gaúcho. Alguns estudiosos apontam o Padre Roque Gonzáles como primeiro viticultor do estado, ainda na primeira metade do século XVII. O posterior fracasso das missões, porém, dizimou qualquer vinhedo que possa ter prosperado.
Os açorianos
A influência açoriana no estado vizinho nota-se até mesmo em detalhes arquitetônicos da capital gaúcha. Também a vitivinicultura foi por eles explorada entre o fim do século XVIII e o início do século XIX. Há relatos de vinhedos implantados desde o litoral sul até a capital gaúcha, seguindo o caminho da controversa Lagoa dos Patos.
Na década de 1830, foi a vez de um comerciante inglês, Thomas Messiter, implantar vinhedos de variedades americanas na Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande. Com algum vulto à época, a atividade hoje se resume a pequenas produções com valor cultural, sendo patrimônio imaterial do município. Apesar disso, foram dali que partiram as primeiras videiras plantadas com sucesso na Serra Gaúcha, da variedade Isabel.
A primeira vinícola gaucha e brasileira
Como registro oficial, tem-se a J. Marimon & Filhos, em 1888, como primeira vinícola legalmente estabelecida no Brasil, em Candiota, na Campanha Gaúcha. Ou seja, quando chegavam os imigrantes italianos, esta família de imigrantes espanhóis já produzia vinhos com alguma desenvoltura, chegando a ser reconhecida em premiações.
A família Marimon acabou por não continuar a elaboração de vinhos e talvez poderia ter tido outra sorte se o houvesse feito. Curiosamente, alguns descendentes habitam a região metropolitana de Florianópolis, e àqueles que tiverem alguma sorte, podem desfrutar de bons momentos com eles, regados a um bom vinho.
Enfim, la Terra Nostra!
Os imigrantes italianos, como bem sabido, chegam apenas no fim do século XIX. Com eles, porém, vem a expertise e um renovado fôlego para a elaboração de vinhos. Na realidade, arrisco dizer que o que chegou foi uma enorme sede, avassaladora a ponto de subir a serra, derrubar matas densas, lutar contra a umidade e, enfim, estruturar uma produção comercial e próspera de vinhos.
Nem tudo, ou quase nada, eram flores, e as variedades europeias sucumbiam à umidade e à inexperiência dos colonos ao clima subtropical. Foi então que ocorreu o fértil encontro entre imigrantes e a variedade americana Isabel, que até hoje responde por enorme parte dos vinhedos da Serra Gaúcha. Daí em diante é que, após sucessivos ciclos e muitas crises, chegou-se ao próspero setor que hoje abrilhanta a Serra Gaúcha. É também o principal motivo de sermos um dos únicos produtores de vinhos de uvas americanas. Vinhos e histórias sempre combinam bem. Outras mais virão, aproveite-as com seu vinho preferido, gaúcho, brasileiro ou de todo mundo.
Santé!
por Jucelio K. Medeiros
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