Gustavo Maresch

Bacharel em Gastronomia e mestre em Turismo e Hotelaria. Atualmente é chef de cozinha do Kraft Wine Bar.


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Gustavo Maresh

Dobradinha: um prato cheio de sabor e tradição do Bairro Estreito

Conheça a história do surgimento da dobradinha no Bairro Estreito e a importância dessa tradição para a preservação da cultura local.

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Ingredientes. Foto: Marcelo Ferigato – acervo pessoal
Ingredientes. Foto: Marcelo Ferigato – acervo pessoal

A dobradinha é um prato tradicional em diversas regiões do país. E no Bairro Estreito, localizado na parte continental da cidade de Florianópolis, não é diferente.

O prato, cheio de sabor, cultura e tradição faz parte do cotidiano dos moradores e vem sendo passado de geração em geração.

Quando falamos em preparações típicas, não estamos falando somente das receitas, mas também de ingredientes, preparações, métodos, forma de sociabilização e significados de toda a experiência vivida.

O surgimento da dobradinha no Estreito

O Bairro estreito teve um papel importante no desenvolvimento da cidade. A sua posição geográfica estratégica, situado na parte mais “estreita” entre ilha e continente, contribuiu para que se tornasse um ponto de armazenamento de mercadorias.

Antes da construção da Ponte Hercílio Luz, que somente aconteceu em 1926, o Estreito concentrava todos os viajantes que queriam chegar à ilha de Santa Catarina. Muitos hotéis e casas de pensão surgiram na região, já que devido às condições climáticas, nem sempre era possível atravessar o canal.

A travessia do gado acontecia pelo mar e, dessa forma, muitas cabeças se perdiam na correnteza. Por conta disso, em 1942 foi inaugurado o Matadouro do Estreito, onde o animal era abatido e transportado para o mercado público em um barco, chamado pelos moradores de barco da carne.

Todavia, naquela época, quem morava no continente somente conseguia comprar carne fresca na ilha.

Os moradores do Estreito tinham acesso apenas às vísceras que sobravam do abate do animal, e é a partir disso que surge o consumo da dobradinha na região. Aliás, condição esta que rendeu aos moradores do bairro o apelido de “tripeiros”.

Tema de Estudo no IFSC

Devido à grande importância social e cultural, o modo de preparo da dobradinha e os reflexos na comunidade, foram tema de um estudo feito por mim juntamente com a Professora Dra Silvana Graudenz Muller, do Instituto Federal de Santa Catarina.

O prato continua sendo transmitido de geração para geração, agregando memória afetiva e tradição ao ensopado feito com o bucho (estômago) e embutidos. A dobradinha do Estreito está muito presente nas casas, nos encontros de amigos e nos restaurantes da região.

Além disso, também é frequentemente consumida nas festas da Escola de Samba Coloninha, tendo papel importante na promoção e manutenção na tradição cultural do prato. Em 2010 a Escola de Samba foi campeã pela décima vez com o título: “Sou tripeiro com muito orgulho!” Prazer, Sou a Gigante do Continente!”.


por MARCELO MARTIN FERIGATO
Gastrólogo

@marceloferigato



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