Estamos caminhando para mais uma década perdida
Em 2020, a relação dívida-PIB alcançou 90%, o real desvalorizou 40% e a desconfiança acerca do futuro do país passou a ganhar força.
• Atualizado
Na última quarta-feira (3) foi divulgado pelo IBGE o resultado do PIB brasileiro em 2020. Segundo o instituto, a economia brasileira recuou 4,1% em relação a 2019, assim, levando o país a experimentar a maior queda anual do PIB da série histórica, iniciada em 1996. A queda expressiva já era esperada. Afinal de contas, a pandemia da COVID-19 levou governadores e prefeitos a adotarem medidas que restringiram o funcionamento de diversas atividades econômicas.
Além disso, o comércio global caiu drasticamente em 2020, 5,6% (dados das ONU). Consequentemente, a queda vultosa do PIB associada a outros desequilíbrios macroeconômicos – especialmente a alta da inflação, a desvalorização cambial e o elevado nível de endividamento do setor público – representam uma ameaça a capacidade de crescimento do país, que pode alcançar a quinta década de crescimento econômico insatisfatório.
Infelizmente o cenário econômico atual do país destoa de boa parte de nossa história econômica do século XX. Entre as décadas de 1930 e 1970 o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo. Durante estas décadas a chegada de imigrantes que fomentaram o empreendedorismo no país, a construção de obras de infraestrutura importantes e o crescimento do setor industrial fizeram que o Brasil se torna-se um exemplo de desenvolvimento econômico para o mundo. Contudo, na década de 1980, após o segundo choque do petróleo, o país enfrentou uma crise de dívida externa que nos levou a um processo de desvalorização cambial, crise fiscal e hiperinflação que estagnou nossa economia.
Economia volta a se fortalecer em 2000
A economia brasileira só conseguiu voltar a se fortalecer no início da década de 2000. A consolidação do tripé macroeconômico (responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante) associada a um período de bonança internacional, que levou ao boom das comodities entre 2004 e 2008 nos propiciou o único período com taxas de crescimento econômico suficientemente altas para atingirmos um novo patamar de desenvolvimento. Porém, com as políticas fiscal e monetária irresponsáveis dos governos petistas, após a crise financeira internacional de 2008, o Brasil voltou a triste realidade da estagnação econômica. Vimos os juros aumentar, a inflação subir e a crise econômica elevar o nível de desemprego e reduzir a renda da população.
Desde 2017, o Brasil continua buscando o caminho do crescimento. As reformas econômicas que vinham sendo implementadas indicavam que o Brasil poderia reencontrar o caminho do desenvolvimento. Entretanto, a crise da COVID-19 atrapalhou o processo de reconstrução nacional. Em 2020, a relação dívida-PIB alcançou 90%, o real desvalorizou 40% e a desconfiança acerca do futuro do país passou a ganhar força. As reformas ficaram de lado e a pandemia nos levou a gastarmos demais. Tivemos o maior déficit fiscal da história.
Criação de um ambiente que fomente o crescimento
Nesse sentido, é crítico que todos os entes federativos trabalhem para criar um ambiente econômico que fomente o crescimento do país e impeça que a crise da COVID-19 deixe um problema econômico estrutural. A redução dos gastos públicos, a liberalização do comércio, a privatização de empresas estatais, a criação de um ambiente de negócios que aumente os investimentos no país são algumas das ações que devem fazer parte desta agenda de reestruturação econômica.
A realidade é que a receita para voltarmos a crescer já é conhecida, mas ainda falta coragem para ser executada. O caminho da prosperidade, tão mencionado pelo Ministro Paulo Guedes, depende das reformas econômicas e da responsabilidade dos nossos governantes. Apenas com essa agenda podemos tentar escapar do caminho da estagnação econômica que está nos levando para quinta década perdida.
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