Uso de antimicrobianos na produção de suínos e os caminhos adotados pelo Brasil
O aumento de bactérias resistentes a antibióticos e a implicação na saúde humana geraram diversas discussões mundiais.
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O debate sobre a utilização de antimicrobianos na criação animal acontece há alguns anos e mais recentemente tem se intensificado com a cobrança de entidades reguladoras para a redução do uso, além de algumas proibições. O aumento de bactérias resistentes a antibióticos e a implicação na saúde humana geraram diversas discussões mundiais.
Mas como essa questão é trabalhada no Brasil? Quais as estratégias do País para atender as normas que regulamentam o uso prudente de antibióticos na suinocultura? Essas foram algumas das questões abordadas na palestra “Uso prudente de antimicrobianos na suinocultura: qual o nosso caminho?
A temática foi abordada pela médica veterinária, mestre e doutora e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich. De acordo com ela, o uso de antimicrobianos na suinocultura tem possibilitado, durante décadas, a manutenção de padrões sanitários, o que melhora o bem-estar dos animais e resulta em benefícios zootécnicos para as granjas. Porém, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez uma chamada global para a redução do uso, introduzindo recomendações a partir de 2009.
De acordo com Jalusa, o Brasil está traçando seu caminho nessa questão, embora ainda há muito a se fazer. Para ela, o tema está sendo debatido porque o consumidor está interessado, quer saber se a produção é sustentável e os padrões de qualidade dos alimentos. “Mas a grande questão é a saúde pública”, frisou, ao citar que o uso indiscriminado pode gerar resistência aos antibióticos e acabar interferindo, também, na saúde humana.
A suinocultura possui uma cadeia produtiva avançada, tecnológica e com produção de proteínas de alta qualidade. No passado se utilizava antimicrobianos como melhorador de desempenho zootécnico. Porém, o uso excessivo gerou uma preocupação mundial e, seguindo as discussões, o Brasil está se adaptando a novas formas de criação, visando reduzir o uso.
O Brasil, como país membro da OMS, elaborou o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única, com participação de diversos ministérios e órgãos regulamentadores. Alinhado à Força Tarefa Intergovernamental sobre Resistência aos Antimicrobianos (TFAMR), criou um Grupo de Trabalho liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
De acordo com Jalusa, a partir de um olhar sistêmico para a questão, surgiram conceitos de uso prudente, uso racional e uso consciente. “Na prática, dizem respeito à boa conduta técnica para a decisão de uso”, disse, ao explicar que alguns são proibidos, mas se mantém o uso para fins terapêuticos, para tratar, controlar ou prevenir doenças.
Nesse contexto, Jalusa ressaltou que as palavras de ordem são saúde e bem-estar. “O Brasil possui um plano nacional que norteia ações multidisciplinares alinhadas com organismos internacionais. Iniciou também um programa de vigilância de resistências em amostras bacterianas. A indústria brasileira, atenta a esta tendência, tem desenvolvido iniciativas que visam a redução do uso. Este arcabouço de informações deve constituir um programa integrado que oriente a regulamentação baseada em evidências científicas e decisões corporativas que incorporem o conceito de uso prudente”, salientou.
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