Brasil amplia vendas de sêmen e embriões de raças de corte e leite para países tropicais
Em 2021, por exemplo, o faturamento com a exportação de sêmen bovino aumentou 22%
• Atualizado
A especialização do Brasil em pecuária de clima tropical e a seleção de raças próprias para aguentar calor, solos ácidos e ataques de parasitas impulsionam a exportação de genética de bovinos de corte e leite para países de clima quente, como os da América Latina, além de vendas pontuais para países africanos. Em 2021, por exemplo, o faturamento com a exportação de sêmen bovino aumentou 22%, ante igual período de 2020, alcançando a marca de R$ 1 bilhão. Incluindo embriões bovinos, além do sêmen, o valor chega a R$ 1,3 bilhão, aumento de 35% ante 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia).
Para este ano, a expectativa da Asbia, conforme seu presidente, Márcio Nery, é avançar 18% em faturamento.
“O credenciamento de novas empresas de genética bovina do Brasil para exportar, além do aumento do preço médio da dose de sêmen, podem fazer o setor alcançar R$ 1,5 bilhão com o mercado externo este ano”, diz.
A genética bovina brasileira segue predominantemente para países situados nos trópicos. No ano passado, 865.737 doses foram comercializadas, entre raças de corte e de leite, predominantemente para Paraguai, Bolívia e Colômbia, que adquiriram 581.994 doses, conforme Nery, da Asbia. Trata-se, ainda, de um mercado para o qual sempre aparecem novos interessados. A conquista mais recente para o setor exportador de genética bovina do Brasil foi o acordo sanitário fechado no fim de abril com o Suriname, país ao norte da América do Sul, informou a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
O Brasil, de fato, se tornou “referência em pecuária tropical”, confirma a gerente de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), Icce Garbelini. Para o superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antonio Josahkian, o Brasil é, “sem dúvida”, referência internacional na genética zebuína. “Só não digo global, porque ainda estamos imaturos neste setor para acessar mercados externos”, comenta.
Para este ano, a expectativa da associação é a de que prevaleça a abertura de mercados e vendas de sêmen e embriões para os países com os quais o Brasil já mantém acordos. Icce não revela projeções em números, mas garante que a perspectiva é de crescimento significativo. Ela adianta que há mais mercados em vias de abertura para 2022 para o material genético de bovinos brasileiros, e que os processos de articulação estão sendo realizados. “Tanto na América Latina, na África e no Sudeste Asiático, mas ainda não podemos revelar. Tem sido um trabalho de formiguinha, que levou, em alguns casos, mais de uma década para se concretizar. É um trabalho árduo”, diz.
Nery, da Asbia, informa que o Brasil tem sido demandado principalmente para material genético das raças zebuínas leiteiras. “São as mais procuradas. Mas a demanda por bovinos de corte também chama a atenção de criadores em outros países e vem se igualando à das zebuínas leiteiras”, afirmou. No total, o zebu brasileiro representou mais de 11 milhões de doses totais, segundo a Asbia – de um total de 28.706.330 doses comercializadas em 2021. O destaque vai para o sêmen de raças de corte, que registrou um aumento de vendas de 22%. Já o setor leiteiro respondeu por um crescimento de 6% nas vendas.
O que mais atrai os importadores, segundo ele, é a resistência dos animais ao clima tropical. “Só se evolui a pecuária da faixa terrestre tropical se se usar a genética brasileira, pois há uma maior tolerância dos animais ao calor e principalmente a parasitas (como carrapatos, moscas e bernes)”, destaca o executivo. Para Icce Garbelini, da ABCZ, a adaptação para a criação a pasto e em solos ácidos – e não confinada, como é comum em países do Hemisfério Norte – também é uma vantagem. “A maior parte dos países tropicais que criam gado em pastagens tem o Brasil como referência”, afirma.
Participantes do setor, contudo, apontam a necessidade de simplificar os protocolos sanitários entre os países para facilitar a abertura de mais mercados e a redução do trâmite burocrático. Josahkian, da ABCZ, diz que há interesse e demanda pela genética brasileira, mas que ainda há a restrição das barreiras sanitárias – ou seja, países que impedem a entrada de material genético brasileiro sob alguma alegação sanitária, como, por exemplo, o fato de o Brasil ainda vacinar parte do seu rebanho contra febre aftosa.
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