Dolmar Frizon

É colaborador da Fecoagro e editor-chefe do programa Cooperativismo em Notícia, veiculado pelo SCC SBT. Foi repórter esportivo por 22 anos.


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Boletim aponta aumento de 100% na produção de trigo em Santa Catarina

Santa Catarina deve colher a maior safra de trigo dos últimos dez anos, com produção de 348 mil toneladas

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O trigo deve ter um aumento de 55% de produção – Foto: Aires Mariga/Epagri
O trigo deve ter um aumento de 55% de produção – Foto: Aires Mariga/Epagri

A expectativa de aumento de 102% na produção catarinense de trigo é o destaque do Boletim Agropecuário de outubro. As exportações de proteínas animais também trazem boas notícias para os catarinenses. Em setembro, o Estado exportou o maior valor mensal desde o início da série histórica. A exportação de frango registrou aumento de 32% em um mês. O Boletim Agropecuário é emitido mensalmente pela Epagri/Cepa com a avaliação econômica das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.

Trigo
De acordo com estimativa da Epagri/Cepa, Santa Catarina deve colher a maior safra de trigo dos últimos dez anos, com produção de 348 mil toneladas, incremento de 102% em relação à safra anterior. O cenário resulta do crescimento de 74% na área plantada, que é reflexo dos bons preços pagos aos produtores, associados aos incentivos do governo estadual ao cultivo de cereais de inverno.

Os preços pagos ao produtor de trigo em setembro estavam 41,16% superiores ao preço médio praticado há um ano. Em setembro, as cotações de balcão para o trigo no mercado catarinense ficaram em R$ 84,98 a saca de 60kg, variação negativa de 0,14% em relação ao mês de agosto. Atualmente, 80,79% das lavouras de trigo alcançaram a fase de florescimento, 17,84% encontram-se em fase de maturação e apenas 1,37% estão em desenvolvimento vegetativo. O clima úmido e as temperaturas amenas das últimas semanas favoreceram o surgimento de doenças fúngicas, como a Giberela. Diante dessa condição, produtores estão atentos e intensificam os cuidados com a aplicação de fungicidas.

Arroz
A estimativa é de uma produção de 1,22 milhão de toneladas de arroz em Santa Catarina na safra 2021/22, volume 2,14% menor que o ciclo agrícola anterior. A redução se deve à queda de 1,74% na produtividade média, passando de 8,4 t/ha obtidos na safra passada para 8,3 t/ha. A área plantada se manteve estável em 147 mil hectares, com 82% das áreas destinadas ao plantio já semeadas.

Em setembro, os preços médios pagos aos produtores catarinenses de arroz tiveram redução de 1% em relação a agosto, fechando o mês em R$ 73,40 a saca de 50kg. Essa tendência de queda está relacionada à baixa oferta dos produtores. Por outro lado, os moinhos não têm conseguido repassar os preços aos mercados atacadista e varejista.

Feijão
Segundo a expectativa, os preços pagos aos produtores de feijão devem continuar elevados em novembro e dezembro. Em setembro, o preço médio pago aos produtores catarinenses de feijão-carioca permaneceu inalterado em relação a agosto, fechando a média mensal em R$ 237,50 a saca de 60kg. Já para o feijão-preto, os preços tiveram pequena variação negativa de 0,16% no último mês, fechando a média de julho em R$ 232,29 a saca de 60kg.

Até a última semana de setembro, 21,4% da área destinada à produção da safra 2021/22 de feijão prieira safra já mfoi semeada em Santa Catarina. Neste início de safra, o plantio de feijão-preto predomina, pois o cultivo do feijão-carioca é mais tardio e se concentra nas regiões mais frias do Estado, como Campos de Lages, Planalto Sul e Meio Oeste. O plantio deve se intensificar em outubro e novembro, com conclusão prevista para final de dezembro.

Milho
A Epagri/Cepa estima que, devido aos baixos estoques internos nacionais, as cotações do milho devem se manter fortalecidas até o final do ano, na comparação com anos anteriores, a despeito da queda de 4,4% nos preços médios pagos ao produtor catarinense de milho em setembro em relação a agosto. A recente queda entre agosto e setembro foi forçada pelo volume das importações, a expectativa de aumento da área da safra 2021/22 e a colheita da safra dos Estados Unidos.

Até 15 de outubro, 67% da área estimada para cultivo de milho primeira safra em Santa Catarina já estava cultivada. As chuvas contínuas desde o início de outubro atrasaram os plantios no estado.

Soja
O período preferencial de cultivo da soja em Santa Catarina iniciou em outubro, mas a chuva contínua já causa atraso em várias regiões. Os preços fortalecidos no momento se devem à alta do dólar e dos estoques internos. Diversos fatores, no entanto, já orientam para uma baixa nos preços: o prognóstico de aumento de área de cultivo da safra brasileira para 2021/22, a colheita da safra dos Estados Unidos e consequente elevação de estoques naquele país, além da demanda indefinida na China, causada pela paralisação das indústrias de processamento.

Alho
Santa Catarina está com 1.758 hectares cultivados com alho, número 2,3% maior que a estimativa de julho. O plantio foi encerrado em agosto e a cultura se desenvolve normalmente em todas as regiões produtoras. A condição das lavouras é considerada boa até o momento.

Em setembro de 2021, foram importadas 2,53 mil toneladas de alho, o menor volume para o mês nos últimos cinco anos. De janeiro a setembro deste ano, as importações somam 105.87 mil toneladas, enquanto que no mesmo período do ano de 2020 o volume importado foi de 141,45 mil toneladas, redução de 33,6% no período.

Cebola
A Epagri/Cepa mantém a expectativa de Santa Catarina produzir pouco mais de 500 mil toneladas de cebola na safra 2021/22. As chuvas contínuas de outubro podem afetar esta previsão, porém, visto a ocorrência de doenças que já começam a ser relatadas no campo. Se o cenário de patologias se confirmar, os produtores terão aumento no custo de produção que, associado à conjuntura de preços baixos, pode afetar o desempenho da safra e o retorno econômico aos agricultores. “Questão para ser avaliada nas próximas semanas”, afirmam os analistas da Epagri/Cepa.

Com o plantio encerrado em setembro, Santa Catarina chegou a 17.458 hectares cultivados com cebola, redução de 0,54% em relação à estimativa inicial, que era de 17.553 hectares

Os volumes importados de janeiro a setembro deste ano somam 115,07 mil toneladas, contra 194.777 no mesmo período do ano passado. O mercado nacional de cebola continua com alta oferta, provocando preços abaixo do custo de produção nas regiões com produção para comercializar atualmente.

Suínos
Santa Catarina exportou 57,75 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em setembro, alta de 29,8% em relação ao mês anterior e 34% acima de setembro de 2020. As receitas foram de US$ 136,26 milhões, crescimento de 26,8% em relação ao mês anterior e de 40,3% na comparação com setembro de 2020. Em termos de quantidade, esse foi o maior valor mensal já exportado por Santa Catarina desde o início da série histórica, em 1997, e o terceiro melhor resultado financeiro do período.

De janeiro a setembro, o estado exportou 438,31 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 1,08 bilhão, altas de 12,6% e 26,4%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2020. Santa Catarina respondeu por 52,9% das receitas e 51,3% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

Aves
Em setembro, Santa Catarina exportou 102,81 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada), aumento de 32,3%, tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação com setembro de 2020. As receitas foram de US$ 187,49 milhões, 22,3% acima do mês anterior e alta de 60,8% na comparação com setembro de 2020. Esses são os maiores valores mensais registrados desde maio de 2019, tanto em volume quanto em receitas.

De janeiro a setembro, Santa Catarina exportou um total de 764,22 mil toneladas, com receitas de US$ 1,34 bilhão, alta de 4,1% em quantidade e de 16,7% em valor, na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi responsável por 24,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de carne de frango no ano.

Bovinos
Na primeira quinzena de outubro o preço médio estadual do boi gordo foi de R$ 308,52 a arroba, queda de 3,4% em relação ao mês anterior. Também foram registradas quedas nos preços dos animais de reposição, com variações de -4,7% no caso dos bezerros de até um ano e de -3,3% para os novilhos de um a dois anos. Esses movimentos de queda são decorrentes da paralisação das exportações para a China, em função da detecção de dois casos atípicos da doença conhecida por “vaca louca”, e da demanda desaquecida no mercado interno. Embora Santa Catarina não seja um grande exportador de carne bovina, o mercado interno é afetado pelo que ocorre no âmbito nacional, pois cerca de metade do consumo estadual é abastecido com produto oriundo de outras unidades da federação.

Leite
Outubro registrou sinalizações mais claras de redução nos preços internos de alguns lácteos no mercado atacadista. Isso, combinado com alguma recuperação na produção interna, se refletiu nos preços recebidos pelos produtores catarinenses. Segundo os levantamentos preliminares da Epagri/Cepa, neste mês de outubro, o preço médio recebido pelos produtores catarinenses deve ficar cerca de 4 centavos abaixo do preço médio de agosto.


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