Dolmar Frizon

É colaborador da Fecoagro e editor-chefe do programa Cooperativismo em Notícia, veiculado pelo SCC SBT. Foi repórter esportivo por 22 anos.


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Agro brasileiro preserva quatro franças de florestas e matas nativas, diz novo estudo da Embrapa

Os estudos são feitos com o geoprocessamento dos dados cartográficos sobre a vegetação nativa, registrados pelos próprios produtores rurais

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Foto AgroSaber, divulgação
Foto AgroSaber, divulgação

A área de preservação ambiental em propriedades rurais é estimada em 282,8 milhões de hectares e que representa 33,2% do território nacional.

As áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo agro brasileiro somam 282,8 milhões de hectares e representam 33,2% do território brasileiro. Para se ter uma ideia, essa área representa um pouco mais de quatro vezes o território da França ou quase oito vezes o território da Alemanha.

Os números vêm de um novo estudo divulgado pela Embrapa Territorial, com sede em Campinas (SP), e foi baseado nos dados do geoprocessamento do Censo Agropecuário 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), do governo federal.

Ao todo, o conjunto estimado, mapeado e geocodificado dos territórios das áreas protegidas (terras públicas) e preservadas (terras privadas) no Brasil totaliza 480,30 milhões de hectares ou 56,4% do País. Essa área representa 7,5 vezes o tamanho do território da França.

O dado anterior era de uma preservação de 218,25 milhões de hectares, 25,67% do território nacional. A atualização do estudo teve dados compilados até fevereiro deste ano. Desde 2016, a Embrapa Territorial desenvolve e aprimora métodos para quantificar o papel da agropecuária na preservação da vegetação nativa, em áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente. 

Os estudos são feitos com o geoprocessamento dos dados cartográficos sobre a vegetação nativa, registrados pelos próprios produtores rurais sobre imagens de satélites no Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma exigência do Código Florestal Brasileiro.

No entanto, muitos imóveis rurais ainda não se registraram no CAR. O novo estudo utilizou os dados georreferenciados do Censo Agropecuário 2017 como um complemento, para obter o volume de terras dedicadas à preservação nesses casos. O Censo Agropecuário do IBGE de 2017 incluiu as coordenadas geográficas dos estabelecimentos agropecuários visitados pelos recenseadores, bem como os trajetos por eles percorridos.

“Dispor das coordenadas geográficas de quase 6 milhões de estabelecimentos agropecuários permitiu quantificar, em 2021, quem ainda não se cadastrou no CAR e identificar os padrões de sua repartição territorial”, informa o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, coordenador da pesquisa.

Estabelecimentos sem CAR

A Embrapa Territorial cruzou as coordenadas geográficas de 5.063.771 estabelecimentos agropecuários do Censo 2017 com os perímetros de 5.953.139 imóveis registrados no CAR até fevereiro de 2021 e identificou 1.885.955 estabelecimentos sem cadastro no SiCAR.

Com os dados médios de vegetação nativa levantados pelo Censo do IBGE, a Embrapa Territorial estimou em 55.443.219 de hectares as áreas dedicadas à preservação nos estabelecimentos não registrados no SiCAR. Isso equivale a 6,5% do território nacional.

Já as áreas mapeadas pelos produtores no CAR até fevereiro de 2021, como dedicadas à vegetação nativa, chegam a 227.415.630 hectares ou 26,7% do Brasil. A soma desses dois números resulta em um terço do território brasileiro destinado à preservação pelo mundo rural, a maioria em terras privadas.

O cadastramento no CAR exige acesso à internet, conhecimentos de geoprocessamento e suporte técnico. A análise da repartição espacial dos produtores não registrados no CAR pela Embrapa mostra sua concentração na Amazônia, no semiárido Nordestino e em locais de agricultura familiar.

Perspectiva inédita

A pesquisa indica, por município, o avanço da informatização e da conexão no campo e os locais onde isso ainda não ocorreu. “No CAR é o produtor quem vai em direção ao Estado registrar seus dados. No Censo Agropecuário, é o Estado quem envia seus recenseadores em direção do produtor, onde quer que ele esteja”, explica Miranda.

O pesquisador acrescenta que “os novos métodos de integração do Censo com o CAR permitem uma compreensão inédita da territorialidade da agricultura brasileira, de sua produção e de seus serviços ambientais, ao destinar à preservação da vegetação uma área equivalente a um terço do território nacional”.

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