Calma! O prato não vai fugir

Enquanto eu almoçava hoje em um restaurante que comumente frequento aqui no sul da Ilha,
percebi o quão rápido eu faço minhas refeições. Quando eu cheguei no local tinham duas
mesas com pessoas – que a esse ponto já estavam com seus pratos servidos e comendo.
Menos de trinta minutos. Esse foi o tempo de eu passar álcool em gel nas mãos, colocar aquela
luva plástica (que já me custa alguns bons segundos, às vezes minutos), ir ao buffet, pesar,
sentar à mesa, comer – esbaforidamente –, levantar, pagar a conta e ir embora.

Entrando no carro eu me dei conta que aquelas pessoas das mesas do lado ainda almoçavam.
E na minha cabeça eu só lembrava de uma frase que um gastroenterologista me disse uma
vez: “se as pessoas soubessem mastigar eu não teria pacientes”. E como fui esquecer que esse
foi o motivo de estar lá me consultando com ele há alguns anos?

Assim que saí da minha “super rápida refeição the flash”, procurei uma especialista, que dá
aula nesses assuntos, para me responder algumas dúvidas e me ajudar a construir essa coluna:
a nutróloga Cristiane Molon. De cara ela já mandou: “Essa pressa na hora de comer tem
muitos efeitos negativos. Além de atrapalhar a digestão (desconfortos digestivos), dificulta a
perda de peso”.

Peso? Como assim, doutora? “Estudos vêm mostrando que, quem mastiga cada porção em
média 35 vezes, come menos em relação aos apressadinhos que só repetem o movimento dez
vezes. A contração muscular serve de estímulo à liberação de substâncias responsáveis pela
sensação de saciedade. Ou seja, quando você mastiga poucas vezes, acaba comendo maior
quantidade e vorazmente porque não dá tempo de o cérebro receber a informação que já está
saciado. Aí, não tem jeito, a barriga cresce”.

E aquela sensação de estômago pesado, azia, também tem a ver com isso né? “O estômago
não tem dentes! O processo de mastigação começa na boca com a liberação das enzimas
digestivas (amilase salivar) necessárias para quebrar o alimento” Aí sim depois o alimento vai
para o estômago, as proteínas viram aminoácidos, que se tornam hormônios, vitaminas e
neurotransmissores. “Se não tiver um tempo para almoçar, coma uma fruta ou tome um shake
proteico. É melhor do que comer tudo inteiro, sem mastigar adequadamente”, orientou
Cristiane.

É gente, comer rápido não está com nada! Pensando nisso, separamos algumas dicas que
podem te (me) ajudar a fazer uma refeição melhor:

1 – Preste atenção na comida, saboreie
2 – Desafie-se a não usar o celular enquanto almoça/janta
3 – Observe quanto tempo leva nas refeições
4 – Mesmo que seja difícil no começo, tente mastigar mais vezes

Vamos tentar?