Dolmar Frizon

É colaborador da Fecoagro e editor-chefe do programa Cooperativismo em Notícia, veiculado pelo SCC SBT. Foi repórter esportivo por 22 anos.


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Dolmar Frizon

Frigoríficos têm espaço para avançar na China

A corrida já começou, e concorrentes de outros exportadores, como os EUA, prometem endurecer a disputa.

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Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay / Banco de imagens.
Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay / Banco de imagens.

Embora a China esteja investindo na recuperação de seu rebanho de suínos e fortalecendo a cadeia produtiva de aves, ainda haverá muito espaço para carnes importadas no país nos próximos anos. Essa janela, contudo, tende a se estreitar a partir de meados desta década. Assim, para não perderem o grande mercado que conquistaram, os frigoríficos brasileiros terão que adotar novas estratégias comerciais, de preferência com presença local mais agressiva.

Essa é a principal conclusão de um estudo recém-concluído pela consultoria alemã Roland Berger, que sugere que essas novas estratégias incluam investimentos na qualidade dos produtos, cuidados com a adequação das cadeias de valor às crescentes exigências sanitárias e ambientais e parcerias com players chineses. A corrida já começou, e concorrentes de outros exportadores, como os Estados Unidos, prometem endurecer a disputa.

Se já era importante, a China firmou-se como o principal destino para as exportações de carnes do Brasil a partir de 2018, quando a peste suína africana começou a dizimar o plantel chinês de porcos, o maior do mundo. Segundo dados da ABPA, entidade que representa a indústria brasileira de aves e suínos, em 2020, os embarques de carne suína para a China cresceram 106% em relação ao ano anterior e atingiram 513,5 mil toneladas, ou 50,7% do volume total. Para todos os destinos, as vendas renderam divisas de US$ 2,3 bilhões.

No caso da carne de frango, os embarques do Brasil para a China somaram 673,2 mil toneladas em 2020, 15% mais que em 2019 (16% do total) – para todos os destinos, a receita superou US$ 6 bilhões; no da carne bovina, apontou a Abrafrigo, que representa empresas brasileiras do segmento, foram 1,2 milhão de toneladas para China e Hong Kong no ano passado, ou US$ 5,1 bilhões (60,7% da receita total).

A Roland Berger prevê que o consumo chinês de carnes crescerá 2,2% ao ano até 2025, para cerca de 70 milhões de toneladas, e que, apesar do aumento da produção local, será possível, com isso, que o Brasil amplie as vendas ao país. Com a China como âncora, a consultoria projeta que os embarques brasileiros de carnes ainda crescerão 0,7% ao ano na próxima década, ante uma média anual de 1,2% nos últimos dez anos. Porém, como se vê, o ritmo tende a diminuir.

De olho nessa curva, e tendo no retrovisor concorrentes como EUA e mesmo a Rússia, as associações que representam o segmento de carnes no Brasil já começaram elas próprias a montar estruturas mais robustas na China. A ABPA, que conta com um representante no país, está montando, com o apoio da Apex, uma base maior para servir de apoio a suas associadas, entre as quais as gigantes BRF, Seara (JBS) e Aurora, que também já têm escritórios em território chinês.

Como no caso dos frigoríficos de frango e suínos, os de carne bovina vêm buscando ampliar o espaço na China para seus produtos finais, mas também têm esbarrado na queda do ritmo de novas habilitações concedidas por  Pequim, que nos últimos tempos passou a privilegiar as empresas americanas, em linha com a melhora das relações comerciais entre os dois países.

Empresas brasileiras têm que continuar investindo em ganhos de eficiência, porque há espaço para ampliação de ganhos na produção dos animais em si, com melhorias genéticas e nutricionais, nos abatedouros e na agregação de produtos ao portfólio, com a valorização de todas as partes dos animais.

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