sobrevivência

Vivemos em tempos sombrios, em que a liberdade de sermos quem somos é ameaçada e cerceada todos os dias. Enfrentamos um paradoxo constante: aqueles que perdem tudo em desastres naturais causados pelas agressões incessantes ao meio ambiente são, muitas vezes, os mesmos que apoiam medidas que perpetuam a destruição das florestas, a poluição do ar e da água. Vivemos dias em que se luta contra a corrupção e a favor de pessoas públicas honestas, que pensam em um futuro bonito e promissor para nosso país e principalmente para quem vive nele, mas esses são também os dias em que se defende líderes que votam contra os interesses do povo, atentam contra a democracia e ignoram áreas essenciais como saúde, educação e segurança para todos nós. Diante disso, venho falar com você sobre sustentabilidade. Mas não daquela que é apenas discurso bonito para agradar a plateia ou aparecer em campanhas publicitárias. Falo de uma sustentabilidade de verdade, como representação de uma necessidade urgente e de uma oportunidade real de reinventar a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos com o planeta, com as pessoas ao nosso redor e até com aquelas que estão mais distantes. Mas afinal, o que é sustentabilidade? A palavra vem do latim sustentare, que significa sustentar, conservar, manter. Em seu sentido mais amplo, sustentabilidade é a capacidade de manter processos, sistemas ou condições de forma contínua e equilibrada ao longo do tempo. Quando falamos em desenvolvimento sustentável, propomos suprir as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas. É um princípio ético, estratégico e sistêmico, que coloca a preservação da vida no centro das decisões. Não se trata só de sobrevivência agora. Vamos pensar em equidade intergeracional (prometo que vou escrever uma coluna a respeito). É também garantir que nossos filhos e filhas, netos e netas e as próximas gerações possam viver em um país com água limpa, ar respirável, justiça e liberdade — ummundo onde as pessoas possam ser quem são, com respeito e dignidade. Você ainda acha que sustentabilidade é só meio ambiente? Quem que te falou isso? Esse é um dos maiores equívocos sobre o tema. Sustentabilidade vai muito além da proteção ambiental. Ela é multidimensional e contempla muitos aspectos, pode ser: Ambiental: preservação dos recursos naturais e combate às mudanças climáticas; Social: justiça social, direitos humanos, trabalho digno e equidade; Econômica: viabilidade e prosperidade de longo prazo com distribuição justa; Cultural: valorização da diversidade, identidade e saberes tradicionais; Espacial: ordenamento territorial e equilíbrio entre campo e cidade; Política: participação democrática, transparência e boa governança; Temporal: impacto de longo prazo das decisões tomadas hoje; Tecnológica e institucional: inovação e fortalecimento de instituições. Essas dimensões se aplicam em diversos contextos — nas cidades, na agricultura, no turismo, na sua casa. Mas hoje quero falar sobre a sustentabilidade nas organizações, ou sustentabilidade organizacional: a capacidade das empresas de se manterem viáveis economicamente, gerando valor para todas as partes interessadas e, ao mesmo tempo, minimizando impactos negativos na sociedade e no meio ambiente. Incorporar sustentabilidade no mundo corporativo significa integrar práticas éticas, sociais e ambientais ao negócio. Desde atitudes mais visíveis, como reduzir consumo de energia e água, valorizar a diversidade e garantir condições dignas de trabalho, até transformações culturais, como reformular a missão organizacional com foco em impacto positivo no mundo. Empresas sustentáveis são mais inovadoras, retêm talentos, constroem reputações sólidas e se tornam mais resilientes em tempos de crise. Além disso, estudos mostram que organizações que adotam práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) têm melhor desempenho financeiro. Isso prova que lucro e responsabilidade não são opostos — eles andam juntos. Quer saber mais sobre ESG? Dá uma olhada nas minhas colunas: No entanto, essa transformação nas empresas não acontece sozinha. Requer liderança comprometida, engajamento de equipes, diálogo com a sociedade, educação para a sustentabilidade e estruturas de governança claras. Também exige enfrentar obstáculos internos, como resistência à mudança e falta de conhecimento, e desafios externos, como a busca incessante por lucro imediato ou a ausência de incentivos públicos consistentes. Mais do que uma tendência, a sustentabilidade é uma urgência, ainda mais quando olhamos ao redor e vemos os absurdos que andam acontecendo por aí. A transição para um modelo sustentável convida empresas, governos e cidadãos a repensarem suas escolhas com base em uma ética do cuidado com as pessoas e com o planeta. Essa transição exige uma visão sistêmica, que enxergue a conexão entre todas as dimensões citadas e que vá além da superfície. Na prática, adotar a sustentabilidade é um ato de coragem e responsabilidade. É tomar decisões conscientes e olhar para o futuro com seriedade. Empresas que desejam ser relevantes nas próximas décadas não podem mais ignorar seus impactos. Precisam gerar valor sustentável, financeiro, mas não somente isso, também precisa gerar valor social e ambiental. E vai ser assim, passo a passo, que poderemos construir o único caminho possível para o florescimento das organizações, e a sobrevivência da humanidade. >> Para mais notícias, siga o SCC10 no Instagram, Threads, Twitter e Facebook.

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