SC está entre os estados com maiores índices de maus-tratos contra crianças e adolescentes
Chapecó, Joinville e Florianópolis concentram parte expressiva dos casos
• Atualizado

Santa Catarina figura entre os estados brasileiros com os maiores índices de maus-tratos contra crianças e adolescentes, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na quinta-feira (24) de julho de 2025. O levantamento aponta que o estado registra 134,8 casos a cada 100 mil habitantes, o que representa 2.483 vítimas entre 0 e 17 anos.
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No ranking nacional, Santa Catarina ocupa a 3ª posição, atrás apenas de Mato Grosso do Sul, com 189,7 casos por 100 mil habitantes, e de Rondônia, com 152,6 casos. A pesquisa também indica que a faixa etária mais afetada está entre 5 e 9 anos, com 952 ocorrências registradas, equivalente a 178,6 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 9% em relação a 2023, quando a taxa era de 163,8.
O anuário destaca que a maioria dos maus-tratos ocorre na primeira infância, geralmente decorrente de práticas disciplinares violentas, abandono e negligência. Outro dado alarmante é que, em 93% dos casos registrados no Brasil, o agressor é um familiar da vítima.
Municípios com maior concentração de casos
De acordo com o Núcleo de Dados e Investigação da Polícia Civil de Santa Catarina, os maiores municípios do estado concentram parte expressiva dos casos envolvendo crianças de até 11 anos, no período entre janeiro de 2024 e setembro de 2025:
- Chapecó: 109 casos em 2024 e 47 em 2025
- Blumenau: 73 casos em 2024 e 50 em 2025
- Florianópolis: 70 casos em 2024 e 57 em 2025
- Joinville: 135 casos em 2024 e 84 em 2025
Casos recentes chocam o estado
Além dos números alarmantes, casos recentes em diferentes regiões de Santa Catarina expõem falhas graves no sistema de proteção:
- Em Timbó, um bebê de 1 ano morreu após suspeita de maus-tratos. Ele estava internado na UTI, apresentava convulsões e lesões antigas na cabeça, e exames apontaram presença de medicamentos que poderiam ter desencadeado as crises.
- Na Grande Florianópolis, cinco irmãos, com idades entre 5 e 13 anos, sofreram estupro coletivo e outros abusos sexuais dentro de uma instituição de acolhimento. Apesar de não se tratar de mortes, os casos revelam falhas graves no sistema de proteção.
- Em Joaçaba, uma bebê de 8 meses morreu após dar entrada no Hospital Universitário Santa Terezinha com múltiplas fraturas e lesão pulmonar. O laudo da Polícia Científica confirmou que as fraturas eram de diferentes estágios de consolidação, indicando agressões repetidas. A criança também tinha lesões no braço, fêmur e costelas, além de complicações pulmonares que exigiram cirurgia. A mãe, de 21 anos, residente em Herval d’Oeste, apresentou versões contraditórias à polícia, e há suspeitas da participação do padrasto. O irmão da bebê, de 3 anos, também tinha lesão suspeita e foi encaminhado para abrigo sob tutela familiar.
- Em Florianópolis, um menino de 4 anos morreu no Multihospital após ser levado desacordado e em parada cardiorrespiratória, na tarde de domingo (17).
- A Polícia Militar constatou machucados pelo corpo da criança, e a mãe, de 24 anos, e o padrasto, de 23, foram presos por suspeita de homicídio duplamente qualificado.
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