Quatro indígenas são baleados em ataque no Paraná; entenda
Forças de segurança pública federais, estaduais e municipais estiveram no local para evitar novos episódios de violência
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A Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, entre Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná, tem enfrentado uma escalada de violência. Na noite desta sexta-feira (3), por exemplo, um ataque deixou quatro indígenas Avá-Guarani baleados, incluindo uma criança de quatro anos.
Em um vídeo divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é possível ver as vítimas cobertas de sangue. Segundo a Polícia Federal (PF), foram feitos disparos contra a comunidade.
Forças de segurança pública federais, estaduais e municipais estiveram no local para evitar novos episódios de violência. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou aumento de 50% do efetivo da Força Nacional na região.
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“O reforço está em deslocamento e estará totalmente operacional ainda neste sábado”, disse a pasta.
“A Polícia Federal conduz as investigações para identificar os autores dos disparos, com apoio da Polícia Militar do Paraná e da Força Nacional em ações de segurança. O monitoramento contínuo busca evitar novos incidentes. Diante do risco de novos ataques, equipes de prontidão e sobreaviso foram acionadas para intensificar o patrulhamento na área, reforçando a segurança e auxiliando na relocação de moradores para áreas mais protegidas dentro da aldeia”, completou o MJSP, em nota.
De acordo com a PF, todos os feridos foram encaminhados para atendimento hospitalar, enquanto a perícia foi realizada no local do conflito na manhã deste sábado. As investigações da PF para identificar os responsáveis seguem em andamento.
Ataques frequentes
Segundo o Cimi, a comunidade Yvy Okaju já sofreu quatro ataques em sete dias. Além do episódio dessa sexta, outras ações violentas ocorreram entre 29 de dezembro e 1º de janeiro, resultando em feridos, barracos queimados e plantações destruídas. As famílias também enfrentam a falta de alimentos e água potável.
Na emboscada da última noite, os agressores teriam cercado a aldeia e disparado tiros contra os indígenas. Entre os feridos estão: um jovem baleado nas costas, dois adultos atingidos nas pernas e outro indígena ferido no maxilar por munição de grosso calibre. Esse último foi transferido para um hospital em Cascavel (PR) devido à gravidade do caso.
Clima de tensão
Lideranças indígenas relatam um ambiente de constante monitoramento e desamparo.
“Estamos rodeados por pistoleiros. São os mesmos que atacaram no dia 31”, denunciou um líder, em declaração reproduzida pelo Cimi.
Apesar da presença de forças de segurança, os Avá-Guarani criticam a resposta das autoridades. “Será que a gente precisa enterrar um parente para provar que estamos sendo atacados de verdade?”, questionou uma liderança em tom de desabafo.
Os Avá-Guarani também relatam que continuam em alerta, principalmente após os indígenas baleados nesta sexta-feira, devido ao medo de novos ataques.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (Arpin Sul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste) e o Cimi emitiram nota conjunta repudiando a violência contra indígenas na região.
Leia:
“A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (Arpin Sul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) vêm a público, nestes primeiros dias do ano de 2025, denunciar e repudiar as violências que os Avá-Guarani estão sofrendo na região de Guaíra, no oeste do Paraná, desde o dia 29 de dezembro de 2024, deixando ao menos seis indígenas feridos por disparos de armas de fogo e casas Avá-Guarani e vegetação queimadas.
Neste período, todas as noites, homens armados invadiram a comunidade Yvy Okaju (antigo Y’Hovy), na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, queimaram barracos, dispararam com pistolas, espingardas e rifles e lançaram bombas contra os indígenas, que estão aguardando pela conclusão da demarcação de suas terras.
O ataque mais recente ocorreu na noite do dia 3 de janeiro e deixou quatro Avá-Guarani feridos por tiros. Na ocasião, uma criança de 4 anos foi atingida na perna, um jovem foi alvejado nas costas, outro indígena também foi ferido na perna e um quarto Avá-Guarani foi atingido no maxilar por um disparo efetuado com munição de grosso calibre.
A Força Nacional, que foi enviada à região para conter a violência, age, ao que parece, como se nada estivesse ocorrendo. Diante de tantos dias de ataque aos Avá-Guarani, é incompreensível e inaceitável o silêncio do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai. A tática das milícias paramilitares de atacar os Avá-Guarani no final de ano é recorrente e o recesso próprio desse período não justifica a ausência de manifestação dos órgãos públicos federais à sociedade brasileira sobre a situação.”
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