Procuradora-geral fala ao SBT sobre as agressões que sofreu de colega
Gabriela Monteiro falou sobre espancamento cometido por Demétrius Macedo
• Atualizado
A procuradora-geral Gabriela Monteiro de Barros, espancada violentamente pelo colega Demétrius Oliveira Macedo na Prefeitura de Registro (SP), afirmou que teme pela própria vida e cobrou mais rigor nas leis. A servidora falou com exclusividade na manhã desta quarta-feira (22) ao Primeiro Impacto, em entrevista ao vivo.
Após a brutalidade, parcialmente registrada por uma outra colega, a procuradora teve que mudar a rotina. Sem conseguir sair na rua, sem trabalhar, ainda sente as dores das agressões, a revolta e o temor ao rever as imagens.
Segundo Gabriela, Demétrius “sempre teve um comportamento mais antissocial”. A situação piorou depois que uma outra colega foi nomeada procuradora-geral, agravado ainda mais quando a vítima foi nomeada em dezembro do ano passado.
“Ele era grosseiro, não nos cumprimentava, grosseiro com os funcionários. E esse comportamento estava sem limites. Havia uma necessidade de tomar uma providência. Acho que ele quis mostrar que uma mulher não poderia fazer isso com ele, que ele seria superior”, relatou a procuradora.
Gabriela crê que, se não tivesse nenhuma pessoa dentro do local das agressões, seria assassinada. “Ele estava desferindo muitos golpes na minha cabeça, ia perseguir até o fim. Eu acredito que seja uma tentativa de homicídio”, cobrando uma lei mais rigorosa sobre o tema e a situação que viveu.
“Não pode haver lacuna”
O criminoso prestou depoimento e não foi preso. O caso foi registrado como lesão corporal qualificada, com pena de reclusão de um a quatro anos, e não na Lei Maria da Penha, mais rigorosa. Questionada sobre uma suposta prevaricação do delegado responsável pelo caso, a procuradora afastou essa possibilidade, creditando a uma “questão de interpretação jurídica da lei” e que Demétrius “provavelmente estaria [preso] se tivesse sido enquadrado na lei que protege mulheres vítimas. Por outro lado, a vítima cobrou mais rigor nas leis:
“Medidas específicas pra essa situação, não pode haver uma lacuna. Não pode haver uma situação como a minha, de uma mulher ficar em uma situação indefesa e sem proteção do Estado, correndo o risco de ser morta”.
“Um cara que não mede as consequências”
Diante da violência e repercussão do caso, a procuradora teme pela própria vida, já que “com certeza ele deve estar acompanhando. Se ele já me odiava por coisas comezinhas do trabalho, imagina agora eu expondo essa situação, meu rosto. Sinto medo de ele ir à minha casa, me procurar ou me atropelar na rua, enfim. Um cara que não mede as consequências daquilo que faz é capaz de qualquer coisa”.
O agressor foi suspenso pela prefeitura e um processo administrativo foi aberto. A exoneração, porém, não foi determinada. A procuradora confia nos trâmites que serão tomados pelo município, aguardando a exoneração “o mais rápido possível”.
“Isso é uma atitude incompatível com a advocacia. A agressão física nunca é justificável, ainda mais pelo fato de ele ser um advogado, um servidor público, conhecedor das leis, dos direitos que ele tem, dos direitos das mulheres e como isso é abominável”, pontuou Gabriela.
Por fim, a procuradora questionou o que muitos se perguntam, todos os dias: “Até quando a gente vai ter que esperar as coisas acontecerem para que alguém tome uma providência? Estou mostrando minha cara toda machucada para sensibilizar, mesmo. Que ele seja condenado e que as medidas sejam tomadas. Que as pessoas tenham coragem de denunciar e não deixar isso barato”, finalizou.
Leia também: Procuradora-geral é espancada e xingada dentro de prefeitura por procurador.
>>> Para mais notícias, siga o SCC10 no Twitter, Instagram e Facebook.
Quer receber notícias no seu whatsapp?
EU QUERO