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"Morte acidental"

Polícia encerra inquérito sobre desaparecimento de austríaco na Capital

Investigação aponta para morte acidental por afogamento

• Atualizado

Olga Helena de Paula

Por Olga Helena de Paula

Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Nesta segunda-feira (04), a Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Delegacia de Proteção ao Turista (DPTUR) e da Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD), apresentou ao Poder Judiciário as conclusões do inquérito policial que apurou as circunstâncias do desaparecimento de um turista austríaco em Florianópolis, no dia 19 de outubro deste ano.

De acordo com o delegado da DPTUR, Renan Scandolara, a hipótese plausível é de que a vítima tenha deixado seus objetos pessoais em sua mochila, a colocado sob o deck de madeira e ingressado no mar da Praia da Joaquina. “O turista havia ingerido bebida alcoólica e o mar encontrava-se bastante agitado e com correntes marítimas significativas, sinalizado com bandeira vermelha. Não havia ninguém junto a turista, o que indica que ele ingressou sozinho no mar. A falta de retorno do turista à praia para buscar seus pertences é elemento que reforça, por fim, a morte acidental por afogamento do estrangeiro,” disse o delegado.

Importante destacar que não havia sinal de violência externa, na análise do cadáver. “Tal fato se alinha com a ausência de indícios mínimos da prática de delitos com violência e/ou grave ameaça: todos os pertences da vítima foram localizados na praia, na forma que ele possivelmente os havia deixado (sem indicativos de latrocínio); não há histórico de conversas em aplicativos de relacionamento que permitam indicar que turista estivesse em risco; e não há elementos de comportamento autodestrutivo da vítima,” explicou o delegado Renan Scandolara.

O caso

O turista austríaco realizava uma viagem pela América do Sul e foi visto pela última vez na tarde de 19 de outubro de 2023, na Praia da Joaquina, em Florianópolis. Ele já possuía viagem agendada à cidade de São Paulo, com desembarque para o dia 21 de outubro. Contudo, como nunca chegou a localidade e também não se comunicou com a família, foi dado como desaparecido.

A investigação

A Delegacia de Proteção ao Turista (DPTUR), pediu a quebra do sigilo de dados de aplicativos de encontros, redes sociais e contas em nuvem pertencentes ao austríaco e intensificou as buscas por terra, mar e ar nas proximidades do local em que ele foi visto pela última vez.

Uma mochila com indícios de pertencer ao turista foi localizada na Praia da Joaquina, sob um “deck de madeira”, contendo diversos objetos do estrangeiro. Entre eles, o seu telefone celular sem carga, documentos paraguaios em seu nome, cartões de crédito e roupas que, posteriormente, foram confirmadas como sendo dele.

Durante a investigação, foram ouvidas testemunhas, inclusive pessoas que alegaram ter visto o homem após a data do seu desaparecimento. Foram analisadas câmeras de segurança dos locais, sendo que não foram encontrados quaisquer indícios de que turista estivesse circulando pela Capital após a data de seu desaparecimento.

O histórico digital

A DPTUR também analisou os dados digitais de aplicativos de encontros, redes sociais e contas em nuvem. As conversas não apontaram para qualquer relacionamento ou exposição a risco. As fotografias em nuvem também demonstram que, na data do desaparecimento, o turista estava sozinho, tendo feito diversas fotografias e vídeos na Praia da Joaquina, inclusive em ponto próximo onde sua mochila foi localizada.

Testemunhas relataram que o homem continuava a receber mensagens de aplicativos de comunicação em seu telefone até a manhã do dia 20 de outubro, o que poderia evidenciar que ainda estivesse vivo após seu desaparecimento no dia 19. De acordo com a conclusão apresentada pelo delegado Renan Scandolara, a análise dos metadados de conexões resgatados pelas plataformas de tecnologia evidenciam que o telefone do turista se manteve conectado à internet até a provável descarga completa da bateria do telefone.

“O turista havia se conectado à rede pertencente ao restaurante em que esteve por último, que encontra-se próximo ao ponto em que localizada sua mochila, o que indica que a conexão foi mantida em razão dessa rede”, disse o delegado Renan Scandolara.

Encontro de cadáver e cooperação internacional

Na data de 29 de outubro de 2023, 10 dias após o desaparecimento, o cadáver de um homem foi localizado ao mar nas ilhas Moleques do Sul, em Florianópolis. O corpo estava em avançado estado de decomposição, não sendo possível verificar sua identidade.

Mas indícios apontavam se tratar do turista, já que não haviam outras denúncias de pessoas desaparecidas no mar com as mesmas características. A Polícia Civil em cooperação internacional auxiliou na identificação do cadáver. Foram acionados, então, autoridades da Áustria no Brasil, bem como a Polícia Nacional do Paraguai e a Polícia Austríaca.

Foram recebidos prontuários dactiloscópicos e documentos odontológicos do falecido, o que permitiu identificar o corpo como sendo do turista austríaco.

Vinda de familiares ao Brasil

De acordo com a Polícia Civil, os familiares do turista viajaram da Áustria para Florianópolis para realizar o funeral e a repatriação dos restos mortais, juntamente com autoridades consulares do país. Durante esse período, os estrangeiros foram assistidos pela Delegacia de Proteção ao Turista (DPTUR), que prestou auxílio na liberação do cadáver à família, elaboração de documentos relativos ao óbito e a entrega dos objetos pessoais da vítima.

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