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OPERAÇÃO BARBACENA

Polícia desmonta esquema de internações irregulares em clínicas de SC

O caso começou a ser investigado em outubro

• Atualizado

Pedro Corrêa

Por Pedro Corrêa

 Polícia desmonta esquema de internações irregulares em clínicas de SC | Foto: divulgação.
Polícia desmonta esquema de internações irregulares em clínicas de SC | Foto: divulgação.

A Polícia Civil de Santa Catarina desencadeou, na madrugada desta terça-feira (02), a operação “Barbacena”, uma ação que mira um esquema criminoso envolvendo proprietários de clínicas de reabilitação suspeitas de realizar internações irregulares e submeter pacientes a maus-tratos em diferentes cidades do estado. A ofensiva foi coordenada pela Delegacia de Polícia da Comarca de Imbituba.

O caso começou a ser investigado em outubro, depois que policiais civis acompanharam uma fiscalização da Prefeitura de Imbituba e ouviram relatos alarmantes de pacientes que afirmavam estar internados contra a própria vontade, além de sofrer agressões físicas, sedação forçada e privação de alimentação adequada. As denúncias partiram de uma unidade da clínica instalada no município.

Segundo apurado no inquérito, as vítimas eram capturadas por indivíduos vestidos de preto, alguns se passando por policiais, que utilizavam ameaças, violência e até administração de medicamentos para dopar as pessoas antes de levá-las às clínicas do grupo investigado. Uma vez internados, os pacientes tinham a saída voluntária negada e eram submetidos a métodos abusivos de “disciplina”, como contenção física, agressões e aplicação de sedativos sem acompanhamento médico.

A investigação revelou ainda que parte dos medicamentos era administrada por outros internos, chamados de “apoios”, sem qualquer qualificação técnica. O relatório da Vigilância Sanitária de Imbituba confirmou as irregularidades, apontando condições insalubres, falta de alimentos, ausência de controle de medicamentos e inexistência de registros básicos sobre os pacientes.

O esquema operava um verdadeiro “serviço de remoção” ilegal: familiares pagavam cerca de R$ 3 mil por mês pela internação, enquanto o transporte forçado, que configurava sequestro, custava aproximadamente R$ 5 mil. Quando surgiam denúncias, os pacientes eram rapidamente transferidos para unidades em outras cidades para despistar autoridades. As clínicas mantinham operações em Imbituba, Garopaba, Itapema e Itapoá.

Os responsáveis ostentavam uma vida de luxo, com carros importados e imóveis de alto padrão. Dois deles, inclusive, já respondiam a processos por sequestro devido às mesmas práticas e estavam em liberdade provisória, proibidos de continuar realizando “remoções”.

A operação recebeu o nome de “Barbacena” em alusão ao Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, símbolo de violações históricas contra pessoas internadas de forma abusiva, episódio conhecido como “Holocausto Brasileiro”.

Nesta terça-feira, os agentes cumpriram cinco mandados de busca e apreensão em Garopaba, Itapema, Balneário Camboriú e Porto Alegre (RS). Também houve bloqueio de bens, incluindo veículos de luxo e imóveis, somando mais de R$ 1 milhão. Um dos suspeitos, dono de uma das clínicas, foi preso preventivamente em Porto Alegre. Outros dois continuam foragidos.

As diligências seguem em andamento, com apoio da Polícia Civil de Santa Catarina, Polícia Militar catarinense e Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

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