Exclusivo: MP diz que empresa de Cariani emitia notas falsas de produtos para refino de cocaína
SBT News teve acesso ao inquérito que envolve o influenciador fitness. Farmacêuticas denunciaram esquema que pode ter rendido mais de R$ 2,4 milhões
• Atualizado
A empresa na qual o influenciador fitness Renato Cariani é um dos sócios emitia notas falsas de venda de produtos para refino e adulteração de cocaína segundo inquérito do Ministério Público, ao qual o SBT News teve acesso com exclusividade. O MP recebeu denúncia de três importantes empresas da indústria farmacêutica alegando que a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. emitia notas fiscais de venda de produtos que essas empresas não haviam comprado.
Cariani foi alvo de uma ação da Polícia Federal em sua casa em São Paulo nesta terça-feira (12) em uma operação que investiga o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico utilizado na produção de crack. Ele nega irregularidade de sua empresa.
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Segundo estimativas, com base nas informações obtidas até o momento, as operações apontadas geraram lucros de, ao menos, R$ 2,4 milhões, correspondente ao valor movimentado em notas fiscais emitidas ou em depósitos realizados em espécie. Ainda segundo o inquérito, por causa dessas atividades, os envolvidos podem ter obtido mais de R$ 3,7 milhões.
De acordo com a investigação, o modus operandi consistia em utilizar pessoas como depositantes de dinheiro em espécie, sob responsabilidade das empresas LBS, Astrazenica e Cloroquímica, vítimas do esquema, para as empresas Anidrol e Quimieteste, com vistas a justificar a saída dos produtos químicos para o narcotráfico. LBS, Astrazenica e Cloroquímica denunciaram o esquema ao Ministério Público.
O inquérito aponta ainda que uma pessoa próxima a Cariani chamada Fábio Spinola criou criado um e-mail de um suposto funcionário da AstraZenica que teria recebido as vendas. A investigação apurou que o email foi cadastrado em uma conta outlook e essa mesma pessoa teria pago em dinheiro uma empresa para hospedagem de site. Outros diversos elementos apontam para a função de operador financeiros atendendo aos interesses de diversos grupos criminosos, de acordo com a investigação.
O esquema envolvia um total de 60 vendas fraudulentas de lidocaína, fenacetina, manitol e outros produtos químicos utilizados no processamento de entorpecentes. Segundo o relatório, produtos desviados poderiam produzir 1,7 toneladas de cloridrato de cocaína pura; 15,8 toneladas de cocaína; e 12,2 toneladas de crack.
O MP solicitou à Justiça a suspensão das atividades econômicas das empresas Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. e Quimietest Produtos para Laboratórios Ltda., além do sequestro de dois imóveis de Cariani, uma casa em São Bernardo do Campo no valor de R$ 2 milhões, e uma casa em Santos, no valor de R$ 1,1 milhão; e de um apartamento de Roseli Dorth, sócia de Cariani na Anidrol, em São Bernardo do Campo, no valor de R$ 500 mil. Roseli é mãe da dona da empresa Quimietest Produtos para Laboratórios Ltda., também envolvida no esquema.
Foi solicitada ainda a prisão preventiva de Cariani, Roseli e Fábio Spínola, que seria o operador do esquema. A Justiça negou o pedido. Em maio, Spínola preso na Operação Downfall, deflagrada pela Polícia Federal que apontou que ele integrava Organização Criminosa atuando como corretor imobiliário informal. Ele ainda teria ocultado e destrupido provas de interesse do grupo criminoso.
O que diz Cariani
Cariani, de 47 anos, postou um vídeo na tarde desta terça-feira (12) para comentar a ação da Polícia Federal em sua casa em São Paulo em uma operação que investiga o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico utilizado na produção de crack.
“Preciso dividir com vocês o que realmente aconteceu. Pela manhã fui surpreendido com um cumprimento de mandado de busca e apreensão da polícia na minha casa, aonde eu fui informado que minha empresa e outras empresas estão sendo investigadas em um processo que eu não sei porque ele corre em segredo de Justiça”, disse Cariani. “Meus advogados vão dar entrada e daí vou entender o que consta nessa investigação.”
Cariani explicou que sofreu busca e apreensão por ser um dos sócios da empresa investigada Anidrol, uma indústria química localizada em Diadema, na Grande São Paulo.”Essa empresa foi fundada em 1981, tem mais de 40 anos de história. É uma empresa linda onde a minha sócia com 71 anos é a grande gestora da empresa. Tem sede própria, todas as licenças e certificações nacionais e internacionais.”
Quem é Renato Cariani
Professor de química. Professor de educação física. Atleta profissional. Empresário e youtuber. Renato Cariani é conhecido por sua audiência de mais de 13,6 milhões de seguidores – 7,3 milhões no Instagram e 6,3 milhões no YouTube. No ano passado, Cariani utilizou sua popularidade como plataforma para impulsionar a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. O influenciador promoveu uma live ao lado do político no Ironcast, com o médico e fisiculturista Paulo Muzy.
Na época, Cariani disse ter perdido cerca de 25 mil seguidores nas redes sociais, mas durante a entrevista de pouco mais de 2 horas, ganhou 200 mil novos inscritos na plataforma de vídeos, e a live chegou a ter no pico 396,1 mil espectadores.
Bullying e fisiculturismo
“A minha vida até os 14 anos foi totalmente destruída pelo bullying”, disse Cariani em mais de uma entrevista. O influenciador, que era obeso na infância, começou a fazer musculação para fugir do bullying.
Embora envolvido no mundo fitness há anos, ele se tornou fisiculturista profissional em 2020, quando conquistou o Pro Card (documento que permite que o atleta participe de torneios profissionais).
Em seu site oficial, Renato afirma ter formação em química, educação física e administração de empresas. Lá, ele oferece cursos para conquistar “o corpo dos seus sonhos”, aprender “a treinar, a se alimentar melhor e a se organizar para o sucesso”. O valor do plano anual é de R$ 358,80, enquanto o mensal custa R$ 49,90.
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