Morador de Camboriú morto em centro de imigrantes nos EUA queria reencontrar a mãe
Organização de direitos civis nos EUA afirma que a morte de Kesley Vial é resultado das "condições abomináveis" da instalação
• Atualizado
O brasileiro Kesley Vial, morto na última quarta-feira (24) em um centro de detenção de imigrantes nos Estados Unidos, tentava reencontrar a mãe que não via há quase 20 anos. O jovem, de 23 anos, natural de São Paulo, morou a maior parte da vida em Camboriú, Santa Catarina, onde foi criado pela avó, quando decidiu atravessar a fronteira de forma ilegal.
Detido desde 22 de abril após ser pego por guardas da fronteira na cidade de El Paso, no Texas, Kesley foi transferido para a custódia do Centro de Detenção do Condado de Torrance, no Novo México, em 29 de abril, onde aguardava pela conclusão de seu processo de remoção. Segundo o órgão americano, em 17 de agosto o jovem foi internado no Hospital da Universidade do Novo México após ser encontrado inconsciente. Ele ficou hospitalizado no local até a data do seu falecimento.
Em comunicado, o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA afirma que uma equipe médica do local iniciou os esforços para salvar a vida de Kesley assim que ele foi encontrado, entrando em contato com paramédicos locais. Também diz que o departamento “está firmemente comprometido com a saúde e o bem-estar de todos aqueles sob sua custódia”.
Segundo o tio dele, Rosildo Vial, 54, Kesley estava à base de medicamentos e não tinha informações claras de quando seria removido da instalação.”Ele tava desesperado. Dizem que estava tomando oito remédios por dia para depressão.”, comentou Rosildo ao SBT News.
A organização norte-americana de direitos civis ACLU ( União Americana das Liberdades Civis) está ajudando a família e afirma que a morte de Kesley Vial é resultado das “condições abomináveis” do centro de detenção do Condado de Torrance . “Nossas organizações e outras têm alertado há anos sobre as condições brutais e desumanas em Torrance.”
Em março deste ano, o Departamento de Segurança Interna do Escritório do Inspetor-Geral (OIG) emitiu um alerta após visitar a instalação, determinando que o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) tomasse “medidas imediatas para resolver a escassez crítica de pessoal que levou a riscos de segurança e condições de vida insalubres no local”.
Segundo a ACLU, a ICE rejeitou esses avisos e tem negado categoricamente os pedidos individuais de libertação, continuando a deter pessoas no local, incluindo Kesley. “Essa trágica perda de vidas é resultado do abuso e negligência sistêmicos que caracterizam o sistema de detenção de imigrantes dos EUA.”, lamentou a organização em nota.
Além da dor da perda, a família não tem o valor necessário para o translado do corpo de Kesley, e criou uma vaquinha online para arrecadar a quantia de U$ 28 mil, aproximadamente R$ 140 mil. Até o momento, já foram doados U$ 17 mil.
Eles querem que o enterro do jovem oconteça em Danbury, Connecticut, onde a mãe dele mora nos Estados Unidos.
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