Júri popular do assassino de professora ocorre nesta terça, em Florianópolis
Alessandra Abdalla (45 anos) foi morta no dia 24 de novembro de 2022, no bairro Tapera
• Atualizado
Nesta terça-feira (29) acontece o júri popular do policial que assassinou a tiros a ex-companheira Alessandra Abdalla, de 45 anos, no dia 24 de novembro de 2022, no bairro Tapera, em Florianópolis.
“O réu será julgado por supostamente ter matado a sua ex-companheira mediante disparos de arma de fogo“, informou o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Alessandra Abdalla era professora e foi morta a tiros pelo ex-companheiro a caminho do trabalho. O crime ocorreu a poucos metros do Núcleo de Educação Infantil (NEIN). Ela já tinha uma medida protetiva contra o suspeito, que é policial militar e não aceitava o término do relacionamento.
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Prisão do autor
A prisão do autor foi efetuada no dia 24 de novembro de 2022, mesmo dia em que o assassinato ocorreu, por meio da advogada responsável pela defesa de Orlando Seara da Conceição Junior. O local onde o autor estava foi informado para a advogada por meio da família, em seguida, ela foi ao encontro dele, negociou a entrega e o desarmou. “Foi uma entrega que ocorreu de forma voluntária, não houve resistência junto a corporação. Fiz o desarme e levei ele para os procedimentos policiais”, informou Mariana Lixa ao SCC10.
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“Ela era tudo, acabou minha vida, meu chão”, diz mãe de professora assassinada
O velório da professora ocorreu no dia 25 de novembro de 2022, momento do início do enterro no Cemitério do Itacorubi. A mãe da vítima, Sandra Regina Félix, conversou com o SCC10 e pediu justiça por Alessandra Abdalla.
A mãe relatou que Alessandra já estava abalada pela situação com o ex-companheiro, mas preferiu continuar trabalhando em vez de tentar espairecer. Ao saber disso, “ele fez a emboscada e matou ela na rua do colégio onde ia trabalhar. Ela saltou do ônibus, ele bateu nas costas dela, ela olhou pra trás e ele alvejou ela. Sete tiros”.
A diretora da escola onde Alessandra trabalhava, Andréia Fernandes, disse à equipe do SCC10 que, em 15 de novembro, a professora relatou que no dia anterior o ex-companheiro havia a prendido em casa e a ameaçado com uma arma a noite inteira. “Ela foi para a casa da mãe dela em uma segunda-feira e na terça ela fez o B.O contra ele e ficou dois dias sem trabalhar, estava completamente abalada”.
Assim como a mãe, a diretora destacou que a professora estava muito triste nos últimos dias e que sabia que mesmo com a medida protetiva estava sendo perseguida. “Teve um dia que a mãe dela ligou para ele pedindo que saísse do prédio da filha, porque os vizinhos haviam informado Alessandra que ele estava rondando o local”, relatou Andréia.
Além do clima de tristeza e homenagem no velório, familiares pediram por justiça durante a cerimônia de despedida. A mãe e a família temem que o suspeito fique impune.
“Ela era tudo, acabou minha vida, meu chão. Ele destruiu a minha família. E eu peço justiça, mais nada. Não dá, é demais pra mim, ter que enterrar a minha filha agora. É inadmissível isso. Que ele seja condenado e pague pelo crime absurdo que ele fez com a minha filha. Ele não aceitou o término do relacionamento e acontece uma coisa dessas. Ela era tão amiga, companheira, mãe, dedicada”.
Andréia Fernandes também lamentou a morte e pediu justiça em nome da instituição onde Alessandra trabalhava.
“Nós pedimos justiça por ela, não queremos que mais nenhuma mulher passe pelo o que ela passou, foi apenas um ano de convivência com o ex-companheiro e o fato dela não aceitar mais estar com ele resultou nisso. Ela só queria seguir a vida dela, foi muito injusto. Vamos tentar nos reerguer sem a presença dela, mas ainda não acreditamos no que aconteceu”.
Segundo os familiares, o relacionamento tinha um pouco menos de um ano, mas em outubro a relação ficou mais conturbada. O ex-companheiro da vítima, o policial militar Orlando Seara Júnior da Conceição se entregou à polícia na noite do dia 24 de novembro de 2022.
Medida protetiva contra o suspeito
Em 2022, a Polícia Militar foi procurada pelo SCC10 e se pronunciou por nota. A instituição informou que foi possível identificar o suspeito por imagens do local. Ele é policial militar lotado no 4º Batalhão da PM, estava com restrição do serviço operacional e trabalhava no administrativo.
Em relação à medida protetiva contra o suspeito, o comando do Batalhão esclareceu que não tinha conhecimento. Ainda segundo a PM, os disparos ocorreram depois de uma discussão com a mulher.
Confira a nota de 2022 da PM na íntegra
NOTA – 4º BPM – FLORIANÓPOLIS
OCORRÊNCIA DE FEMINICÍDIO NO BAIRRO TAPERA
A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) através do comando do 4º BPM, de Florianópolis, atendeu nesta quinta-feira, 24, por volta das 7h30 da manhã, uma ocorrência em que uma mulher teria sido alvo de vários disparos de fogo próximo a uma creche, localizada no bairro da Tapera. Chegando ao local foi confirmado que a situação se tratava de um Feminicídio.
A mulher foi atingida com vários disparos de arma de fogo e, ao que tudo indicava, teriam sidos disparados pelo ex-companheiro. Imagens do local o identificaram. Depois de uma discussão ele disparou contra a mulher e fugiu para um destino ignorado.
Com as imagens, foi possível a identificação do homem, um policial militar da ativa, lotado no 4º BPM, que estava com restrição do serviço operacional, realizando trabalhos administrativos.
O comando do 4º BPM esclarece que não tinha conhecimento que a mulher havia pedido uma medida protetiva contra o ex-companheiro.
As buscas pelo foragido seguem, com apoio do Batalhão de Operação Especiais (BOPE) para que o mesmo seja preso e levado à Justiça.
Esta tragédia e seu desfecho segue como prioridade do 4º BPM, e assim que houver novos encaminhamentos a PMSC divulgará nova nota.
Nossos consternados sentimentos à família da vítima e à sociedade, diante deste episódio de profundo pesar.
Confira a nota do Sintrasem na íntegra
O dia de hoje amanheceu com uma notícia trágica para a nossa rede e para todas as mulheres.
A companheira Alessandra Abdalla, professora do NEIM Tapera, no Sul da Ilha, foi cruelmente assassinada a tiros pelo ex-companheiro quando chegava na unidade, próximo a outras professoras.
Alessandra foi morta porque o ex-companheiro, um policial militar, não aceitava o término do relacionamento. Ele já havia ameaçado atirar nela anteriormente, e a professora já tinha medida protetiva contra o assassino.
Trata-se de um crime cruel e estúpido que causa dor em todos nós e reafirma, mais uma vez, o sofrimento enorme gerado pelo machismo estrutural e pela violência contra a mulher.
Só no ano passado, 1.341 mortes foram registradas como feminicídio no Brasil. Isso significa um assassinato a cada 7 horas.
Alessandra tinha 45 anos, trabalhava na rede há oito e deixa uma filha. O Sintrasem deixa os seus mais sinceros pêsames à família e aos amigos da professora neste momento difícil.
A luta pela igualdade de gênero não pode descansar. Não é aceitável ser assassinada em seu local de trabalho. Não é aceitável morrer por conta de seu gênero. Isso não pode ser normalizado.
ALESSANDRA; PRESENTE! ✊
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