Gilmar Mendes manda PGR investigar deputada Carla Zambelli
MP terá de ouvir a parlamentar imediatamente, mesmo no formato on line; Zambelli está nos Estados Unidos
• Atualizado
O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou no sábado (5) que a Procuradoria Geral da República ouça de imediato a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), à cerca do episódio em que ela perseguiu um homem negro no bairro dos Jardins, em São Paulo, apontando um revólver para ele.
O despacho de Gilmar Mendes atende a uma solicitação da própria Procuradoria Geral da República para a realização de “diligências para a possível apuração de crimes praticados pela Deputada Federal Carla Zambelli Salgado de Oliveira”. Diz ainda o documento expedido pela justiça: ” Os fatos em questão envolveriam, em tese, os delitos de porte ilegal e disparo de arma de fogo (arts. 14 e 15 da Lei 10.826/2003)”.
Âmbito político
O Ministro Gilmar salienta que os crimes possivelmente ligados a Carla Zambelli, que tem foro privilegiado por ser palamentar, se deram no exercício do atual mandato. O contexto em que ocorreram os fatos, diz o ministro, aponta para delitos causados em razão de discussões políticas relativas às eleições e ao posicionamento político-partidário da Deputada Federal. “Por esses motivos, reconheço, desde já, a competência desta Corte para processamento e supervisão das investigações”, afirma o ministro. Fica estabelecido, ainda, que os possíveis crimes devem ser investigados sob supervisão do Supremo Tribunal Federal.
A deputada já foi ouvida em primeira oitiva, mas o ministro Gilmar Mendes aponta que a reinquirição é medida útil ao desenvolvimento das investigações, a ser realizada imediatamente pela PGR em função da relevância do caso e para dar um “ritmo adequado” ao procedimento.
Perseguição e tiro
Na véspera do segundo turno da eleição para a presidência, Zambelli se envolveu em uma discussão com um homem negro, opositor a Jair Bolsonaro. Alegando ter sido agredida e insultada, a parlamentar e um homem identificado como segurança dela, perseguiram o suposto agressor por ruas do bairro dos Jardins, área nobre de São Paulo. O segurança portava uma arma. Em imagens captadas por telefones celulares de pessoas que presenciaram a cena, ouve-se um tiro, sem que fique claro quem disparou. Na sequência da perseguição, foi a própria Zambelli quem sacou uma arma e, apontando para o homem negro, o levou a se refugiar em um bar das imediações. Ela teria obrigado o homem a se deitar no chão dizendo que ele só deixaria o local depois de se desculpar.
Estados Unidos e tecnologia
Em função da argumentação da assessoria de Zambelli dando conta de que ela está nos Estados Unidos, o ministro determinou que a PGR e a deputada providenciem os meios processuais e o formato do depoimento lançando mão de ” soluções tecnológicas”, sob pena de que as apurações ocorram à revelia e sem dependerem dos esclarecimentos que devem ser prestados por ela. Até o momento da publicação desta notícia, a deputada e sua assessoria não tinham se manifestado.
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