Freira é indiciada pela morte de 10 idosos em asilo de MG
Indiciada era responsável pelo local, interditado em abril do ano passado, em Divinópolis
• Atualizado
A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou na quarta-feira (18) uma freira pelo homicídio doloso de 10 idosos. Responsável por um asilo interditado pela Vigilância Sanitária, a mulher também responderá por exercício ilegal da medicina, curandeirismo, cárcere privado, tortura, maus-tratos e falsidade ideológica.
Ela e outras 15 pessoas eram alvos de um inquérito que apurava denúncia de maus-tratos cometidos dentro da casa de acolhimento intitulada Obras Assistenciais São Vicente de Paulo, em Divinópolis. As investigações tiveram início em abril do ano passado, após a casa de acolhimento, que atendia à época 81 idosos, ser interditada pelo município. De acordo com a denúncia recebida pela Polícia Civil, havia indícios de várias irregularidades de maus-tratos e condições precárias de higiene.
Ao longo de nove meses de apurações, a polícia ouviu mais de 30 pessoas, arrecadou dezenas de provas documentais e laudos médicos, além da realização de perícias. Ao todo, foram registradas 58 vítimas. Dez delas chegaram a morrer por falta de assistência médica.
Em coletiva à imprensa, a delegada responsável pelo inquérito policial, Adriene Lopes, revelou que foram arrecadadas provas de graves violações ao Estatuto do Idoso.
“Conforme levantado, alguns dos institucionalizados, em especial os mais vulneráveis acometidos de distúrbios psiquiátricos, eram mantidos em ambientes insalubres, sem acesso à água e ao vaso sanitário. Além disso, alguns deles eram amarrados com contenções mecânicas sem prescrição médica. Também foi apurado que a instituição não tinha profissionais suficientes para cuidar dos internos como deveria”.
Durante as buscas no local, foram encontrados pacotes de fraldas descartáveis e medicamentos armazenados de forma inadequada, bem como seringas preparadas para serem injetadas sem qualquer identificação. Na investigação foi constatada omissão de socorro.
Ainda segundo a delegada, a freira era quem determinava a omissão ou a inserção de informações falsas dos internos nos prontuários médicos e nas evoluções de enfermagem. “Alguns enfermos sofriam por horas, dias, até evoluir a óbito”, explicou Lopes, que, diante da gravidade e para garantir a sobrevivência dos internos, ainda durante a investigação, afastou a freira do cargo.
Ao todo, 15 pessoas foram indiciadas, entre eles, o presidente da instituição à época, bem como membros da diretoria e do conselho, além da responsável técnica e de demais coordenadores, funcionários e colaboradores que prestavam serviços no local.
O procedimento foi concluído e remetido ao Poder Judiciário com o indiciamento de 15 investigados, entre eles, o presidente da instituição à época, bem como membros da diretoria e do conselho, além da responsável técnica e de demais coordenadores, funcionários e colaboradores que prestavam serviços no local. Os crimes vão desde maus-tratos a tortura.
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