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ASSASSINATO CHOCANTE

Ex-esposa e filho são condenados por assassinato de homem em Criciúma

O crime foi motivado por interesse financeiro, envolvendo o seguro de um financiamento bancário e a pensão por morte

• Atualizado

Sarah Falcão

Por Sarah Falcão

Foto: MPSC
Foto: MPSC

A ex-esposa e o filho da vítima de um crime brutal, ocorrido em novembro de 2022, em Criciúma, foram condenados nesta sexta-feira (11), por homicídio triplamente qualificado.

A mulher recebeu pena de 18 anos de reclusão, e o filho, como tinha menos de 21 anos na data do fato (contava com 19 anos), foi sentenciado a 16 anos, ambos em regime inicial fechado. A sessão teve início na manhã de quinta-feira (10) e foi finalizada na madrugada desta sexta-feira (11), após mais de 16 horas. 

De acordo com o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio da Promotora de Justiça Greice Chiamulera Cristianetti, com o apoio da assistente de acusação, Aline Marques, o crime foi planejado para que mãe e filho pudessem obter vantagem financeira com a morte da vítima.

O objetivo deles era receber o valor do seguro de um financiamento bancário feito para a construção de um imóvel, pois o óbito da vítima quitaria o financiamento, além da pensão por morte. Além disso, os réus sacaram o FGTS da vítima, recebendo mais de R$ 11.500 de verbas rescisórias, e ingressaram com a ação de inventário, que está suspensa até a decisão definitiva sobre o crime. 

O MPSC irá recorrer da decisão buscando o aumento das penas. 

Relembre o caso

Segundo o MPSC, Edson estava separado da ex-companheira há mais de um mês, mas pretendia oficializar a separação. Ele procurou auxílio jurídico e anotou os documentos necessários para o pedido de divórcio.

No dia seguinte, ele retornou ao escritório com a documentação, momento em que sua ex-mulher lhe enviou mensagens pedindo que fosse pessoalmente buscar dois documentos que estariam na casa do ex-casal.

Receoso, o homem foi até a casa, mas, ao chegar, foi brutalmente assassinado pela ex-esposa e pelo filho com 24 golpes de faca. Edson tinha 43 anos. 

O julgamento 

O julgamento teve a participação de amigos e familiares comovidos pelo crime. Entre os presentes, estavam ex-colegas de trabalho da vítima. 

“Ele era um cara muito tranquilo, não era capaz de fazer mal a uma formiga, estava sempre disposto, brincando, querendo ajudar, acalmar as situações de dia a dia na empresa. Hoje a gente veio aqui em busca de ver a justiça sendo feita”, conta Rafael Custódia Dias, que trabalhava com a vítima. 

Estevão Pierini, proprietário da empresa onde o homem trabalhava na época em que o crime ocorreu, permaneceu em plenário do início ao fim da sessão, por volta de 1h da manhã. Ele expressou a dor dos funcionários.

 “Hoje a gente está aqui com um sentimento enorme de revolta, de todos nós, de todos os funcionários, alguns inclusive que quiseram vir aqui ver pessoalmente o julgamento. Ele era um dos meus funcionários de confiança, honesto, paciente. Estou aqui com o coração pequeno, apertado, apenas esperando que a justiça seja feita”, relatou. 

Uma das irmãs da vítima, que acompanhou todas as fases do julgamento, expressou sua indignação em relação ao crime e relembrou com carinho do irmão.

“Casamentos não dão certo, acontece e faz parte, mas matar alguém por isso jamais poderia acontecer. Ainda lembro tanto dele, em momentos especiais. Estou aqui vendo tudo arrasada, sem chão. Justamente quando ele ia começar a viver uma nova vida, ia se separar, isso ocorreu. Só esperamos por justiça”, desabafou Vanusa Senna.

Três qualificadoras 

O homicídio foi agravado por três qualificadoras.

  • A primeira foi o motivo torpe, uma vez que o crime foi motivado pelo desejo de lucro financeiro;
  • A segunda foi o emprego de meio cruel, visto que a vítima sofreu intenso sofrimento físico ao ser esfaqueada no tórax e no abdômen 24 vezes.
  • Por fim, a traição, já que a mulher atraiu o ex-marido ao local sob o pretexto de entregar-lhe documentos, aproveitando-se da confiança que ele ainda tinha nela. 

“Hoje, depois de quase dois anos de um crime tão bárbaro e brutal, finalmente foi possível dar uma resposta à família, aos amigos e à própria memória do Edson. Infelizmente não é incomum termos homicídios e realizações de Tribunais do Júri, mas é, sim, incomum termos um caso tão vil como esse. O filho e a ex-esposa, com quem o Edson viveu 23 anos, colocaram um preço na vida dele, e isso é inaceitável. Hoje a sociedade criciumense pôde decidir que crimes, especialmente como esse, não são tolerados. Infelizmente a pena não foi, no sentir da acusação, suficiente para reprovar um fato tão grave, então iremos recorrer para que seja dada uma resposta à altura, confirmando com veemência a decisão dos jurados”, relata a Promotora de Justiça Greice Chiamulera Cristianetti.  

Os réus, que já estavam presos preventivamente, tiveram o pedido de recorrer em liberdade negado.

*Estagiária sob supervisão.

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