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“Ele estava matando a mãe dela”: família de menina de 12 anos que esfaqueou padrasto fala pela primeira vez

Irmão da menina, de apenas 6 anos, também usou um garfo para tentar ajudar a mãe

• Atualizado

Redação

Por Redação

Foto: Arquivo Pessoal | Cedida
Foto: Arquivo Pessoal | Cedida

Por Renato Becker e Vitória Hasckel

Uma semana após uma criança de 12 anos esfaquear o padrasto depois de presenciar a mãe ser agredida pelo homem em Blumenau, um parente da menor de idade relatou como a família está lidando com o trauma. Medo e apreensão têm sido emoções presentes no dia a dia da criança, da mãe e dos irmãos desde o dia 24 de janeiro, quando tudo aconteceu no Bairro Itoupava Norte.

De acordo com informações da família, o casal havia se separado recentemente e, inconformado com o término, o homem retornou até a casa da ex-mulher e começou a agredi-la. Um dos parentes relatou que não estava no local no momentos das agressões, mas recebeu uma ligação desesperada da menina. “Ela disse que ele estava matando a mãe dela e que ela deu facadas nele e ele saiu correndo”, relembra o familiar, que pediu para não ser identificado.

“No dia ele foi na casa da ex-companheira e ela se negou a conversar, então ele ficou em um mercado da esquina bebendo. Ela chamou a polícia, mas os policiais disseram que só poderiam fazer algo se ele entrasse na casa dela”, conta. Horas depois, o homem entrou na residência e, sem falar nada, teria começado a dar socos na cabeça da mulher. “Um bebê de oito meses, que estava com ela, acordou e começou chorar muito alto. Ela então saiu correndo para tirar ele dali, nessa hora os filhos já estavam em desespero. Na porta do quarto do filho mais novo ele agarrou e derrubou a mulher novamente e começou a espancá-la, batendo a cabeça dela no chão”, relata o familiar. Nesse momento, a criança, de 12 anos, teria pego uma faca na cozinha e desferido três golpes nas costas do padrasto. Segundo o PM, as perfurações atingiram o pulmão do homem.

O irmão da menina, de apenas seis anos, também teria utilizado um garfo para tentar ajudar a mãe. Entretanto, segundo a família, o padrasto desarmou a criança e usou o garfo para ferir a mulher na testa diversas vezes. Quando parentes chegaram na casa, se depararam com muito sangue nos cômodos e pelo corpo da mulher e das crianças. Em estado grave, o homem foi levado para o Hospital Santo Antônio, onde permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Antes de entrar em coma, foi dado voz de prisão ao homem. Segundo informações recebidas, o suspeito teria acordado do coma na última terça-feira (1). Contudo, o hospital não pôde confirmar a informação. A mulher foi conduzida ao pronto atendimento com lesões na face e no pescoço.

  • Ele estava matando a mãe dela família de menina de 12 anos que esfaqueou padrasto fala pela primeira vez (3)
  • Ele estava matando a mãe dela família de menina de 12 anos que esfaqueou padrasto fala pela primeira vez (3)

A investigação sobre o crime foi finalizada no mesmo dia e o inquérito policial encaminhado ao Poder Judiciário, que determinará se o homem será denunciado pelo crime.

Para a reportagem do SCC10, a família afirmou que antes de se separar, o ex-companheiro já havia agredido a vítima. “Ele batia quando bebia e depois negava e dizia que ela inventava (…) Nunca fui com a cara dele mas ela é muito inocente e não via a maldade”, conta o parente.

>> Menina de 12 anos esfaqueia padrasto para defender a mãe de agressão em Blumenau

Enfrentando um câncer

Além de lutar contra a violência doméstica, a mulher de 43 anos também enfrenta um câncer na calota craniana. A família conta que há cinco anos ela foi diagnosticada com um câncer de mama, que acabou se espalhando para o pulmão e ovário.

Durante um exame de cintilografia, que faz o diagnóstico por imagem, os médicos identificaram que os tumores haviam se espalhado pelo corpo todo, sendo na calota craniana o local mais crítico, conforme informações da família.
Familiares acreditam que o agressor teria tentado golpear a mulher na cabeça por saber que é o local que ela tem o tumor mais grave.

“Ela foi heroína”, afirmam parentes

Com medo que o ex-companheiro fuja do hospital, a mulher não abre a porta de casa desde o dia das agressões e só fica trancada no quarto com as crianças. A família está em busca de um apartamento em condomínio fechado, uma vez que não se sente mais segura na residência onde moram e procuraram tratamento psicológico para lidar com o trauma. “A menina está tranquila, já foi no psicólogo e desde o primeiro momento deixamos claro que ela foi heroína e que se não fosse ela, a mãe estaria morta, pois já estava desacordada”, dizem os parentes.

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Posicionamento da família do suspeito

A mãe do suspeito acredita na inocência do filho e diz que nunca soube de nenhuma agressão que ele possa ter cometido em outros relacionamentos. Ela conta que o atual relacionamento do filho parecia ser bom e que a nora nunca falou sobre agressões. “Não estou aqui para julgar ninguém, só quem vai julgar é Deus. Mas eu acredito na inocência do meu filho. Com tudo que está acontecendo, eu quero que Deus tome conta dela e tire meu filho do hospital”, comentou.

O suspeito morava com os familiares, em Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju, no estado de Sergipe, antes de vir para Santa Catarina. Para que a mãe possa visitar o filho, que está hospitalizado em Blumenau, familiares vão tentar comprar uma passagem. Segundo a mãe, a família ainda não procurou um advogado para cuidar do caso. “Eu estou muito desesperada, não tenho advogado, moro aqui em Sergipe, não sei o que aconteceu, ninguém me conta o que aconteceu”, diz a mulher, que revela que chegou a passar mal após saber da facada, precisando inclusive ser hospitalizada após um princípio de infarto.

Segundo a mãe do homem, ela recebeu uma mensagem da nora avisando que a menina havia dado uma facada em seu filho. Ela diz que não foi informada do motivo da facada e que não recebeu mais detalhes. A última informação que ela teria recebido foi do hospital, dizendo que o filho havia sido entubado após uma hemorragia. A família chegou a buscar ajuda da assistência social lá em Sergipe para estabelecer contato com o hospital, entretanto, não conseguiram novas informações.

Procurado pela reportagem do SCC10, o hospital informou não poder se manifestar sobre o estado de saúde do paciente.

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