Eca! Vídeo mostra ratos em centro cirúrgico em hospital referência
Reportagem exclusiva mostra descaso no atendimento aos pacientes, que são "internados" em corredores
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Na segunda parte da reportagem exclusiva do SBT sobre o atendimento em um dos maiores hospitais públicos de Guarulhos, na Grande São Paulo, o jornalista do SBT, Fabio Diamante, mostra mais relatos e registros da precariedade na saúde pública do estado.
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Dona Cândida, de 87 anos, foi uma das vítimas deste descaso. Apesar de já ter um diagnóstico de doença pulmonar, antes de dar entrada no Complexo Hospitalar Padre Bento, a idosa ainda andava e levava uma vida normal.
Até que, um dia, a aposentada teve um mal-estar e a filha dela chamou uma ambulância. “O Samu entra com a minha mãe, não tinha ninguém para nos receber, para poder fazer a famosa triagem. A moça do Samu adentra ao hospital para procurar alguém para poder passar o caso para poder ir embora. Com uns 40 minutos, veio um médico, que falou para mim, que ela ia internar, que eu tinha que voltar, no outro dia, para saber do boletim médico”, relata a técnica de enfermagem, Elizabeth Dantas.
Internar no Hospital Padre Bento significa ficar no corredor, ou no pronto-socorro mesmo. O hospital, que é do governo do Estado, mantém fechadas pelo menos seis enfermarias, que estão equipadas.
Dona Cândida, então, ficou no pronto-socorro. A idosa foi medicada com antibióticos e, segundo a filha, não foi tirada da cama uma vez sequer. “Está com quinze dias. Quinze dias que você não anda, né?”, diz Elizabeth, questionando a mãe. “Minha mãe ficou lá quase vinte dias. Ela ficou vinte dias sem tomar banho, tomava banho no leito, né? Minha mãe não falava que era banho, minha mãe falava que era limpeza”, ela acrescenta.
“Elas te davam banho, na cama, todos os dias né?”, continua a filha. “Nem sentava”, lembra a idosa. “Nem sentava você para dar banho. Tinha, mãe, fisioterapeuta?”. “Não”, responde Dona Cândida.
Apesar de claramente debilitada, a aposentada chegou a receber alta. “Trouxe minha mãe para casa. Dois dias depois, minha mãe voltou para lá, para o Hospital Padre Bento. Liguei para o Samu. Minha mãe estava saturando 66, mesmo com oxigênio”, afirma Elizabeth.
Dias depois, o pior aconteceu. “Há quanto tempo sua mãe faleceu?”, pergunta o repórter. “Hoje, tem oito dias”, lamenta Elizabeth. “Ninguém te respondeu nada?”, continua Fabio Diamante. “Não. Se eles não fizeram nada pela vida dela, imagina responder”.
A morte da paciente acontece em meio ao caos instalado no hospital, que atende moradores de Guarulhos e mais cinco cidades da Grande São Paulo. Funcionários denunciam o uso de equipamentos sem manutenção. Um dos respiradores da unidade, por exemplo, está com a calibragem vencida desde 2021.
O isolamento de pacientes com doenças contagiosas é improvisado. “Às vezes, é obrigado a fazer o isolamento dentro de um consultório. Já houve situação de, quando chegou para ver, o paciente estava morto. Porque uma porta fechada, um consultório, esqueceu o paciente. A demanda é tão grande que, infelizmente, já teve situação que, quando foi ver, já estava morto”, relata um funcionário que prefere não ser identificado.
Faltam médicos também. Só que eles existem. A escala na parede no hospital mostra que lá deveriam ter, pelo menos, quatro médicos ao mesmo tempo. O que, de acordo com a equipe de enfermagem, não acontece. “Médico de pronto-socorro, se tiver cinco na escala, só vai ter um, porque todos fazem o esquema. Alguns fazem horário prolongado de almoço, quatro horas, cinco horas”, explica o funcionário.
Talvez, não por acaso, o próprio SBT Brasil já tenha mostrado, há 6 anos, que médicos batiam o ponto no Hospital Padre Bento e iam embora. Hoje, isso também é comum. Tem funcionário que dorme, durante o expediente, na sala de espera.
O hospital também tem sérios problemas de higiene. O lixo hospitalar, de acordo com os próprios funcionários, é descartado de forma irregular, e o mais revoltante: tem até ratos dentro do hospital.
Um vídeo, gravado no último final de semana, mostra um rato saindo de dentro do hospital e entrando no lixo, que ainda será descartado. E, se um rato no hospital é ruim, imagine dois.
Funcionários contam que os animais também são vistos dentro da unidade. “Tem rato. O rato, na verdade, ele anda pelo hospital inteiro. Tem o rato no vestiário, né? Outro dia, as meninas do centro cirúrgico, todas ficaram gritando, dizendo: olha, tem rato!”
Uma foto, tirada pela equipe de enfermagem, mostra um rato atrás de uma porta de vidro, que fica perto da internação e no caminho para o centro cirúrgico.
O lixo hospitalar também não poderia ser depositado naquele local, já que ele fica muito próximo ao vestiário e à copa usada pelos funcionários.
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