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Denúncia

Diretora de creche denunciada por maus-tratos em São José nega acusações

Ex-funcionária registou boletim de ocorrência denunciando que diretora e funcionárias prendiam crianças em um canil como forma de castigá-las

• Atualizado

Vitória Hasckel

Por Vitória Hasckel

Morgana Fernandes

Por Morgana Fernandes

Denúncias de maus-tratos em uma creche particular no bairro Serraria, em São José, ganharam repercussão nesta semana, após uma ex-funcionária da unidade registrar um boletim de ocorrência relatando que crianças passavam fome e eram trancadas em um canil como punição por mau comportamento.

A ex-funcionária, que trabalhou por três dias no local, narrou que os alunos eram privados de comida, precisando dividir cinco bananas e uma maçã picada entre 17 crianças. A professora expôs ainda que uma marmita teria sido dividida entre quatro turmas, de cerca de 15 alunos cada.

Em entrevista ao SCC SBT, a dona e diretora da creche Ana Paula da Silva Medeiros nega as acusações, diz ser vítima de calúnia e afirma ainda que sempre defendeu os direitos das crianças. “Isso foi uma calúnia. Com 43 anos, sendo 24 de profissão, eu trabalhei em creche com nome, com câmeras, colégios públicos. Quem conhece meu trabalho sabe que eu jamais faria isso com a educação. Ao contrário, eu sempre lutei pelo direito das crianças e sempre fui além de ser uma professora. Não é só dar aula, é ir lá e colocar a mão na massa. Muitos professores que trabalham comigo estão me apoiando”, afirma.

Ana Paula destaca que o valor da mensalidade cobrada é baixo, mas que as alimentações são fornecidas com o auxílio de pais e responsáveis, que doam pães, frutas, vegetais e doces: “fome as crianças não iriam passar, é mentira, temos fotos das crianças comendo, piquenique embaixo da árvore”. A declaração da diretora também vai contra os detalhes fornecidos pela denunciante, que informou à polícia que a comida não era suficiente e que crianças não comiam por falta de alimento.

Canil X Casinha

Segundo a denúncia apresentada pela ex-funcionária, um canil era utilizado pela diretora e pelas professoras como local de castigo. Uma mãe de aluno afirma que o filho já havia contado ter ficado de castigo no “canil”. “Ele não sabe explicar. Quando aluguei uma casa ali, para você ver, já acontecia a tempo, porque quando aluguei a casa tinha uma grade que a gente abre e um lugar para sentar, e ele disse: “mamãe, castigo da escolinha”. Ele se sentou bem quietinho de cabeça baixa e é exatamente como ele ficava lá no canil”, disse.

A utilização do “canil do castigo” é negada por Ana Paula. “Nós usamos o espaço como casinha, pintamos de verde e de amarelo. O espaço jamais ficou fechado, as crianças tinham acesso para brincar e elas entravam e saíam. Muitas vezes brincamos com eles lá dentro”, conta a diretora, que explica que a estrutura já existia antes do local ser alugado, e que devido ao contrato ela não poderia desmanchar, por isso decidiu adaptar para um ambiente de brincadeiras.

Em situação irregular, a creche funcionava a cinco anos e foi fechada para atendimento aos alunos após as denúncias, segundo a Prefeitura de São José. 

Agressões:

Em entrevistas ao SCC SBT, uma mãe de um aluno, que não quis ser identificada, relatou que o filho sofria maus-tratos e que uma professora já teria utilizado um cabo de vassoura para agredir a criança, além de ter o deixado preso em uma grade. “O primeiro dia que meu filho foi para a creche, quando a gente foi buscá-lo, quando chegamos na porta da escola, ele simplesmente começou a chorar desesperadamente, falando que a professora tinha batido nele. Simplesmente fiquei em choque e, ao mesmo tempo, querendo acreditar no meu filho e querendo não acreditar”, disse uma das mães.

Sobre os machucados, Ana Paula aponta serem provocados em brincadeiras entre as próprias crianças e ocorriam devido ao tamanho das unhas: “acontecia das crianças estarem com a unha grande, elas se arranham. Eu avisava as mães quando as crianças se arranhavam e que as unhas estavam grandes”.

Investigação:

No dia que a denúncia se tornou pública, a proprietária da creche chegou a ser encaminhada para a Delegacia de Polícia Civil e prestou depoimento, sendo liberada em seguida. Segundo a Polícia Civil, o delegado considerou não ter elementos suficientes para a prisão.

Os pais e responsáveis entraram com um processo coletivo contra a proprietária e a unidade. O advogado das famílias, Tiago Santos de Souza, explica que os crimes de maus-tratos são de menor potencial ofensivo e não é isso que querem: “Queremos ser justos, averiguar os fatos”, disse.

No dia da divulgação das imagens de dentro da creche, pais invadiram a escola e ameaçaram a diretora e os demais funcionários. Agora, o medo envolve possíveis agressões e ameaças nas redes sociais. Para o advogado da diretora, Wandergell Leiroza, ações penais serão protocoladas. “A delegacia está apurando alguns fatos que são gravíssimos e, ao mesmo tempo, estamos promovendo ações penais contra as pessoas que vandalizaram, destruíram, ameaçaram, caluniaram e estão praticando crimes de stalking na internet”, pontuou o advogado.

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