Cariani presta depoimento à PF após ser alvo de operação sobre desvio de produtos
Na quinta-feira (14), Cariani chegou a postar um vídeo para explicar a troca de mensagens com a sócia Roseli Dorth falando sobre a fiscalização que receberia da polícia ambiental na fábrica da Anidrol
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O empresário, fisiculturista e influenciador fitness Renato Cariani presta depoimento nesta segunda-feira (18) na sede da Polícia Federal, em São Paulo, sobre o inquérito do Ministério Público em que a empresa onde ele é sócio, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., é apontada como suspeita de emissão de notas falsas e desvio de produtos que podem ser usados para refino e adulteração de cocaína.
Na quinta-feira (14), Cariani postou um vídeo para explicar a troca de mensagens com a sócia Roseli Dorth falando sobre a fiscalização que receberia da polícia ambiental na fábrica da Anidrol. No inquérito ao qual o SBT News teve acesso, Cariani diz para Renata em 13 de abril de 2014:
“Graças a Deus esta semana é curta, podemos trabalhar no feriado pra arrumar de vez a casa e fugir da polícia (…) Também precisamos arrumar o mapa da Civil, vão vir babando (…) Arruma tudo para esperar estes vermes. Acho que a polícia pode aparecer ainda esta semana. Por isso que quero que a semana passe rápido…”
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No vídeo, Cariani justificou que não se lembra dessa troca de mensagens ocorrida quase dez anos atrás e que vai constar a veracidade da conversa. Mas, de qualquer forma, alegou que:
“Ninguém trabalha final de semana para fugir da polícia. Provavelmente na semana seguinte teríamos auditoria da Divisão de Meio Ambiente da Polícia Civil que anualmente vai fazer fiscalização para renovar a licença.”
Ainda de acordo com o influenciador, a conversa se deu para fazer uma dupla checagem dos processos e dos produtos na empresa para receber a fiscalização. E explicou o termo “verme” usado na mensagem para se referir à polícia.
“Peço desculpas se eu usei um termo inapropriado, mas é uma conversa entre dois sócios, é um desabafo. Às vezes você xinga um cliente, fiscal ou fornecedor. Passar por auditoria é muito estressante.”
Em outra conversa, também em 2014, Cariani pede para que Roseli apague as mensagens referentes a um diálogo em que ela o questiona sobre a retirada e um pagamento. Cariani responde sobre a retirada de “sulfúrico e acetona” – produtos controlados usados no refino de drogas como crack e cocaína e que teriam sido desviados em um esquema de notas frias e pagamentos em dinheiro.
Ainda segundo o MP, na mesma conversa, Roseli sugere declarar falsamente o tipo de produto vendido em nota fiscal para uma empresa que não possui o registro necessário do produto. Ela sugere “arrancar o rótulo” e lançar como outro item, o que, segundo Roseli, seria “tranquilo e rápido”. Segundo Cariani, a venda foi feita para uma empresa que não tem certificação norte-americana United States Pharmacopeia (USP), então precisou retirar o rótulo “premium” para vender como um produto “básico”, que não necessita da certificação.
Entenda o caso
Cariani foi alvo de uma ação da Polícia Federal em sua casa em São Paulo na 3ª feira (12.dez) em uma operação que investiga o tráfico de drogas e o desvio de um produto químico utilizado na produção de crack.
A empresa na qual ele é um dos sócios emitia notas falsas de venda de produtos para refino e adulteração de cocaína, segundo inquérito do Ministério Público, ao qual o SBT News teve acesso com exclusividade. O MP recebeu denúncia de três importantes empresas da indústria farmacêutica alegando que a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. emitia notas fiscais de venda de produtos que essas empresas não havia comprado. O inquérito diz que cerca de 60 notas fiscais falsas podem ter sido emitidas entre 2014 e 2019.
“Minha empresa emite 1.000 notas por mês. De 2014 a 2019 seriam 72 mil notas. Esse volume é menos de 0,001%.”
Segundo estimativas, com base nas informações obtidas até o momento, as operações apontadas geraram lucros de, ao menos, R$ 2,4 milhões, correspondente ao valor movimentado em notas fiscais emitidas ou em depósitos realizados em espécie. Ainda segundo o inquérito, por causa dessas atividades, os envolvidos podem ter obtido mais de R$ 3,7 milhões.
O inquérito aponta ainda que uma pessoa próxima a Cariani chamada Fábio Spinola criou criado um e-mail de um suposto funcionário da AstraZenica que teria recebido as vendas dos produtos e as notas frias. Em maio, Spínola foi preso na Operação Downfall, deflagrada pela Polícia Federal, que apontou que ele integrava a organização criminosas PCC atuando como corretor imobiliário informal. Ele ainda teria ocultado e destruído provas de interesse do grupo criminoso.
Cariani diz que sua empresa tem 40 anos de existência e nenhuma relação com o crime.
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