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Grave

Mulher tem corpo deformado após cirurgia plástica em SC: “Pensei que ia morrer”

Letícia relatou complicações graves logo após a cirurgia; a Polícia indiciou o médico responsável

• Atualizado

Carolina Sott

Por Carolina Sott

Sofia Gonzalez

Por Sofia Gonzalez

Mulher tem corpo deformado após cirurgia plástica em SC | Foto: Arquivo Pessoal/Cedido ao SCC SBT
Mulher tem corpo deformado após cirurgia plástica em SC | Foto: Arquivo Pessoal/Cedido ao SCC SBT

O médico cirurgião Marcelo Evandro dos Santos, que atua em Florianópolis, foi indiciado por lesão corporal gravíssima contra uma paciente que teve o corpo deformado no início deste ano. Popular nas redes sociais, ele vai responder acusações após relatos de procedimentos e cirurgias estéticas realizados por ele que terminaram em queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido.

A repórter Sofia Gonzalez, do SCC SBT, entrevistou Leticia Mello, de 41 anos, neuropsicopedagoga e paciente que levou ao indiciamento do médico. A mulher contou que conheceu o cirurgião pelas redes sociais e teve sua primeira consulta em janeiro. O objetivo inicial era trocar as próteses de silicone e obter informações sobre uma técnica de lipoaspiração. No entanto, o médico sugeriu outros procedimentos.

“Eu fui atrás da troca das próteses mamárias e para saber mais sobre essa lipo LED, que ele fala muito nas redes sociais”, disse Letícia. 

“Depois, ele foi sugerindo outras coisas, dizendo que poderia fazer o que a academia não faz, como retirar gordura das coxas. Ele notou uma depressão nos meus glúteos e sugeriu tirar gordura das costas para colocar ali. Achei fantástico, porque fui em busca de um procedimento e, como médico, ele me apresentou várias opções, me passou muita confiança, muita credibilidade e eu acreditei que colocando a minha vida nas mãos dele, tudo sairia bem.”

Letícia afirma que fez todos os exames pedidos pelo médico. Na consulta de retorno, ele garantiu que estava tudo certo e marcou a cirurgia para o dia 29 de fevereiro, no Hospital Beira-Mar, em Florianópolis.

A paciente passou por 12 cirurgias no mesmo dia, que duraram 10 horas, com a remoção de 7 quilos de gordura. Após o procedimento, no entanto, ela ficou 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais de dois meses internada.

Complicações após a cirurgia

Letícia relatou complicações graves logo após a cirurgia. “Saí com falta de ar, muito debilitada e com o lado direito do corpo paralisado. Ao todo, recebi seis bolsas de sangue. Achei que morreria naquele momento.”

Ela também descreveu sensação de “queimação” em várias partes do corpo.

“Eu não conseguia usar roupas e precisava ficar com o ar-condicionado ligado o tempo todo, pois sentia como se estivesse em uma fogueira. Minhas pernas, abdômen, braços e seios estavam queimando. Passei por muita dor. Foram 20 dias sob os cuidados desse médico, enquanto lidava com necrose e queimaduras, até que minha família encontrou outro profissional para me salvar. A partir daí, começou uma nova fase, a luta pela vida”, disse Letícia.

Paciente relata negligência médica

A paciente afirma que não foi informada sobre os riscos e a complexidade dos procedimentos. “Descobri depois que foram 12 cirurgias, sendo que cada mama e cada glúteo contavam como um procedimento separado. Para mim, o entendimento inicial era de que se tratava apenas de intervenções nos seios, glúteos e abdômen.”

“Eu deveria ter sido informada que seriam 12 cirurgias, que poderiam durar mais de 8 horas e que a quantidade de gordura removida ultrapassaria os 7%. Houve imprudência e negligência em não me esclarecer os riscos que eu correria.”

Indiciamento e investigação

Letícia fez uma denúncia na Delegacia-Geral da Policia Civil de Santa Catarina, que instaurou um inquérito.

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou que tomou conhecimento do caso e instaurou, nesta terça-feira (15), um procedimentos para apurar os fatos. Ainda segundo o órgão, outras informações serão divulgadas no decorrer da semana.

O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) informou que está apurando a conduta do médico por meio de uma sindicância. Conforme o conselho, devido a uma resolução que exige que a investigação ocorra de forma sigilosa, o CRM não fará manifestações públicas sobre o processo em tramitação.

O médico Marcelo Evandro dos Santos foi procurado pela reportagem do SCC SBT para comentar sobre o caso, mas não retornou aos nossos contatos. O espaço segue aberto para manifestação sobre o caso.

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