Seriado ‘Ruptura’: quando a arquitetura é personagem principal
Você já parou pra pensar como a arquitetura pode contar uma história inteira sem dizer uma palavra?
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Você já se sentiu desconectado de um ambiente sem saber o motivo? A série Ruptura mostra como a arquitetura pode manipular emoções sem que a gente perceba.
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Você já parou pra pensar como a arquitetura pode contar uma história inteira sem dizer uma palavra? Se a resposta for não, talvez esteja na hora de assistir (ou rever) a série Ruptura (Severance), da Apple TV+. Além de uma trama instigante, ela é uma verdadeira aula de como o espaço interfere diretamente nas nossas emoções e comportamentos.
A série se passa quase toda dentro da sede da empresa Lumon, onde os funcionários passam por um procedimento que separa a memória do trabalho da memória da vida pessoal.
Logo de cara, a arquitetura do prédio é desconfortável. Corredores longos, paredes brancas, sem janelas, quase sem referência de tempo ou lugar. Parece um escritório congelado nos anos 70, com aquela estética retrô-fria, que mais parece um experimento social do que um ambiente de trabalho.
A sala onde os personagens principais ficam, por exemplo, é uma grande área vazia, com uma única mesa quadrada no meio. Eles dividem o mesmo móvel, mas estão isolados. Sem divisórias, mas com muito distanciamento. É o vazio que separa e não o mobiliário.
Os móveis seguem essa linguagem impessoal: cadeiras verdes, mesas antigas, tudo com cara de que foi reaproveitado de algum arquivo morto. E a iluminação? Fria, branca, artificial. Aquela luz que não valoriza ninguém e parece sugar qualquer emoção.
Nada ali é por acaso. Tudo foi pensado para criar uma sensação de desconexão. E funciona. A gente assiste desconfortável, tenso, exatamente como os personagens vivem. E isso é o poder da arquitetura: provocar sentimentos, reforçar narrativas, influenciar o comportamento.
Ruptura mostra, de forma sutil e poderosa, como o espaço pode ser opressor mesmo sem dizer uma palavra. E nos faz refletir: quantos ambientes do nosso dia a dia ainda carregam esse mesmo tipo de “desconforto silencioso”?
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