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Polêmica em Lages

Restaurante de Lages é interditado e caso repercute nas redes sociais

O restaurante Osteria Taipa foi interditado pela Seplan nesta quarta-feira (23)

• Atualizado

Ingrid Deucher

Por Ingrid Deucher

Foto: reprodução redes sociais Osteria Taipa
Foto: reprodução redes sociais Osteria Taipa

O restaurante Osteria Taipa, em Lages, foi interditado na tarde desta quarta-feira (23) pela fiscalização da Secretaria de Planejamento e Obras (Seplan) da prefeitura. A ação pegou de surpresa os proprietários Vinícius e Vitor Branco, que receberam a equipe de fiscais momentos antes de abrirem o estabelecimento para receber os clientes.

Segundo Vinícius, a abordagem aconteceu cerca de 30 minutos antes da abertura do restaurante, e os fiscais informaram que a interdição foi motivada por supostos ruídos e eventos recentes realizados no local. No entanto, ele destacou que os eventos eram jantares com convidados de fora, sem qualquer natureza de festa ou barulho excessivo. “Somos um restaurante familiar”, enfatizou, lembrando que o alvará atual permite funcionamento até às 22h.

Vitor, também proprietário, acrescentou que, inicialmente, o alvará permitia que o restaurante funcionasse até meia-noite, mas nos últimos dois meses, eles tiveram que fechar às 22h, o que já gerou prejuízos ao negócio. A interdição, no entanto, foi considerada arbitrária pelos irmãos, que afirmam estar sendo penalizados por conta de reclamações de um vizinho em específico.

O impacto da interdição veio em um momento especial para o restaurante. Na noite anterior da interdição, o Osteria havia realizado um jantar exclusivo com chefs convidados de Porto Alegre e São Paulo, além de jornalistas renomados no cenário gastronômico. O objetivo, segundo eles, além de fomentar o restaurante, era promover o turismo gastronômico em Lages, com visitas a produtores locais e vinícolas da região. “Nosso restaurante é 90% abastecido por produtores locais de Santa Catarina, e o evento foi pensado para fortalecer essa relação”, explicou Vitor.

Sobre o documento entregue pela Seplan, Vinícius afirmou que a principal justificativa para a interdição foi o não cumprimento do horário de funcionamento, incluindo a exigência de que nem os funcionários poderiam permanecer no local após as 22h30. “Isso se torna inviável. Não temos nem meia hora para limpar a cozinha”, desabafaram os proprietários.

Os prejuízos da interdição não se limitam ao financeiro. Os irmãos estimam que o fechamento repentino tenha causado uma perda de cerca de R$12 mil em uma única noite, além do desgaste moral de ter que cancelar reservas e comunicar aos clientes sobre o fechamento inesperado. “Investimos em assessoria de imprensa, marketing e parcerias para oferecer uma experiência diferenciada. Ter que ligar para os clientes e dizer que estamos fechados por conta da prefeitura é revoltante”, afirmou Vinícius.

Segundo os proprietários, uma reunião com representantes da Seplan está marcada para hoje às 14h, na esperança de que o caso seja resolvido. Nas redes sociais, a interdição gerou grande repercussão, com manifestações de apoio da comunidade e de outros restaurantes da cidade. Os empreendedores agradeceram o apoio e pediram que a população continue frequentando os restaurantes locais como forma de valorizar o empreendedorismo e a gastronomia de Lages.

“Queremos ver os restaurantes de Lages lotados. Que essa situação sirva de lição para a comunidade se unir e fortalecer a gastronomia local”, concluiu Vitor.

Posicionamento da Seplan

A Rádio Clube entrou em contato com Gabriel Prestes, Secretário da Seplan, que se posicionou sobre o fechamento. O secretário disse que o restaurante recebeu duas notificações desde março de 2024, relacionadas a denúncias sobre o horário de funcionamento e ruídos gerados pelo estabelecimento. “Como essas notificações não foram atendidas, a secretaria emitiu uma multa, e, após a constatação de que o alvará não estava sendo cumprido, promovemos a cassação do alvará”, disse Gabriel.

Ele afirmou também que teve uma reunião com os proprietários, onde foi apresentada uma solução para a reabertura do restaurante. “A proposta é que o restaurante faça uma petição administrativa, se comprometendo a cumprir o horário de funcionamento estabelecido no alvará. Essa petição será analisada novamente para deferir ou não o retorno do funcionamento do Osteria Taipa”, enfatizou o secretário.

Gabriel também disse que há um procedimento no Ministério Público relacionado a denúncias de moradores vizinhos e destacou que a Prefeitura de Lages tomou as medidas administrativas necessárias dentro do amparo legal. “Nosso objetivo nunca é impedir o andamento dos estabelecimentos da nossa cidade, mas sim fomentar o empreendedorismo. Estamos à disposição para resolver essa situação da melhor forma possível, sempre seguindo a legalidade”, finalizou.

Matéria em colaboração com os repórteres Evandro Gioppo e Isabela Reche.

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