Polêmica: mesmo após acesso, Inter de Lages pode não jogar o Catarinense Série A
A prefeitura de Lages atendeu a recomendação do Ministério Público
• Atualizado
Um entrave pode impedir que o Inter de Lages dispute a séria A do Catarinense em 2024. Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira (07), a prefeitura de Lages comunicou que por recomendação do Ministério Público, atendendo denúncia do Observatório Social, não vai levar adiante a licitação para as obras de revitalização do gramado do estádio Vidal Ramos Júnior.
Sem a revitalização do gramado, seja sintético ou natural, o Inter de Lages não poderá mandar os jogos do Catarinense da série A 2024 no estádio Vidal Ramos Júnior, ja que o gramado atual não atende as exigencias da Federação Catarinense de Futebol (FCF).
O projeto desenvolvido previa a revitalização do complexo esportivo Vidal Ramos Júnior, o “Tio Vida”, com a substituição da iluminação por lâmpadas LED, a instalação de um moderno gramado sintético, além de outras melhorias gerais na estrutura.
Confira o comunicado da Prefeitura de Lages sobre a recomendação do Ministério Público
“O alto custo da manutenção de gramados naturais, ainda mais em uma cidade com clima rigoroso no inverno, faz com que o campo seja subutilizado. Tivemos bons exemplos na nossa cidade de revitalização de espaços públicos, com a instalação de gramado sintético em dezenas de praças, que hoje se tornaram locais de grande movimento e congraçamento de esportistas, como pode ser observado diariamente.
Importante frisar, que os recursos para revitalização do Vidal Ramos Júnior seriam efetuados através de emendas de parlamentares, sem qualquer prejuízo orçamentário a outras áreas.
O Ministério Público, no uso de suas atribuições, a partir de denúncia formulada pelo Observatório de Lages, encaminhou Ofício ao Município, recomendando o cancelamento e/ou suspensão do processo licitatório para aquisição do gramado sintético.
Entre os argumentos da recomendação do MP, haveria a possibilidade de benefício a uma entidade privada, no caso o Internacional de Lages, sendo citado ainda a troca do gramado natural no início do ano, justamente porque a grama encontrava-se impraticável para a prática desportiva.
Cumpre esclarecer que o Inter de Lages poderia sim usufruir da nova estrutura, até porque é uma instituição emblemática, que representa Lages desde anos 60, movimentando a paixão de milhares de torcedores, sendo inclusive um motor econômico para a cidade, porém não o faria de forma exclusiva. Além do mais, por conta do calendário da série A do catarinense, e das burocracias inerentes ao processo licitatório e posterior instalação do gramado, sequer seria possível para o Inter de Lages jogar a série A em 2024 no Tio Vida, o que por si só afasta qualquer direcionamento para benefício da equipe.
Destacamos, que diversos estádios municipais públicos são utilizados por equipes profissionais de futebol, como Chapecó, Joinville e Itajaí, recebendo investimentos da municipalidade. O gramado sintético tem sido adotado por diversas equipes e estádios Brasil afora, sendo uma tendência irreversível, pois a médio prazo representa um custo menor do que gramados naturais.
Diante de todo o exposto, e, em respeito a todas as opiniões divergentes, e como não há segurança jurídica para o prosseguimento da revitalização do Complexo Vidal Ramos Júnior, resolve o Município acatar a recomendação do Ministério Público, fundamentada em denúncia formulada pelo Observatório Social de Lages, com o cancelamento de todos os investimentos previstos para complexo esportivo Vidal Ramos Júnior.
A comunicado termina dizendo que o município vai buscar diálogo com os representantes parlamentares, para buscar o redirecionamento das emendas, para outras obras estruturantes na cidade”.
O que diz o Inter de Lages?
Em entrevista para a reportagem do SCC SBT, o presidente do Inter de Lages, Cristopher Nunes afirmou que vai buscar uma alternativa para que o time consiga jogar o Catarinense 2024, mas ressalta que se não houver outra saída, o Inter vai se licenciar e ficar fora do futebol profissional.
“O clube não será o maior beneficiado, pelo contrário, será a comunidade. A gente entende nesse momento que precisamos buscar uma alternativa de local para jogar para poder disputar o Catarinense 2024. Inicialmente, se eu tivesse que responder hoje, o Internacional não jogaria o campeonato”.
“Se a gente entender que o Inter, nesse momento está sendo um entrave para que a comunidade receba essa obra, o Internacional prefere se resguardar, voltar para dentro da sua casa, se licenciar, permanecer fora do futebol profissional durante um, dois, três anos. Eu acho que o Inter sempre foi a alegria desse povo, não pode nesse momento atrapalhar o processo de revitalização”.
O presidente ainda diz que torce muito para que prefeitura e Ministério Público possam achar um caminho, aonde a cidade, a comunidade, o futebol amadores, as escolinhas e também o Internacional possam utilizar o estádio.
Nunes comenta que mesmo se o gramado fosse trocado, não ficaria pronto para o Inter de Lages disputar o campeonato em 2024.
“O Inter de Lages nesse momento entende que o melhor para o clube seria realmente a manutenção do gramado natural. Entendemos que a prefeitura buscava atender a comunidade, o futebol amador, e as escolinhas fazendo o gramado sintético, aonde o clube poderia sim utilizar durante o campeonato catarinense a partir de 2025”.
Ainda no início da tarde desta sexta-feira (08), o Inter de Lages divulgou uma nota oficial sobre a situação do estádio Vidal Ramos Júnior
Veja a nota oficial do Inter de Lages
O Esporte Clube Internacional (Inter de Lages) informa ter tomado conhecimento da recomendação do Ministério Público sobre a licitação para a revitalização do Estádio Vidal Ramos Junior (Tio Vida) e da decisão do município de Lages de cancelar o processo de escolha da empresa que ficaria responsável pelas obras. O clube entende que a instalação de gramado sintético, como previa a licitação, permitiria que toda a comunidade utilizasse ainda mais o estádio para competições amadoras e atividades de lazer, mas, no atual contexto, o Inter não poderá mandar suas partidas do Campeonato Catarinense da Série A de 2024 no estádio, diante de sua torcida. Diretoria, apoiadores e parceiros do Internacional estão buscando alternativas para tornar viável a participação do clube na competição.
O Inter de Lages é um símbolo de identidade de lageanos e serranos, uma instituição construída, ao longo de décadas, pelo esforço coletivo de centenas de milhares de torcedores, apoiadores, dirigentes, imprensa e figuras de relevo do poder público e da iniciativa privada. Dois exemplos concretos atestam a relevância cultural, social e econômica do clube para Lages e sua população: 1) foi a crescente popularidade do Internacional que, em 1954, ajudou a tirar do papel o projeto de construção de um estádio municipal. Desde então, não só o Inter, mas também equipes de futebol amador e outros entusiastas do esporte na cidade disputam jogos e competições no local; 2) em 2012, como reconhecimento à importância do clube como símbolo de identidade e orgulho dos lageanos, a Câmara de Vereadores aprovou, por unanimidade, o projeto que reconheceu o Esporte Clube Internacional como patrimônio cultural do município.
O Inter de Lages informa ainda que, caso não haja local adequado, que obedeça às exigências da Federação Catarinense de Futebol, nem viabilidade financeira, o clube poderá, infelizmente, deixar de participar do Campeonato Catarinense – e isso em uma temporada tão marcante, em que o Inter, uma das mais longevas e tradicionais camisas do futebol catarinense, vai completar 75 anos de fundação e em que o Campeonato Catarinense vai celebrar 100 anos de existência.
Ressaltamos que o Esporte Clube Internacional fará todos os esforços necessários é possíveis para disputar o Campeonato Catarinense da Série A de 2024.
Esporte Clube Internacional
Diretoria”
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