O que diz o hospital de Lages sobre a denúncia de abuso sexual dentro da unidade
A Polícia Civil investiga o caso
• Atualizado
O Hospital Nossa Senhora dos Prazeres de Lages se manifestou sobre o caso de abuso sexual que teria ocorrido dentro da unidade mas não detalhou as medidas que estão sendo tomadas pela instituição. A Assessoria de imprensa do hospital disse apenas em uma mensagem enviada nesta terça-feira, (04) que:
“Dado a necessidade do cuidado com as informações que são sensíveis e protegidas por lei, infelizmente não podemos emitir informações.
A reportagem da Rádio Clube de Lages questionou a assessoria sobre os procedimentos da instituição em casos como este e sobre as medidas tomadas após a denúncia, mas não obteve resposta. Também procuramos um dos diretores do hospital mas ele não retornou o nosso contato.
Nesta quarta-feira, (05), a assessoria enviou uma nova mensagem dizendo que o Diretor Executivo do hospital recebeu a mensagem que enviamos para o outro diretor e que:
“De fato lamentamos muito, mas a posição do Hospital é de não emitir qualquer informação com vistas a protegermos a colaboradora.”
A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção à criança ao adolescente, à mulher e ao idoso de Lages, o inquérito é conduzido pelo delegado Raphael Bellinati, mas informações sobre o andamento do inquérito não podem ser repassadas.
O advogado Eder Mauro Dorl, que representa a vítima, afirma que a polícia civil está reunindo provas para a investigação, a qual ele acompanha de perto. O hospital informou ao advogado na semana passada que o técnico de enfermagem, suspeito de ter cometido o abuso já foi demitido e que um chefe da enfermagem teria sido afastado. A vítima está afastada de suas funções profissionais e recebendo suporte psicológico custeado por seus familiares.
A Instituição
O Hospital Nossa Senhora dos Prazeres tem 108 anos de existência, é um hospital filantrópico e atende os pacientes da Serra e do Meio Oeste catarinense. É referência nas especialidades de neurologia, cardiologia, ortopedia e traumatologia. Conta com uma equipe de 630 colaboradores, incluindo mais de 160 médicos no corpo clínico.
Contratualizado com a Secretaria de Estado da Saúde, o hospital integra a Política de Valorização Hospitalar e recebe R$ 1,4 milhão mensais do governo estadual para atendimento pelo SUS. Também tem pactuado a realização de cirurgias eletivas, com pagamento por produção.
Relembre o caso
Uma funcionária do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres denunciou um abuso sexual que teria acontecido durante um plantão dentro da unidade de saúde. A mulher, de 34 anos, relata que teria sido abusada por um técnico de enfermagem na madrugada do dia 25 de janeiro.
Segundo relato da funcionária com exclusividade para a repórter Schaina Marcon, da Rádio Clube de Lages e do portal SCC 10, ela teria passado mal, com crise de enxaqueca, durante o expediente e procurado atendimento médico no próprio hospital. O médico prescreveu duas injeções, e ela foi encaminhada para a sala de aplicação. Um técnico de enfermagem que estava de plantão fez o atendimento e disse que aplicaria as injeções. Ela pediu que uma enfermeira fizesse a aplicação, mas o técnico disse que estava sozinho no local e que as outras profissionais estavam em período de descanso.
A mulher conta que o técnico pediu que ela fosse até o banheiro para aplicar as injeções nas nádegas. Ela foi até o banheiro e, a pedido dele, ficou de costas e baixou parte da calça. Em seguida, ela conta que o técnico de enfermagem baixou a calcinha dela e aplicou uma das injeções e logo em seguida aplicou a outra. Ela conta que logo depois sentiu um líquido escorrer em suas nádegas. Foi quando o técnico falou:
“Você sentiu um líquido? Eu vou pegar e vou limpar. Você sentiu que está sujo aqui no meio também”? perguntou o técnico.
Nesse momento, a vítima conta que ele tentava abrir as partes íntimas dela para limpar, e confusa disse que não precisava. Após tentar tocá-la, e fugindo dos protocolos normais de atendimento, o técnico pediu que ela colocasse o cabelo para o lado para ela mesma limpar. Ela se recusou, saiu do banheiro e sentou novamente na poltrona da sala de medicamentos.
O médico retornou para examiná-la e, como percebeu que ela não tinha melhorado prescreveu um terceiro medicamento. O técnico então preparou a injeção e pediu novamente que ela fosse até o banheiro. A vítima conta que dessa vez a aplicação demorou mais tempo, que a agulha ficou mais tempo inserida na pele. O técnico disse que o local estava sangrando e, com as duas mãos, tocou nas nádegas dela para supostamente tentar estancar o sangue. Nesse momento disse que queria pedir algo para ela, quando a mulher percebeu que o comportamento do profissional estava estranho, ela saiu rápido e foi para o corredor. A vítima conta que o técnico foi atrás dela e disse:
“Sabe o que eu queria te pedir? Eu queria te pedir um beijo”, disse o técnico à mulher.
A funcionária então voltou para o posto de trabalho e, muito nervosa, contou o que tinha acontecido para o colega do setor. Os dois foram até a chefia da enfermagem, que disse que informaria a direção, porém a vítima recebeu informações de que o chefe não teria relatado o caso aos superiores.
Logo depois que saiu do trabalho, a mulher contou a agressão sofrida para a família, e o pai a levou à delegacia. A vítima realizou um exame de corpo de delito, e o boletim de ocorrência foi registrado como abuso e estupro.
O advogado que representa a vítima, Éder Mauro Dorl, informou à reportagem que a delegada responsável pelo caso já solicitou ao hospital o prontuário de atendimento da vítima e as imagens das câmeras de segurança internas do hospital. O advogado também conversou com a direção do hospital e foi informado de que o técnico de enfermagem foi demitido da unidade por justa causa e que o chefe de enfermagem que estava no plantão foi afastado.
A equipe da Rádio Clube de Lages e do SCC 10 procurou o Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas até o fechamento da matéria, a assessoria de imprensa ainda não havia se pronunciado sobre o caso.
A vítima está afastada do trabalho por conta do abalo emocional que sofreu e está em acompanhamento médico e psicológico. Durante a entrevista ela teve várias crises de pânico e ansiedade.
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