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Investigação

Mensageiro: Em pelo menos 31 encontros, valor entregue de propina em Lages chegou a R$ 1,8 milhão

A propina teria sido paga entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022.

• Atualizado

Carolina Sott

Por Carolina Sott

Foto: Reprodução | Redes Sociais
Foto: Reprodução | Redes Sociais

Em pelo menos 31 encontros com o “mensageiro”, o ex-secretário de Administração e Fazenda de Lages, Antônio Cesar Arruda, teria recebido R$ 1,8 milhão em propina entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), na Operação Mensageiro.

Entre a gestão de 2017 e 2022 do prefeito afastado Antonio Ceron, ele, junto aos ex-secretários Arruda, de Administração, e Eroni Delfes Rodrigues, da Secretaria de Meio Ambiente, teriam formado uma organização criminosa, levando benefícios ilícitos ao Grupo Serrana e recebendo propinas em dinheiro, conforme diz a denúncia do MP.

O ex-secretário Antonio Cesar Arruda recebia diretamente as quantias, em nome próprio e do prefeito, em encontros que teriam ocorrido na sede da Prefeitura e na casa do secretário municipal. Esses encontros eram identificados nas planilhas apreendidas da empresa Serrana como “Aterro Lages”.

Secretário intermediava propinas ao prefeito de Lages

Durante os cumprimentos de mandados executados pelo GEAC e o GAECO na Operação Mensageiro, nenhum valor relevante foi apreendido com o ex-secretário Antonio Cesar Arruda ou em sua residência. O fato, segundo o MP, “corrobora a linha intelectiva de ser ele o intermediador de propinas destinadas ao prefeito Ceron”.

Apenas em setembro de 2022, três meses antes de o prefeito e o ex-secretário de Lages serem presos na 2ª fase da operação Mensageiro, R$ 300 mil de propina foram recebidos pelos agentes públicos. O valor está incluso no valor de R$ 1,8 milhão negociados nos últimos dois anos.

Arruda, junto ao ex-secretário de Serviços Públicos e Meio-Ambiente, Eroni Delfes Rodrigues, e o prefeito afastado, Antonio Ceron, se tornaram réus nesta quinta-feira (13) na operação que apura a suspeita de fraude em licitação e corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro em contratos públicos em várias cidades catarinenses.

Defesa de Antonio Ceron emitiu nota após político virar réu na Operação Mensageiro

A defesa do prefeito afastado Antonio Ceron informou, em nota, que em 40 anos de vida pública ele nunca “respondeu ação penal alguma, nunca teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas do Estado” e que “é inverídica qualquer alegação de que haveria superfaturamento nos processos de contratação do serviço de coleta de lixo”.

A nota ainda diz que “não há absolutamente nada que, minimamente, ligue o Prefeito Antônio Ceron aos fatos criminosos ora sob investigação”, e que “Antônio Ceron, hoje com quase 80 anos, construiu de maneira árdua e honesta seu patrimônio, que sabidamente é compatível com seus ganhos atuais”.

“Frise-se que, em todos os depoimentos há uma descrição do suposto esquema criminoso, onde os delatores citam as principais figuras do referido esquema, entretanto, em momento algum o Sr. Antônio Ceron é mencionado. Repita-se, nenhum colaborador, nenhuma testemunha, nenhum acusado afirmam ter corrompido o Prefeito Antônio Ceron ou mesmo que saiba que alguém o fizesse em seu nome. Assim, a defesa insiste que no caso dos autos, constata-se que a absoluta falta justa causa para a ação penal, pois não há indícios mínimos de autoria e materialidade da suposta prática dos crimes imputados ao Requerido e toda a denúncia foi baseada, de forma exclusiva e equivocada (equivocada, uma vez que o nome do Requerido sequer é mencionado), na palavra dos colaboradores. Em momento algum a denúncia traz elementos probatórios, tampouco uma narração apta a demonstrar que o Requerido recebeu qualquer vantagem indevida. E, repise-se, nenhum dos colaboradores mencionam o Prefeito Antônio Ceron”, afirma a nota dos advogados de defesa de Ceron.

A defesa de Antônio César Alves de Arruda e Eroni Delfes Rodrigues informou que continuará adotando os meios processuais cabíveis para provar a inocência de seus clientes.

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