Mãe de menino que denunciou ter sido abusado por padre em Lages volta a falar sobre caso
A situação emocional do menino é delicada
• Atualizado
A família do menino que teria sido vítima de abuso sexual por um padre em Lages continua buscando apoio e justiça, enquanto o garoto demonstra severas alterações em seu comportamento e rotina. A mãe da criança concedeu uma nova entrevista à Rádio Clube de Lages, atualizando sobre o estado do filho e o andamento do processo judicial.
De acordo com a mãe, o menino, que anteriormente frequentava a escola e interagia, agora vive recluso em seu quarto, sem sair. “Ele está mais quieto, agora ele não sai mais, ele vive só no quarto. Agora nem para a escola ele está indo. Ele não quer mais ir para a escola”, relatou a mãe, visivelmente preocupada. O retorno à escola após o ocorrido durou apenas dois dias, com o menino alegando sofrer bullying no ambiente escolar, o que levou a família a providenciar sua transferência para outra instituição de ensino.
Apoio psicológico e andamento do processo
A situação emocional do menino é delicada. Além do isolamento, ele parou de se alimentar adequadamente e apresentou significativo emagrecimento. A família busca apoio psicológico através do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), que deve fazer um encaminhamento em breve.
Em relação ao processo legal, a família agora conta com o apoio de advogados. O menino prestará depoimento em breve, diretamente ao juiz.
Exames rápidos de saúde realizados recentemente deram negativo, e a família aguarda o resultado do exame de corpo de delito.
Assista a entrevista
Matéria em colaboração com o repórter Amarildo Volpato
O caso
Um caso revoltante veio à tona em Lages, com a denúncia de que um padre teria abusado sexualmente de um menino de 13 anos. A família da vítima procurou a Rádio Clube para relatar o que classificaram como um “absurdo”, buscando justiça e alertando a comunidade.
Segundo o relato da mãe da criança, o padre, de quem a família era próxima e que inclusive havia batizado o filho e outros familiares, teria pedido ao garoto, para ajudá-lo em uma mudança na igreja. “Ele esteve aqui e pediu para ele, numa segunda-feira, ajudar. A gente deixou, porque a gente não quer imaginar que isso acontecesse”, contou a mãe, visivelmente abalada.
O padre buscou o menino na segunda-feira, por volta das 15h. Apesar do garoto manter contato com a mãe por mensagens, ele só voltou para casa às 22h. A princípio, a família não desconfiou, pois o padre justificava a demora, dizendo que o trabalho estava quase no fim e que outras mulheres também estavam ajudando.
No entanto, a mãe notou o adolescente estranho. A verdade veio à tona no dia seguinte, quando o menino desabafou com sua irmã. “Ele contou para a irmã dele primeiro, porque ele não queria contar para nós para ver a nossa reação. Ele ficou com medo, com vergonha e contou para a irmã dele”, explicou a mãe. Assim que soube, a família imediatamente acionou a polícia e registrou um boletim de ocorrência.
O relato do abuso e as provas
A irmã da vítima, que também conversou com a reportagem, foi a primeira a quem o menino revelou o ocorrido.
“Ele estava bastante abalado. Quando o padre estava ali conversando com o pai e com a mãe, ele falou que precisava falar comigo. Eu falei, fala. Ele estava muito abalado. Ele falou, não, eu vou esperar ele sair primeiro, o padre. A hora que o padre saiu, ele me chamou no quarto e falou que o padre tinha abusado dele. Foi que eu fiquei em choque. Eu não estava acreditando até que ele foi lá e abaixou as calças dele e eu vi realmente que estava bem machucado”, detalhou a irmã.
O garoto relatou que, após ajudar com as caixas até por volta das 17h, o padre o convidou para ir à sua casa, ao lado da igreja, para tomar um suco, sob o pretexto de ter mais caixas para organizar. Lá, o padre teria escondido o celular do menino. Ao tentar pegá-lo, o adolescente percebeu que o aparelho do padre estava com conteúdo pornográfico.
O menino lembra-se de ter sido convidado a sentar no sofá. Após tomar o suco ou café oferecido, ele “apagou”. “Quando ele acordou, ele já estava na cama e o padre já estava abusando dele“, disse a mãe, citando o relato do filho. O pequeno só despertou completamente quando o padre lhe deu um banho. Em seguida, o religioso teria arrumado o menino, lhe dado uma cesta básica e o levado de volta para casa. A família suspeita que o adolescente possa ter sido dopado, e exames foram solicitados para verificar essa possibilidade.
Para obter provas, o garoto teve a iniciativa de conversar com o padre por mensagens no dia seguinte. Nessas conversas, o padre teria pedido para que as mensagens fossem apagadas, afirmando que “os outros adolescentes que iam lá não contavam nada para ninguém“. O padre teria se “entregado” nas mensagens, revelando detalhes do abuso. “Ele tinha gostado de subir realmente, estava gostando de subir em cima do meu filho”, relatou a mãe, chocada com as confissões. As conversas foram printadas e estão em posse da polícia, da família e do Conselho Tutelar.
Investigação, medidas e traumas
Na quarta-feira, o Conselho Tutelar acompanhou a família até o Instituto Médico Legal (IML) para que o menino realizasse o exame de corpo de delito. Segundo a mãe, o perito informou que o menino estava “bem machucado” e que havia lesões na região que sofreu o abuso e na garganta.
A família também solicitou uma medida protetiva contra o padre, já que ele teria tentado retornar à casa para buscar o garoto para mais trabalhos. No entanto, o pedido foi negado pela juíza, sob a justificativa de que ele não é parente próximo.
O padre já foi afastado da igreja, conforme confirmado por outro padre da paróquia que ligou para a família. A Polícia Civil dará continuidade às investigações, e os resultados dos exames serão encaminhados ao Ministério Público.
O impacto psicológico em no adolescente é profundo. A mãe descreve que ele está “bem abalado psicologicamente”, chora de dor, tem medo de tudo e vergonha de ir à escola.
“Tomara que a justiça seja feita dessa vez, porque é muito triste, muito triste mesmo, de verdade”, desabafou a mãe. A família clama por justiça para que o agressor pague pelo crime.
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