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Investigação

“Falsa acusação”, afirma advogado de técnico de enfermagem suspeito de estupro em Lages

A mulher estava internada na unidade hospitalar quando teria sido estuprada

• Atualizado

Carolina Sott

Por Carolina Sott

Mulher teria sido estuprada no Hospital Tereza Ramos, em Lages | Foto: Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina
Mulher teria sido estuprada no Hospital Tereza Ramos, em Lages | Foto: Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina

O advogado de defesa do técnico de enfermagem suspeito de estuprar uma paciente dentro do Hospital e Maternidade Tereza Ramos (HTMR), em Lages, afirmou que o caso se trata de uma falsa acusação. O estupro teria ocorrido no dia 23 de março, e a unidade de saúde registrou um boletim de ocorrência.

Por meio de nota, a defesa afirma que “aguarda os desdobramentos da investigação com serenidade, confiando que após a oitiva de testemunhas e da colheita de provas, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, será provada sua inocência”.

Segundo a nota, o profissional possui mais de 16 anos de atuação como técnico de enfermagem e “jamais teve qualquer atitude que desabonasse sua conduta, tendo boas referências em todos os lugares que trabalhou”.

Comunicou ainda que vai buscar reparações nos âmbitos, administrativos, trabalhistas, civis e penais sobre as consequências que vem sofrendo pelo “julgamento antecipado ao qual está submetido após a falsa acusação que lhe é atribuída”.

A acusação

A Delegacia Regional de Polícia de Lages, na Serra Catarinense, recebeu a denúncia sobre o estupro que teria sido cometido pelo técnico em enfermagem contra uma paciente internada no Hospital e Maternidade Tereza Ramos (HTMR). O caso ocorreu no dia 23 de março, e a unidade de saúde registrou um boletim de ocorrência.

À reportagem da Rádio Clube de Lages, a mulher relatou que estava internada com uma doença pulmonar. Na noite do caso, o técnico teria agido de forma invasiva durante o atendimento e dado uma medicação diferente à paciente.

“Ele perguntou sobre as minhas genitais, coisas que as enfermeiras nunca tinham perguntado para mim. Eu estava de camisola e ele me olhava muito. Não me senti bem e coloquei um calção por baixo da camisola. O último remédio que tomava para dormir, o Diazepam, que era de praxe todos os dias às 22h30min, eram elas que me davam. Nesse dia ele disse para mim, ‘vai ter outro remedinho’, e eu perguntei o porquê de outro medicamento. Ele respondeu que era para eu ficar calma, que era um calmante porque eu teria um exame no outro dia”, contou a mulher.

De acordo com a paciente, após ingerir a nova medicação, um “copo marrom com metade de líquido”, ela teria ficado sedada. A mulher afirma que percebeu as movimentações e toques que o profissional realizou em seu corpo, inclusive a machucando. 

Depois disso não me lembro mais, a única coisa que me lembro, é que eu estava sob o efeito do remédio, mas consciente de tudo que ele estava fazendo comigo. O meu subconsciente acordou com ele me puxando para fora da cama, o meu bumbum, e cometendo aqueles atos, passando a mão, passando outras coisas, inclusive, colocando os dedos. E eu sob o efeito do remédio sem poder gritar, nem fazer nada, sentindo tudo. Ele estava me machucando”, disse.

A ação do técnico em enfermagem teria ocorrido pelo menos duas vezes, conforme contou a mulher. Pela manhã, a vítima percebeu que suas vestes estavam de forma diferentes e relatou a uma enfermeira o ocorrido.

“Ele fez isso duas vezes, ele cometeu isso, saiu do quarto e voltou novamente a fazer isso comigo de novo. Do mesmo jeito que ele fez comigo, ele me deixou, só jogou a coberta por cima de mim e pronto. Me acordei desesperada, umas 5 ou 6 horas da manhã, veio uma enfermeira muito querida. Fui olhar o lado da minha cama e as minhas partes íntimas, e realmente o calção e a calcinha estavam arredados. Quando contei para a enfermeira eles não deixaram chamar a polícia na hora, mas as meninas, em si, me trataram muito bem, tomaram a minha dor, foram pessoas responsáveis comigo, inclusive a direção do hospital”, relatou a paciente.

Ainda na manhã do dia em que teria acontecido o abuso sexual, a mulher afirma que a diretora-geral do Hospital e Materinidade Tereza Ramos, Cristina Subtil, acionou a Polícia Civil para realizar uma perícia.

“A doutora Subtil, diretora do hospital, conversou comigo e tomou minha dor e chorou. Ela ligou particularmente para a delegada e para a perícia. Fiz a perícia no quarto, eles recolheram as minhas roupas de cama, tudo imediatamente. A delegada falou comigo e recolheu meu depoimento em gravação. O hospital me deu toda a assistência, fizeram todos os exames, e me mandaram para casa”, contou.

Confira a entrevista com a paciente:

O que diz a Polícia Civil sobre o suposto abuso sexual

A Polícia Civil afirmou que está apurando a denúncia e não pode, no momento, divulgar qualquer informação, em razão do sigilo da investigação. Mas, segundo a delegada Luciana Rodermel, a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) apura o caso.

Nota do Hospital Tereza Ramos

Na manhã desta sexta-feira (24), o hospital publicou uma nota onde afirma que, após o conhecimento da denúncia, foram acionados todos os órgãos responsáveis para a apuração.

O hospital afirma que está à disposição da paciente para quaisquer esclarecimentos e que todas as medidas administrativas necessárias sejam tomadas, inclusive a restrição de atividades dos profissionais envolvidos.

Veja a nota completa:

Informamos que na manhã de ontem, 23/03, a Direção do Hospital e Maternidade Tereza Ramos – HMTR recebeu a informação de que uma paciente internada na Unidade reportou ter sido vítima de um ato de violência sexual ocorrido na madrugada.

Imediatamente após conhecimento da denúncia, os órgãos responsáveis pela a apuração do caso foram acionados, a saber, as Polícias Civil e Científica, as quais compareceram ao Hospital e já iniciaram os procedimentos cabíveis.

Conforme orientação da Polícia Civil, o caso é investigado sob absoluto sigilo, razão pela qual não podemos fornecer qualquer informação neste momento.

Entretanto, reiteramos que o HMTR está à disposição da paciente para quaisquer esclarecimentos e que todas as medidas administrativas necessárias estão sendo tomadas, inclusive a restrição de atividades dos profissionais envolvidos.

O HMTR repudia qualquer ato de violência contra a mulher e está comprometido com a investigação em andamento.

Nota do advogado do técnico de enfermagem

A defesa do Técnico em Enfermagem acusado de, em tese, ter cometido o crime de estupro nas dependências do HGMTR, informa o referido está à disposição das autoridades Policiais e da Justiça desde quando lhe foi imputada tal conduta.
Aguarda os desdobramentos da investigação com serenidade, confiando que após a oitiva de testemunhas e da colheita de provas, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, será provada sua inocência.
Por fim, destaca que não se furtará de buscar reparações nos âmbitos, administrativos, trabalhistas, civis e penais das consequências que vem sofrendo pelo julgamento antecipado ao qual está submetido após a falsa acusação que lhe é atribuída.
Com mais de 16 anos de atuação como técnico de enfermagem jamais teve qualquer atitude que desabonasse sua conduta, tendo boas referências em todos os lugares que trabalhou.
Deixa de mencionar o nome do Técnico de Enfermagem e maiores detalhes sobre os fatos pois o inquérito policial que investiga o caso tramita sob sigilo.

Atenciosamente,

Lages, 05 de abril de 2023.

Guilherme da Silva Ramos
OAB/SC52001

Diego Silva de Oliveira
OAB/SC 66525

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