Do tédio à órbita: como estudante brasileira de 23 anos descobriu 25 asteroides
Um deles é considerado raro e importante por estar em uma órbita diferente
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Todo mundo já sentiu tédio algum dia, mesmo sem saber definir esse estado de espírito. A estudante de medicina Verena Paccola, de 23 anos, usou desse sentimento comum para impulsionar sua criatividade e descobrir 25 novos asteroides.
Tudo começou quando ela precisou se preparar para o concorrido vestibular de medicina da Universidade de São Paulo (USP). Entediada em rever as disciplinas do ensino médio, se inscreveu em um programa de caçar asteroides. Em suas análises, enviadas e revisadas pela Universidade de Harvard, a agência americana confirmou a descoberta dos asteroides, sendo um deles classificado como raro e importante.
As descobertas lhe renderam medalhas de reconhecimento, como o prêmio do programa “Caça Asteroides”, promovido pela Nasa, a agência espacial americana, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Nesta tarde de sábado (22), a estudante participou da Mostra Tech+Pedagógica da Escola S em Lages. Além da apresentação de trabalhos dos alunos, a entidade convidou Verena Paccola para contar sobre suas experiências.
Após a palestra, a estudante conversou com a equipe do Portal SCC10. Confira!
Como surgiu o interesse em assuntos relacionados à astronomia e ao espaço?
“Costumo brincar que já nasci cientista. Para mim, fazer ciência é questionar o mundo ao nosso redor, ir atrás das respostas e não se contentar com o superficial. Quando tinha quatro anos ganhei um microscópio usado de um parente e levava ele nos dias de brinquedo da escola. Sempre fui muito curiosa e gostava de explorar as coisas, as plantas, as formigas. Foi essa curiosidade que me levou à medicina e à astronomia. O que une essas duas áreas, para mim, é o fato de serem desafiadoras”.
Como funciona o processo de descobrimento de um novo asteroide?
“Para caçar um asteroide você só precisa de um computador com acesso à internet e a detecção pode levar 30 minutos. Muitas pessoas pensam que descobrimos apenas olhando para o céu, mas na verdade, utilizamos um software que manda imagens para análise de um telescópio instalado no Havaí. Já o processo para validar o asteroide e confirmar que você foi a primeira pessoa que o descobriu, pode levar até sete anos”.
Você descobriu 25 novos asteroides, por que um deles foi classificado como raro?
“Me chamaram em Brasília para receber uma medalha de honra ao mérito do Ministério da Ciência e Tecnologia e foi lá que descobri que tinha encontrado um asteroide raro. Eu nem sabia, sou da área da saúde, minha formação é de técnica em enfermagem. Lá, me explicaram que o asteroide é raro pois a sua detecção é mais difícil. Normalmente os asteroides ficam entre Marte e Júpiter, este está em uma órbita diferente da tradicional”.
Como você recebeu a informação de que a NASA premiaria as suas descobertas?
“Eu estava no laboratório fazendo uma pesquisa em iniciação científica na USP e recebi uma mensagem falando da medalha de honra ao mérito e do certificado de honra ao mérito, o que já achei super legal. Falei para meu professor e a faculdade me deu todo o suporte para que eu pudesse viajar até Brasília e receber essa medalha. Depois daí, viralizou. Foi incrível.”
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