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INVESTIGAÇÃO

Diocese de Lages inicia investigação canônica contra padre acusado de abuso sexual

A investigação prévia tem um prazo inicial de 15 dias

• Atualizado

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Por Rádio Clube

Diocese de Lages inicia investigação canônica contra padre acusado de abuso sexual | Foto: Amarildo Volpato/divulgação Cúria Diocesana de Lages
Diocese de Lages inicia investigação canônica contra padre acusado de abuso sexual | Foto: Amarildo Volpato/divulgação Cúria Diocesana de Lages

A Diocese de Lages, por meio de seu Bispo Diocesano, Dom Guilherme, agiu ao tomar conhecimento das acusações de abuso sexual envolvendo um padre local. As medidas iniciais, em conformidade com o Código de Direito Canônico, já foram implementadas, e o caso agora avança para uma investigação canônica detalhada, cujas conclusões serão enviadas diretamente ao Vaticano para decisão final.

Segundo o Vigário Judicial da Diocese de Lages, Padre Davi Bruno Goedert, as primeiras ações determinadas por Dom Guilherme foram o afastamento cautelar do padre da função de pároco e a restrição de sua residência, impedindo-o de permanecer na casa paroquial do bairro Guarujá.

Próximos passos: investigação prévia e decisão em Roma

A fase seguinte envolve uma investigação prévia, para a qual o Bispo nomeará um padre de Lages para conduzir o inquérito canônico. Este processo, paralelo à investigação policial, terá o objetivo de ouvir a vítima, familiares, testemunhas e o próprio acusado. Além dos depoimentos, serão consideradas quaisquer provas materiais que possam surgir.

Padre Davi Goedert esclareceu que o investigador apresentará seu parecer sobre o ocorrido, e o Bispo Diocesano também emitirá seu voto. Toda a documentação reunida será então enviada para Roma, para a Congregação da Doutrina da Fé, que determinará a abertura de um processo penal canônico. “O processo penal canônico é o terceiro momento ou a terceira fase para que a gente possa chegar a uma resolução deste caso”, afirmou Padre Davi.

Prazos e manutenção de salário

A investigação prévia tem um prazo inicial de 15 dias, podendo ser prorrogada por mais 15 dias, caso necessário. Durante esse período, a Igreja se dedicará a coletar todas as informações pertinentes.

Questionado sobre a remuneração do padre acusado, Padre Davi explicou que, enquanto não houver uma sentença canônica definitiva, o padre continuará recebendo seu salário normalmente.

“Por enquanto o padre é apenas acusado. Ele não é réu, ele é acusado de um ato grave. Enquanto não houver uma sentença definitiva, canônica, ele permanece recebendo o seu salário normalmente, porque é um direito dele enquanto membro do clero diocesano”, pontuou.

Tolerância zero e colaboração com a justiça civil

Padre Davi Bruno Goedert ressaltou que casos de tal natureza são diretamente enviados para Roma e não passam pelo Tribunal Eclesiástico local. Ele também enfatizou a política de tolerância zero da Igreja Católica para com esses crimes, reiterada pelo Papa Francisco. “Qualquer denúncia tem que ser averiguada. E é isso que a Igreja Católica tem feito no mundo inteiro”, disse.

Caso o padre seja condenado pela Igreja, a sentença resultará na redução ao estado laical, ou seja, ele perderá todos os seus direitos como padre e membro da Diocese. A Igreja não aplica penas civis, mas garantirá total colaboração com a justiça civil e penal em todos os sentidos.

Nota oficial da Cúria Diocesana

A Cúria Diocesana emitiu uma nota oficial se pronunciando sobre o caso. Leia a nota na íntegra:

NOTA À IMPRENSA

A Diocese de Lages (SC) comunica que chegaram, recentemente, à Cúria Diocesana, informações contendo acusações de natureza grave envolvendo o padre que atua na Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Lages (SC).

Diante da seriedade dos fatos noticiados, a Diocese, fiel aos princípios da verdade, da justiça e da caridade cristã, declara que tais acusações exigem uma averiguação responsável, prudente e rigorosamente conduzida, em consonância com as normas do Direito Canônico e, quando cabível, da legislação civil. Tal apuração visa garantir, acima de tudo, a proteção de eventuais vítimas, bem como o direito à boa fama, à presunção de inocência e à ampla defesa do sacerdote acusado.

Caso se comprove os fatos alegados a Diocese de Lages reafirma com veemência seu compromisso com a vítima e seus familiares, como acolhimento e escuta, apoio psicológico, espiritual e legal, transparência e justiça, prevenção e garantia de não repetição. Além de apoio espiritual e psicológico, a Diocese, se necessário, irá buscar formas de reparação moral e material, conforme a legislação local.

Em vista disso, foram adotadas medidas cautelares, entre as quais o afastamento temporário do padre do exercício de suas funções ministeriais na referida paróquia, bem como decreto de imposição de medida cautelar de restrição de residência. Essas medidas têm caráter preventivo e não representam, de forma alguma, um juízo antecipado sobre a culpabilidade ou inocência do sacerdote. Trata-se de um procedimento necessário para assegurar a lisura do processo investigativo canônico, bem como para evitar qualquer escândalo, perturbação ou divisão no seio da comunidade paroquial e diocesana.

A Diocese de Lages reafirma seu compromisso com a verdade, com a justiça e com a proteção dos mais vulneráveis, reiterando que acompanhará com seriedade e transparência o desenvolvimento dos fatos, sempre em colaboração com as autoridades competentes, civis e eclesiásticas.

Contamos com a oração e compreensão de todos os fiéis, e rogamos à Nossa Senhora da Saúde que interceda por nossa Igreja diocesana neste momento delicado, para que a verdade prevaleça e a justiça seja plenamente realizada.

Lages, 18 de junho de 2025.

† Dom Guilherme Antonio Werlang Bispo Diocesano de Lages

Pe. David Bruno Goedert Vigário Judicial

Assista a entrevista

Matéria em colaboração com o repórter Amarildo Volpato

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