Ataques de moradores em situação de rua geram alerta em Lages; veja o que se sabe
Em entrevista à Rádio Clube de Lages, autoridades discutiram as medidas tomadas e as possíveis causas.
• Atualizado
A Polícia Militar de Lages intensificou as rondas na cidade após três ataques de agressões serem registrados por moradores em situação de rua nos últimos dias. Em entrevista à Rádio Clube de Lages, autoridades discutiram as medidas tomadas e as possíveis causas.
Os Casos:
- Primeiro Ataque: Um profissional da beleza foi agredido próximo ao chafariz do Calçadão.
- Segundo Ataque: Um idoso de 85 anos foi vítima de violência na praça do terminal urbano.
- Terceiro Ataque: Uma mulher, segurando uma criança no colo, foi agredida no estacionamento de um supermercado por se recusar a dar esmola.
Ações da PM
O Tenente Coronel Marcos Paulo Rangel, comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar de Lages, confirmou que a corporação recebeu uma série de depoimentos de pessoas em situação de rua ameaçando e agredindo moradores.
“O que precisamos entender é que o fator de ser morador em situação de rua em si não é um ato delitivo, é uma condição social. O que a gente observa é que quando a família não funcionou, a escola não fez o que devia, a igreja não deu jeito e a sociedade não conseguiu garantir, sobra para a Polícia Militar corrigir.”
Segundo o comandante, diversas medidas foram tomadas para conter essas ações.
“Nós temos feito uma série de reuniões com a CDL, ACIL, Câmara de Vereadores, prefeitura e o poder judiciário para que possamos tratar uma estratégia para combater” até mesmo essa situação de rua.” “. Ele complementou: “Nós intensificamos as rondas, a operação na região central, na praça, no calçadão, na região próxima ao terminal. Vamos tentar coibir esse tipo de ação, pelo menos o fato da ameaça. O fato da pessoa ser moradora de rua não tem o que fazer, levar para outro lugar.”
Rangel ressaltou que, além das pessoas vindas de outras cidades do Estado, foi observado um grande volume de estrangeiros vindos de outros países.
“Nós tínhamos detectado bastante gente de outras cidades do Estado e até mesmo de estado vizinho, porém hoje, para nossa surpresa, temos um grupo bem grande de estrangeiros venezuelanos e colombianos. Eles alegaram que já estão no Brasil há cerca de 4 a 5 anos, desembarcaram em Manaus e de lá estão vindo de cidade em cidade. Eles trabalham por um período, arrecadam dinheiro e mandam parte para a família e se mudam para outra cidade. Até então vimos que essas pessoas não têm perfil delitivo”.
Deputado da Serra Catarinense defende internação compulsória
A escalada da violência tem levantado debates sobre medidas como a internação involuntária. O deputado estadual Lucas Neves (PL) tem defendido na Assembleia Legislativa essa medida como uma alternativa viável para lidar com esse problema.
“Precisamos separar o joio do trigo. No meio das pessoas em situação de rua, há muitos marginais. Precisamos fazer um pente fino, prender quem está em dívida com a lei, dar oportunidade para quem deseja recuperar sua dignidade e tratar o dependente químico, seja de forma voluntária ou involuntária. Não basta assistencialismo; temos que capacitar e recuperar o morador de rua”, destaca.
Como presidente da Comissão Antidrogas, Lucas Neves aprovou a realização de uma audiência pública para discutir a internação compulsória de dependentes químicos em situação de rua. As datas e os locais serão definidos posteriormente na Alesc. Também tramita no legislativo estadual um Projeto de Lei que trata de internação involuntária, voluntária e compulsória. O deputado Lucas foi o relator do projeto na Comissão de Finanças há duas semanas e conseguiu aprová-lo, faltando apenas mais uma comissão antes da proposta ir a plenário.
“É obrigação progredir no debate dessa questão, buscar soluções a curto, médio e longo prazo. O que não dá mais é para conviver com essa insegurança nas cidades do estado”, finalizou o representante serrano.
A Secretária da Assistência Social de Lages, Cláudia Baccin, também anunciou medidas enérgicas para enfrentar o aumento preocupante do número de pessoas em situação de rua na cidade.
“Já estamos realizando abordagens, busca ativa e mantendo diálogos constantes com os usuários dos nossos serviços”, declarou Baccin. “Ontem, estive pessoalmente no centro de acolhimento e tive uma conversa franca e direta com os acolhidos sobre os acontecimentos recentes.”
Segundo um relatório do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), em Santa Catarina, há pelo menos um sem-teto para cada mil habitantes, totalizando 9.065 pessoas nessas condições. Esses dados evidenciam que o número de moradores de rua é maior do que a população de 155 municípios do estado.
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