“Senadores não são investigadores”, diz Mourão sobre CPI da Covid
Para Mourão, o caráter político das investigações coloca em xeque a validade das conclusões finais a que chegarão os senadores
• Atualizado
O vice-presidente Hamilton Mourão voltou a minimizar a gravidade das apurações realizadas pela CPI da Covid, que investiga omissão do governo federal na condução de medidas de combate à pandemia do novo coronavírus. Os trabalhos da comissão são “primordialmente políticos”, na visão do vice-presidente. “A Comissão Parlamentar de Inquérito é primordialmente política, até porque os senadores que estão ali não são investigadores, pessoas acostumadas a conduzir inquéritos”, avaliou o vice nesta sexta-feira, 2.
Para ele, o caráter político das investigações coloca em xeque a validade das conclusões finais a que chegarão os senadores. “A partir do momento que tem muita coisa política, as decisões que chegam ao final da CPI podem ser mais incisivas ou não”, disse. Ele também ironizou a sessão de ontem, quando houve pedidos de prisão do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, apontado por reportagem da Folha de S.Paulo como autor de denúncia de que o governo teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina para fechar contrato com empresa. “Tem uma turma ali que nunca prendeu ninguém e está doida para prender. É só isso. Qualquer coisa (na CPI) é ‘vou mandar prender’”, disse o vice.
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Proposta de propina era de 1 dólar por dose, confirma Dominguetti na CPI da Covid
O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira confirmou nesta quinta-feira (1º), em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que recebeu um pedido de propina de US$ 1 dólar por dose para vender vacinas ao Ministério da Saúde. Ele se apresentou como representante da Davati Medical Supply e disse que esteve três vezes no ministério em nome da companhia. O preço inicial das doses era de US$ 3,50, declarou.
No depoimento, Dominguetti declarou ter recebido o pedido de propina no dia 25 de janeiro por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística em Saúde do ministério. Dias foi exonerado nesta quarta-feira (30), do cargo após ser acusado de pedir propina na negociação. “Ele sempre pôs o entrave no sentido que, se não majorasse a vacina, não teria aquisição do Ministério da Saúde. Ele disse que a pasta dele tinha orçamento que poderia comprar a vacina.”
Durante o depoimento, ele declarou que teve aval do representante oficial da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, para representar a empresa na negociação com o Ministério da Saúde. Como policial militar, declarou que atuou na função para ter uma complementação de renda. A versão confirma a nota da empresa enviada ao Estadão/Broadcast na manhã de hoje. A Davati afirmou que Dominguetti intermediou a relação da companhia com o governo federal na posição de “vendedor autônomo”.
Na CPI, ele ressaltou que não poderia interferir no preço da oferta diante da oferta de propina. “Não tem como eu chegar e aceitar qualquer coisa, embora seja imoral também, porque eu teria que tirar do meu bolso para pagar”, disse. A primeira ponte de negociação foi feita por meio de Marcelo Blanco, ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que teria apresentado o representante a Roberto Ferreira Dias, de acordo com o depoimento.
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