PL não quer que filiados peçam votos para candidatos de outros partidos
Presidente do partido está de olho em "traidores" que também usam a imagem de Jair Bolsonaro
• Atualizado
A regra já é clara na legislação eleitoral e deve afetar várias campanhas em Santa Catarina: não há como usar a imagem de Jair Bolsonaro (PL) para pedir votos a candidatos de outras siglas nas cidades em que o Partido Liberal tiver candidato a prefeito. Mas se esta proibição pode ser sutilmente ignorada, o presidente nacional da sigla, o ex-deputado Valdemar Costa Neto, já disparou um aviso para membros da legenda bolsonarista que ocupam cargos públicos, o de que o PL monitora manifestações de seus quadros nas redes sociais e ressaltou que “traições” não serão toleradas, ou seja, nada de pedir votos para candidatos de outros partidos.
A manifestação de Valdemar deve-se ao oportunismo de muitos pré-candidatos que tentam ligar a imagem ao bolsonarismo, principalmente ao ex-presidente, um tremendo “capitão eleitoral” em terras catarinenses por exemplo. De acordo com Valdemar, quem fizer campanha – clara ou velada – para membros de outros partidos, em localidades nas quais o PL tenha candidato, ficará sujeito a processo ético-disciplinar.
No caso concreto, esta manobra de esperteza política afetaria, entre outros, movimentos em São José, na Grande Florianópolis, quarto maior colégio eleitoral do Estado, onde o pré-candidato à reeleição, o prefeito Orvino Coelho de Ávila (PL), já apareceu inclusive com fuzis na mão, dos 14 comprados para a Guarda Municipal, fez questão de dizer que era aliado de Bolsonaro e recebeu uma enxurrada de elogios de bolsonaristas, embora a sigla tenha pré-candidata, a ex-prefeita Adeliana Dal Pont. “Diversas mensagens de apoio estão sendo gravadas em prol de candidatos de outras agremiações partidárias, o que pode prejudicar candidatos do PL. Conforme prevê o nosso estatuto, ficará sujeito a instauração de procedimento ético disciplinar quem apoiar clara ou veladamente, candidato de outro partido em eleição na qual o PL tenha candidato”, diz um trecho da circular assinada por Costa Neto.
Todos os presidentes de diretórios estaduais do partido de Bolsonaro receberam o documento e foram incumbidos da responsabilidade de compartilhá-lo. O PL quer eleger ao menos 1 mil prefeitos em todos os 5.570 municípios brasileiros, enquanto, em Santa Catarina, o presidente estadual da sigla, o governador Jorginho Mello, persegue a marca de 100 prefeituras, entre as 295.
Bolsonaro decidirá pendengas paroquiais
A manifestação do presidente nacional do PL, que não pode sequer se encontrar com Bolsonaro ou manter contato via telefone ou mensagens de WhatsApp com Jair Bolsonaro, por ordem do Supremo Tribunal Federal em função do processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, deve-se ao fato de que, em algumas cidades, há resistências de alas dos diretórios locais em aceitar as escolhas do partido.
Já está decretado internamente, que a palavra final sobre cada um dos nomes pinçados caberá a Bolsonaro, que tem se engajado nas campanhas locais e viajado pelo Brasil, em eventos aos quais comparece acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Nas ocasiões, Bolsonaro pede votos para seus correligionários, mas depois de ter alta de um hospital em São Paulo, onde ficou quase duas semanas internado para tratar de uma crise de erisipela, acompanhada de fortes dores abdominais, o ex-presidente, ainda não tem previsão de voltar a participar desses eventos, como o especulado retorno a Santa Catarina, ainda em junho.
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