Novo presidente do Paraguai quer discutir revisão de acordo de Itaipu com o Brasil
Santiago Peña foi eleito neste domingo (30/4). A eleição no país vizinho tem uma especial importância para o Brasil em razão da revisão do Tratado da Usina de Itaipu, que ocorre neste ano
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Santiago Peña, do Partido Colorado, foi eleito neste domingo (30/4), com 43,5% dos votos o novo presidente do Paraguai ao derrotar, Efraín Alegre, do Partido Liberal, que teve 27,6%. A eleição no Paraguai tem uma especial importância para o Brasil em razão da revisão neste ano do Tratado da Usina de Itaipu.
Peña, um economista de 44 anos, foi a aposta do Partido Colorado – há sete décadas no poder – contra Alegre, um advogado de 60 anos, que reuniu uma coalizão com partidos de centro e de esquerda para chegar à presidência depois de ter sido derrotado em 2013 e em 2018.
Pouco antes de reconhecer a derrota, Alegre se reuniu com seu principal aliado da coalizão opositora, o ex-presidente Fernando Lugo. Resultados preliminares indicavam no domingo que os colorados devem ampliar sua bancada no Senado e na Câmara.
Itaipu
O novo presidente do Paraguai será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.
Assinado em 1973, o acordo já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.
De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, ainda durante a campanha, Peña disse estar otimista sobre o papel da usina para os próximos 50 anos. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.
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Taiwan
Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.
O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China.
A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte. Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do país enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado.
A polícia paraguaia reportou no domingo seis prisões em ocorrências relacionadas às eleições, duas delas em um caso de lesão corporal.
Influência
O Partido Colorado governou o Paraguai durante a maior parte das últimas sete décadas, sob a ditadura e sob a democracia. A exceção foi o período do esquerdista Fernando Lugo no poder, entre 2008 e 2012. O ex-bispo, porém, sofreu um impeachment.
Apesar do amplo domínio sobre a política paraguaia, o Partido Colorado está dividido em facções. Peña, um aliado do ex-presidente Horacio Cartes, representa o Honor Colorado, ala majoritária da legenda.
Sua campanha, no entanto, sofreu um abalo no começo deste ano quando o governo americano impôs sanções a Cartes, por supostos vínculos com a milícia xiita libanesa Hezbollah, suspeita de ter vínculo com comunidades de imigrantes na tríplice fronteira. Cartes é suspeito também de falsificação de cigarros. Ele tem diversos negócios no país.
Peña perdeu capacidade de financiamento e viu nas últimas pesquisas um crescimento de Alegre, que chegou a estar empatado tecnicamente com ele. A eleição presidencial paraguaia ocorre em turno único e é vencida por maioria simples para um período de cinco anos, sem possibilidade de reeleição imediata.
Resultado
O terceiro colocado na disputa foi Paraguayo Cubas, de 61 anos, um ex-senador de extrema direita que ganhou votos na reta final com um discurso populista e anticorrupção. Ele já havia atraído as manchetes por chicotear um juiz com o cinto.
Cubas fez sua campanha nas redes sociais, classificando o Congresso como uma caverna de bandidos e sugerindo que governaria como um ditador.
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