Moro erra o nome do Enem ao criticar que prova é “mal redigida”
Senador disse que prova abusou da doutrinação ideológica, escreveu a sigla como "ENEN" e foi criticado nas redes
• Atualizado
O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) usou as redes sociais para criticar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2023). Segundo o ex-ministro da Justiça, a prova “abusa da doutrinação ideológica, é confusa e mal redigida”. No entanto, Moro errou a grafia do exame em seu post no X (antigo Twitter), escrevendo “ENEN”, com N.
Logo após a publicação, vários internautas criticaram a mensagem do senador. “Nem acertar o nome do exame vc consegue”, escreveu um internauta. “Eu tenho pena do estudante brasileiro que te segue e vê um magistrado escrever ENEN e querer pagar de inteligente”, completou outro. “EneM meu querido, arruma que dá tempo, realmente vc não seria capaz de realizar essa prova”, disse uma internauta.
Outros saíram em defesa de Moro, apesar do erro de digitação. “ENEM* Dr. A obscuriedade em questões já é algo tradicional, uma vez que utilizam a justificativa de que é para “avaliar” a interpretação de texto… Esse método de avaliação é todo errado, a obscuriedade e a doutrinação ideológica é o menor dos problemas…”, escreveu um internauta. “Concordo, eu fiz a prova e várias questões falando de forma crítica da linguagem”, disse outro.
“Que tal no lugar de ter pena trabalhar por eles? Entrar com liminar, anular as questões, interpelar o governo, criar um mecanismo que impeça isso… Teclar no twitter não vai resolver o problema!”, destacou mais um usuário.
Moro republica post após erro
Vinte minutos após a publicação do post com o erro de grafia, Moro republicou o post escrevendo Enem da maneira correta.
Bancada do Agro reclama da prova
A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada domingo (5), gerou insatisfação de representantes do agronegócio ao tratar de maneira crítica a “lógica do setor”. A pergunta de número 89 do caderno com capa branca trouxe a seguinte sentença:
“No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio. De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada. Além disso, há outros fatores negativos, como a mecanização pesada, a ‘pragatização’ dos seres humanos e não’ humanos, a violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa.” A resposta correta, segundo gabaritos extraoficiais, seria que há um “cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção das condições para a vida”.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, cobrou um posicionamento do governo. “Inaceitável. O que vimos na prova do ENEM neste domingo é gravíssimo. Aguardo manifestação urgente do governo federal, em especial do ministro da Educação, Camilo Santana, sobre a falta de honestidade intelectual e ativismo ideológico. Fazer isso em uma avaliação que é porta de entrada das universidades brasileiras? Não aceitaremos este desserviço ao Brasil, às escolas e aos alunos deste país”, publicou Lupion nas redes sociais.
Em entrevista ao SBT Agro, o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, Tião Medeiros (PP-PR), também criticou a prova e afirmou que vai cobrar uma resposta do Ministério da Educação (MEC). “Enquanto nós batalhamos diariamente para construir uma imagem positiva do agronegócio, como pilar da economia brasileira, formador de mão de obra, gerador de riqueza, renda e desenvolvimento, vem o ENEM e comete um grave desserviço. Como parlamentar, tomarei as medidas judiciais cabíveis. Encaminharei um requerimento de informação ao Ministério da Educação, exigindo explicações sobre os critérios usados pelo ministério que permitiram que estas questões fossem levadas aos candidatos”, antecipou.
Fora da esfera política, outros representantes do agro reprovaram a postura do MEC. Para o doutor em educação e escritor José Luiz Tejon, a questão é ultrapassada. “Uma visão dos anos 50, na melhor das hipóteses anos 60. Não tem nenhuma validade econômica, social ou de luta humana contra a desigualdade. As cooperativas representam exatamente a solução para responder pela prosperidade humana libertadora. Essa questão está fora de época! Não merece resposta. Deseducadora e rouba o foco do que nos educa para o futuro”, disse em entrevista ao SBT Agro.
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